Em Caná da Galileia...


Dois testemunhos e uma surpresa

Domingo foi um dia muito cheio: depois da missa e da catequese, almoçámos à pressa e partimos para Vila Chã de Sá, perto de Viseu, onde iríamos dar o nosso testemunho familiar num retiro quaresmal de duas paróquias do senhor padre Marcelino.

Durante a viagem, conversei com o David:

“David, outro dia, no concurso de leitura, fiquei muito orgulhosa de ti!”

“Obrigado”, respondeu-me, com a sua simplicidade natural.

“Achei que estavas muito bem em palco, muito seguro, e que falaste com muito à-vontade sobre o livro que leste. Não ganhaste o concurso, mas ganhaste uma autoconfiança que não te conhecia!”

“Obrigado”, disse de novo.

“Então fiquei a pensar e… Acho que estás preparado para participar no nosso testemunho familiar, como o Francisco e a Clarinha fazem. Que dizes?”

“E falo sobre o quê?”

“Sobre a importância da Palavra de Deus na nossa casa.”

O David pensou um momento. Depois respondeu:

“OK. Queres que comece já hoje?”

“Quero. Estás pronto?”

E foi assim que, na tarde de domingo, aos onze anos, o David se estreou a testemunhar.

“Na nossa casa lemos a Palavra de Deus todos os dias. A mãe lê a Primeira Leitura da missa do dia, há sempre discussões a ver quem lê o salmo porque todos querem, a mãe lê o Evangelho e depois conta as histórias por palavras suas aos manos. Eu gosto muito destas histórias. Gosto muito das histórias do Rei David, e também de tantas histórias de conquistas, cavaleiros, príncipes e princesas, que a Bíblia tem histórias para todos os gostos. E, claro, do Evangelho. Ouvir contar os milagres de Jesus e as parábolas… Depois é preciso pôr em prática!”

O nosso testemunho foi sendo intercalado com a oração do Terço, um mistério de cada vez, conduzido por algum dos nossos filhos. Quando chegámos ao quarto mistério, a Raquel, a menina que vive connosco de momento, ofereceu-se para o conduzir. E confiante, subiu ao estrado para o fazer. Também ela deu o seu testemunho, porque rezar a Nossa Senhora com as palavras do Terço é em si mesmo um testemunho eloquente.

A tarde terminou com uma surpresa: o senhor padre Marcelino chamou algumas famílias para um encontro mais pequeno connosco e disse-nos que estas famílias se reuniam todos os meses, a seu convite e sob a sua orientação, para meditar no nosso Ensinamento Mensal. Fiquei sem palavras. Eu que quase todos os meses me pergunto se valerá de alguma coisa escrever o ensinamento, pois raramente tenho feedback do seu impacto… Afinal, há famílias a reunir para meditar nele e o pôr em prática. E segundo disseram, tem sido uma ajuda valiosa no seu caminho.

Quando os sacerdotes escutam o nosso testemunho e agarram o Movimento para, com ele, transformar as suas paróquias, que maravilha! Sem pastor, as ovelhas dispersam. Quantas Famílias de Caná poderiam já existir pelo país fora se os seus pastores as orientassem na vivência da nossa espiritualidade, do nosso carisma e da nossa missão! Rezemos pelos sacerdotes. Rezemos, porque sem sacerdotes não há Bodas de Caná.

“Que podem eles fazer para aderir ao Movimento?” Perguntou-nos então o padre Marcelino, perante os olhares inquiridores das famílias. Sorrimos: já fazem o mais importante, que é procurar viver esta espiritualidade em suas casas e partilhá-las na sua paróquia… Agora é só preciso que cada uma destas famílias estude o texto do compromisso, que vem aqui no site, e procure acertar ainda melhor o passo com ele. Depois, por que não vir assumir o compromisso publicamente, no próximo dia 28 de abril, na presença do nosso bispo (segundo marcação em Eventos)? Duas ou três famílias comprometidas, e teremos uma verdadeira Aldeia de Caná. Ah, como o mundo e a Igreja precisam delas!

Regressámos a casa de coração cheio. E nem a chuva, nem o vento, nem a trovoada da viagem de regresso apagou o nosso sentimento de alegria…

5 Comments

  1. Que alegria Teresa! Que bela surpresa! Sim, o ensinamento mensal que escreves tem inspirado muitas famílias e é fonte de conversão. Também eu tenho pedido a colaboração do Gabriel no testemunho da catequese. Isto já é ser missionário, no meio dos colegas. Com pequenos passos de cada vez, o nosso passo vai ao encontro do passo do Senhor! Um grande abraço

  2. Catarina Silva

    Eu sei que tenho uma família “pouco convencional” na vivência da fé. Sei que sou insignificante e que por isso conto pouco para a avaliação do impacto do ensinamento mensal… mas mesmo sabendo tudo isso (e sabendo que provavelmente o meu agradecimento não serve de grande coisa), tenho-lhe agradecido muitas vezes os textos que escreve. Porque tenho a certeza que lhe “roubam” muito tempo (e energia) à tarefa de mãe e a tudo o que implica a gestão de uma família grande. Os ensinamentos e todos os textos que escreve são autenticas lições de catequese, tal como a catequese deveria realmente ser. Ou seja, a catequese deveria ser vivida e praticada no nosso dia a dia, nas coisas simples e básicas da nossa existência e não deveria ser só mais uma matéria a aprender, tal como se aprende história ou geografia.
    Assim, mesmo sabendo e compreendendo que o meu feedback é insignificante, agradeço-lhe todos os textos que escreve, bem como o tempo precioso que despende e a sua persistência em tentar levar a palavra de Deus a todos. Para mim têm feito toda a diferença e graças também a si Teresa, eu encontrei o caminho. Obrigada!

  3. Teresa, quando li que te interrogavas se valeria a pena escrever o ensinamento mensal, porque raramente recebias feedback, senti-me culpada, porque, na verdade, não tenho dado feedback porque não tenho lido (os últimos). E a razão para não os ler é tão fraquita que nem chega a ser razão! É que ter de ir à barra lateral dá “muito trabalho”! Oh, que vergonha em dizer isto… mas é mesmo verdade. Deixa cá ver onde está um buraco para eu me esconder…
    Posto isto, assim que li este post, fui ler o ensinamento deste mês e, claro, gostei do que li. Gostei, e fui interpelada. Deu pano para mangas, isto é, para refletir!

  4. Parabéns, David!

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