Em Caná da Galileia...


Holywins

Sim, a santidade venceu, também este ano!

A família Power tem, como o nome indica, raízes irlandesas. Assim, na véspera de Todos os Santos, nós não dispensamos os jogos tradicionais à volta da fogueira – que este ano foi a sério, no meio do jardim! As crianças não cabiam em si de felicidade. Assámos e comemos salsichas ali mesmo, brincámos ao jogo da maçã pendurada na árvore, jogámos às escondidas no jardim iluminado por milhares de estrelas cintilantes, numa noite amena e doce como ultimamente o outono nos tem oferecido. Na garagem, jogámos alguns dos jogos que encontram aqui no site no menu Recursos.

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O Jogo das Cores, cá em casa, é um dos favoritos, e não há noite de festa em que não o joguemos.

“Azul, amarelo, vermelho…” Os meninos tentavam, em vão, adivinhar a cor que a Lúcia escolhera. A dado momento, ela resolveu dar uma pista:

“É a cor do cabelo da mamã!”

“Cinzento!” Foi o coro de vozes que imediatamente se fez ouvir. Demos todos uma gargalhada: estou definitiva e indiscutivelmente cinzenta na cabeça!

Depois de um serão de intensa brincadeira, sentámo-nos em volta da fogueira para cantar e tocar guitarra. “Uma estrela cadente!” Alguém gritou. Começava a arrefecer, e encostámo-nos uns aos outros para não deixar fugir o calor da noite. Eram horas de rezar. Horas de agradecer, de suplicar, de meditar na Palavra, de passar as contas do terço entre os dedos ao som cantante da Avé-Maria… A Sara deitou a cabecinha cansada no meu colo e ficou a olhar as estrelas e a escutar o crepitar da fogueira, até adormecer.

O dia 1 amanheceu com a Eucaristia, toda ela solene e festiva. Afinal, celebrávamos a santidade de Deus, o Deus único, o Deus bom, o Deus de Jesus, que Se manifesta na originalidade de cada santo. Deus é a Luz, diz-nos S. João (Jo 1, 9). Os santos são os vitrais coloridos, diferentes uns dos outros, que deixam passar esta Luz para a todos iluminar, e lhe conferem uma tonalidade única, especial, ora doce, ora intensa, ora suave…

Vitrais do Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, Mogofores

Vitrais do Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, Mogofores

Celebrar todos os santos que já vivem no céu é também contemplar o vitral que cada um de nós é chamado a ser. Como está ele? Muito sujo? Muito baço? O nosso pároco acolheu-nos na igreja com um sonoro: “Parabéns!” Ficámos surpreendidos. Mas durante a homilia, ele explicou: “Parabéns a cada um de nós, pois todos somos santos em potência. Todos somos chamados à santidade, a deixar passar a Luz…”

Durante a tarde, continuámos a nossa festa caseira. Hora de teatro! A Clarinha ensaiou os irmãos com imenso cuidado e caracterizou-os a preceito – bem, à moda dos Power, claro… Não se riam dos nossos trajes!

No jardim, o Niall e eu fomos os convidados de honra. O Francisco assumiu a sua função de fotógrafo e a peça começou.

Fátima, 2016. Junto ao poço da Lúcia, o Anjo de Portugal visita os três pastorinhos, que prostrados, adoram a Santíssima Trindade. Noutra ocasião, dá-lhes a comungar o Corpo de Sangue de Jesus…

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Alguns meses depois, Nossa Senhora aparece-lhes sobre uma carrasqueira (ou um pequeno escadote, no nosso caso):

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Entretanto, os pastorinhos vão passando os dias entre brincadeiras e orações, e de vez em quando, dão a sua merenda aos pobrezinhos – adivinhem a quem calhou a sorte de ser pobrezinho? Claro, a nós os dois!

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O teatro termina no meio de um imenso entusiasmo. Para celebrar, há pipocas e apple crumble. Ena, tanta festa!

Cai a noite. São horas de rezar.

“Obrigada, Jesus, pelo dia de todos os santos! Obrigada por todos os santos!”

“Obrigado, Jesus, porque o teatro foi lindo, e a fogueira ontem à noite ainda mais!”

“E pelas estrelas! A estrela cadente!”

“As estrelas, sim! Tantas! A brilhar no escuro…”

No início da Bíblia, Deus falou assim a Abraão:

Levanta os olhos para o céu e conta as estrelas, se fores capaz de as contar. Pois bem, assim será a tua descendência. (Gn 15, 5)

No final da Bíblia, a promessa está cumprida:

Apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão… (Ap 7, 9)

O nosso dia chega ao fim. Já todos dormem, mas eu ainda tenho uma roupa para estender no jardim. Enquanto contemplo as estrelas na noite serena, vem-me à lembrança que os pastorinhos costumavam chamar às estrelas as candeias dos anjos… Não serão elas também as candeias dos santos?

Ah, se um dia cada um de nós for uma candeia assim…

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3 Comments

  1. Pilar Pereira

    Lindo e inspirador!

  2. Muito comovente este outro olhar, e acima de tudo este outro viver da santidade!
    Um beijinho muito grande… que o Espírito Santo continue a encontrar em vós essa disponibilidade imensa para atender à Sua inspiração!

  3. Fantástico!
    Vocês são uma família fora de série!

    beijinhos

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