“De quem é a imagem gravada nesta moeda?” Vamos ouvir este domingo Jesus a perguntar. “De César”, é a resposta. “Então, dá a César o que é de César!”
Mas Jesus não fica por aqui. Se a moeda tem gravada a imagem de César, o ser humano tem gravada a imagem de Deus. Diz o primeiro livro da Bíblia:
Deus criou o homem à sua imagem. (Gn 1, 27)
“De quem é a imagem gravada no coração do homem?” Pergunta Jesus implicitamente, pois fala com quem conhece as Escrituras. “De Deus…” “Nesse caso, dá a Deus o que é de Deus!”
Somos de Deus. (Jo 4, 5)
Assim nos repete S. João. Somos de Deus. Somos o seu povo, a sua descendência, a sua semente, a sua vinha. Pertencemos-Lhe por completo. Faz-nos bem repetir muitas vezes esta afirmação, deixá-la descer da cabeça ao coração, deixá-la tomar conta de todos os nossos anseios, medos, sonhos e desejos. Somos de Deus. Ele possui-nos. Deixemo-nos possuir…
Se trazemos tatuada no fundo da alma a imagem de Deus, adoremos o Senhor, dando-Lhe o primeiro lugar e o horário nobre na nossa casa e na nossa vida. Que não passe um único dia sem que façamos uma bela oração familiar; que não passe um único domingo sem que tomemos parte na grande festa da família de Deus, a Eucaristia. Uma só falha, já é demais, para quem pertence por completo ao Senhor!
E se cada ser humano traz tatuada no mais fundo da sua alma a imagem de Deus, então sirvamos o Senhor, servindo os irmãos. Ajoelhemo-nos diante de cada irmão que sofre com a mesma reverência que nos ajoelhamos diante do altar, porque servindo a família, o pobre, o doente, o prisioneiro, o traído, o vizinho, o aluno, o colega, o amigo, o inimigo, o paroquiano, nós servimos Jesus. Será que já somos verdadeiramente “Família-Cântaro”, distribuindo por aí o Vinho Novo com que o Senhor nos saciou?
Um santo domingo para todos!
Obrigado pelo post. Sabe tão bem continuar, nos dias seguintes, a reflexão da Palavra do Domingo. Nunca tinha olhado para esta passagem dessa forma. Obrigado
Na segunda-feira tive um dia marcado por uma situação desagradável no trabalho, após receber um e-mail de uma colega. Recordei a leitura do evangelho de domingo passado em busca do que Deus me poderia dizer e que me ajudasse a lidar com a situação. Primeiro, intuí que tal como Jesus desmontou frontalmente a cilada dos fariseus, eu deveria fazer o mesmo – e assim o fiz. Mas não foi suficiente, porque durante o resto do dia não me sentia em paz, continuando a “ruminar” no assunto mesmo junto do meu marido e dos meus filhos quando cheguei a casa. Por isso, escutei-O melhor. E o que ecoou foi precisamente “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, como se Deus me estivesse a dizer “deixa para o trabalho as chatices do trabalho” e “dá a Deus o que é de Deus, i.e., a harmonia na família, a atenção que os filhos e o marido precisam, etc.”. E isso fez toda a diferença para, rapidamente, relativizar a importância do que tinha sucedido no trabalho.
Obrigada pela vossa partilha desta leitura que, decerto, consciente ou inconscientemente, também me ajudou a ir procurá-la em meu auxílio.