Em Caná da Galileia...


O II Acampamento de Caná foi assim…

Sexta-feira de madrugada, pelas seis da manhã, o António, de oito anos, abriu a porta do nosso quarto e chegou junto de nós: “Mãe, já posso ir de bicicleta para a quinta do Canto de Caná? Queria ir preparando as minhas coisas para o Acampamento.” De facto, a excitação era tão grande, que não sei como é que ele e os irmãos conseguiram sequer dormir durante a noite.

Segundo nos contaram as outras famílias, não foi só na nossa casa esta animação. Há semanas que as crianças de Caná andavam a planear o grande evento do ano, com tanto ou mais entusiasmo que os seus pais.

Não é esta uma das mais fortes características das Famílias de Caná? Este viver da fé em grandes Tempos de Deus e Tempos de Família, dando aos mais novos o mesmo protagonismo dos mais velhos? Um Movimento que movimenta pais e filhos, incluindo bebés de colo, com igual ardor?

É difícil escrever sobre o que se viveu nestes dois dias. Éramos doze famílias, somando mais de meia centena de pessoas. Podemos descrever as atividades, mas não conseguiremos traduzir em palavras o espírito de entre-ajuda, a partilha, as gargalhadas, as conversas serenas sob a figueira, as canções  alegres no Canto de Caná, a excitação ao rubro quando famílias inteiras disputavam jogos divertidos, ou a oração intensa dos momentos de interioridade.

No Acampamento de Caná, há muito Tempo de Deus, que todos, pequenos e grandes, vivem intensamente. O Terço é rezado diariamente, conduzido um bocadinho por cada um, e é comovente ver uma criança de quatro anos a conduzir um Mistério sem se enganar nas orações…

Tivemos Eucaristia na sexta-feira, ao chegar, no sábado de manhã, e no domingo, com toda a comunidade paroquial. Que alegria, uma igreja cheia de crianças, louvando o Senhor com a sua atenção repartida, o seu riso e o seu choro, o seu sono e as suas brincadeiras! Tivemos Adoração Eucarística e, durante a hora e meia em que durou, no confessionário o nosso pároco Joaquim Taveira não teve um momento de descanso, confessando pequenos e grandes, sedentos das graças do sacramento. Claro que, à medida que iam terminando a sua oração, os pequenos iam saindo do Santuário, deixando os pais a adorar o Senhor com a certeza de que os filhos se encontravam bem e felizes, entre os seus amigos, no pátio do colégio.

No Acampamento tivemos também muito Tempo de Família, partilhado nesta família alargada que formámos. Logo no início do Acampamento, o jogo do amigo secreto, adaptado a “família secreta”, foi o motor para nos fazer a todos centrar no outro, e não em nós mesmos, na família do outro, e não apenas na nossa. E não foram só os adultos que se empenharam em servir a sua “família secreta”! Os pequenos estavam excitadíssimos com o jogo e levaram-no bem a sério.

Claro que a entre-ajuda se estendeu muito para lá da “família secreta”, desde o montar de tendas, em que os jovens foram incansáveis…

…até à ajuda para descer das escadas do Canto de Caná, em que pequeninos de dois anos se davam as mãos carinhosamente.

Se alguma criança não sabia andar de patins antes do Acampamento, com a ajuda da Lúcia saiu de lá a saber!

Durante a manhã de sábado, os jovens refletiram sobre a santidade, a partir da Carta do Papa, com a ajuda do Tiago Atalaia. Enquanto isso, os outros elementos das famílias distribuíram-se por três workshops fantásticos:

A Família Almeida preparou uma apresentação sobre a vida de crianças e jovens Veneráveis, que muito nos desafiou. Foi belo ver uma partilha sobre santidade feita simultaneamente pelos pais e pelos quatro filhos pequeninos, com o seu testemunho de vida já tão interiorizado, traduzido em palavras e em desenhos.

A Helena Atalaia falou-nos da Oração dos Cinco Dedos do Papa Francisco, adaptando-a à oração do Terço. Fizemos belas pinturas e decorámos o Canto de Caná com as nossas orações. Em Recursos encontram mais pormenores sobre esta atividade, tão interessante para fazer nas nossas casas e nas nossas catequeses.

A Família Santos preparou um Caminho da Cruz absolutamente espantoso, que a todos surpreendeu pela profundidade da reflexão que fez surgir em família. Espreitem o post dedicado a este workshop, também em Recursos, e levem para as vossas paróquias, grupos de jovens, preparações de crisma, porque vale muito, muito a pena!

Durante a tarde, foi hora de jogar. Que animação! Em Recursos- Jogos podem encontrar os vários jogos que o Niall e o João Teles prepararam, e que a todos fizeram vibrar de entusiasmo. Espreitem aqui, aqui e aqui. O tempo de jogos é um momento central nos nossos encontros. Vale a pena contemplar a alegria de uma criança, que vê os seus pais brincar como gente pequena, imitando cachorrinhos, correndo estafetas, escondendo rebuçados. Quando um pai ou uma mãe sabe ser criança, qualquer criança se sente capaz de crescer para ser um dia adulta como eles.

E que dizer do famoso “churrasco de Caná”, na noite de sábado? Que momento magnífico de partilha, à volta de mesas fartas!

A noite de sábado trouxe-nos ainda o tão esperado Serão Bíblico. No Canto de Caná, assistimos a verdadeiras obras de arte familiares, com peças de teatro, jogos de “perguntas católicas” que todos disputámos competitivamente, histórias dançadas, desenhadas, cantadas. Os mais pequeninos iam adormecendo ao colo, os mais velhos não continham gargalhadas. A noite ia avançada quando, por fim, chegou a hora de dormir.

Dormir? Bem, a primeira noite foi relativamente calma, mas na segunda, os pais tinham dificuldade em saber que filhos iam dormir aonde, pois os mais pequeninos tinham os seus planos para várias trocas de tendas. Lá conseguimos contá-los a todos, para que nenhum se perdesse 🙂

No final do Acampamento, enquanto os adultos e os jovens desmontavam tendas e limpavam o terreno, os pequeninos recuperavam o sono perdido…

Semanas antes do Acampamento, o nosso António meteu na cabeça que iria organizar um “fogo de campo” para pequeninos. Cada vez que íamos à quinta passar um bocado da tarde, ele acrescentava agulhas de pinheiro, pedaços de madeira e outras coisas estranhas à sua “fogueira”, que iria acender no grande dia, num cantinho por ele escolhido, à sombra da figueira. Nós íamos dizendo que sim, um pouco distraidamente, e lá o deixávamos nas suas brincadeiras. Mas o António falava a sério. E quando o grande dia chegou, o António chamou os amiguinhos de Caná para, juntos, acenderem a “fogueira dos pequeninos”. Com a nossa supervisão descontraída, os meninos fizeram todo o trabalho. A excitação era completa. Que cena maravilhosa! À volta da fogueira, as crianças de Caná passaram horas, entretidas a manter a chama acesa.

“Vês como tinha razão, mãe?” Disse-me o António, no final do Acampamento. “Eu também sei o que é que os pequenos gostam!” Concordámos, claro. O António tinha acertado em cheio! Nas Famílias de Caná, há decisões importantes que só as crianças sabem tomar.

Mantenhamos também nós a chama acesa. E à volta da fogueira do Espírito, reunamos a família, para belos Tempos de Deus e Tempos de Família…

10 Comments

  1. Sónia Santos

    Por cá estamos como na casa de Tobit, a festa continua, animados pela luz de tantos gestos, tantas graças e coisas engraçadas!

  2. Helena Atalaia

    Esperamos alegremente o próximo encontro! Seja retiro ou acampamento!! Como ouvi tão certeiramente nas partilhas durante o acampamento: quando Jesus é o centro; a fraternidade, a generosidade e a partilha são tão espontâneos e sentimo-nos verdadeiramente em família. Foi assim, um momento de família alargada que aquece os nossos corações e, trazemos para o nosso lar essa chama renovada. Obrigada a todos os que participaram. Foi um fim de semana maravilhoso: de oração, brincadeira, alegria e amizade. Obrigada Família Power pela organização e trabalho, pela alegria e empenho em todos os momentos! Para o ano, que mais famílias se deixem contagiar pela beleza de partilhar a nossa fé em família. Vale tanto a pena!!

  3. Célia Oliveira

    Obrigada a todas as famílias que organizaram e dinamizaram!!
    De facto, beber das bilhas de Caná enche-nos por um lado….. Mas por outro dá-nos sede de querer mais….

  4. Isabel Guimarães

    Querida Teresa, apesar da sua magnífica capacidade de escrita, é realmente difícil descrever o que se passou nestes dias.
    “É tão bom estar aqui”…Foi tão bom estar ali…
    Porque tirámos as malas do carro, montámos as tendas…em família e com a ajuda de outras famílias… porque tivémos Eucarístia diária, Terço diário e Adoração Eucarística…em família e com outras famílias… porque martelámos, pintámos, falámos sobre Santos e sobre sermos Santos, aprendemos, jogámos, corremos, aquecemo-nos na fogueira, ajudámo-nos, rimo-nos, fomos TODOS crianças…em família e com outras famílias…
    De tal forma que no final penso que éramos mesmo todos UMA SÓ família…
    Tal só foi possível graças à fantástica organização pela Família Power, graças à atenção nas “pequenas coisas” que as famílias davam umas às outras e sobretudo, graças a Deus, porque só Ele tem esta capacidade de unir assim as pessoas…e as famílias…
    Bem-hajam, Famílias de Caná!

  5. Isabel Guimarães

    Um obrigada muito especial também para as famílias que prepararam os fantásticos workshops de Sábado de manhã. Todos eles nos fizeram crescer…em família, pois claro!

  6. Foi um acampamento maravilhoso! Cá em casa a alegria e as graças foram abundantes e continuam a aquecer os nossos corações. As fotos ficaram muito bonitas. Obrigada a todas as famílias que participaram! Juntos experimentámos a verdade do Evangelho. Que alegria!

  7. Gabriel Almeida

    Gostei muito do acampamento, de brincar com os meus amigos, de andar de bicicleta e de jogar matraquilhos. Também gostei muito da fogueira guardada pelo António. Foi o melhor acampamento do mundo!

  8. Gostei muito do acampamento.Foi fantástico.Mal posso esperar pelo próximo!!!

  9. Gaspar Santos

    Gostei muito do acampamento .Foi muito divertido ,andámos de bicicleta, jogámos matraquilhos, jogámos às escondidas de dia e de noite, andámos de skate e patins. Também gostei muito da fogueira
    que o António preparou. Os jogos que o Niall e o João prepararam foram muito giros.
    Também gostei muito de rezar o terço e ir à missa com os meus amigos todos os dias.
    Foi mesmo o melhor acampamento do mundo!!!

  10. Foi um momento de família cristã alargada, onde se sentiu mais uma vez a união, o companheirismo. Uma experiência que nos refresca e revitaliza, que nos ajuda nos restantes dias em que se espera pelo reencontro. Que venha o retiro, o próximo acampamento ou apenas motivos para estarmos juntos em família. Para quem está hesitante, venha e experimente porque só sentindo na pele se consegue perceber o que as palavras têm dificuldade em expressar. Sejam bem vindos. Bem haja a todas as Famílias de Caná.

Responder a Rute Almeida Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *