Na Suíça, fomos acolhidos em duas casas. Uma, o apartamento do senhor padre Walfrido, um simpático missionário brasileiro responsável pela missão portuguesa em Zurique. A outra, o apartamento do Liberto e da Beta, pais da Fátima, do João e do Francisco (que irá nascer em maio) e que, conhecendo-nos através de uma entrevista na Angelus TV, de imediato nos desafiaram a ir ter com eles à Suíça.
Mas se em tamanho estas casas eram pequenas, em acolhimento eram bem espaçosas! Durante três dias, não faltou comida abundante sobre a mesa, quais Bodas de Caná, chocolates suíços à discrição, passeios à neve, passeios à cidade, oração entre famílias. Deixo para outro post alguns belíssimos pormenores destas aventuras.
A eles, juntaram-se desde o início a Natércia e o Martinho, com as suas gargalhadas divertidas, a sua conversa profunda, a sua atenção ao detalhe durante todo o retiro. E os pais do Martinho, o António e a Glória, tão sinceros na sua amizade.
Em menos de cinco minutos – literalmente – de chegarmos à Suíça, o gelo estava quebrado e já todos conversávamos como velhos amigos. O senhor padre tinha uma anedota divertida para cada ocasião que a todos fazia rebentar a rir. Para nos transportar aos dez, foram precisos três carros, ou seja, três famílias disponíveis, que não hesitaram em tirar um dia de férias para nos servir.
“Eu sou o António, tenho sete anos e amanhã faço oito”, disse o António no sábado, quando chegou a sua vez de se apresentar ao microfone. Ele queria ter a certeza de que ninguém se iria esquecer do seu aniversário! E não esqueceu: a Beta, que trabalha numa pastelaria em Zurique, há muito que andava a planear o seu bolo de anos. Quando chegou o dia, depois de um belíssimo almoço partilhado, um enorme e divertido bolo entrou na sala ao som dos Parabéns a você. O António, atrapalhado, nem cabia em si de felicidade!
Como temos feito um pouco por todo o país, também na Suíça nos deixámos acolher. “Acolher e ser acolhido, eis um dos mais belos carismas das Famílias de Caná”, dizia-me o Niall, no voo de regresso. Abrir a porta ao que vem de fora – não uma frestinha, mas escancarando-a – só é possível quando se ama. E amar não é dar um bocadinho, é dar tudo, sem nada reservar para si.
As Famílias de Caná, dizemos em todos os nossos encontros, não têm reuniões obrigatórias para além da reunião diária familiar em suas próprias casas e da reunião semanal com todos os irmãos na missa dominical. No entanto, as Famílias de Caná têm imenso prazer em estar juntas. E quanto menos obrigatórias são as suas reuniões, mais elas procuram desculpas para se encontrar. É ou não é verdade? Estava eu na Suíça quando recebi um sms de uma Família de Caná, partilhando a alegria de ir passar o fim-de-semana a casa de outra, a duzentos quilómetros de distância. No fim-de-semana antes da nossa missão na Suíça, coube-nos também a alegria de receber em nossa casa uma Família de Caná lá dos lados de Almeirim. E na Suíça, todos experimentámos a alegria de nos sentirmos família entre famílias.
Ser Família de Caná é, acima de tudo, um estilo de vida familiar, feito de Tempo de Deus e Tempo de Família. Quando o podemos partilhar com outras famílias, então as Bodas ficam completas. Bem diz a nossa Carta Fundacional (têm-na lido e meditado em família?) que a missão das Famílias de Caná vem expressa no Evangelho:
Ide pois às encruzilhadas dos caminhos e chamai para as bodas todos quantos encontrardes!” (Mt 22, 9)
Abrir as portas da casa e do coração, para que entrem os de fora e para que saiam ao encontro dos outros os de dentro; praticar a hospitalidade, acolhendo e servindo com alegria, pois Deus ama a quem dá com alegria, diz S. Paulo (2Cor 9, 7)… Apetece exclamar como o salmista:
Como é bom e agradável viver juntos em harmonia! (Sl 133)
Bem hajam, amigos, pelas lições de hospitalidade que nos deram! Não esqueceremos a nossa família suíça!
É verdade sim senhora! 😂
E foi mesmo um fim de semana maravilhoso!!