Durante estes cinquenta dias de Páscoa, lemos em família, como certamente todas as Famílias de Caná fizeram, os Atos dos Apóstolos, dia após dia. As leituras do missal, na verdade, percorrem este livro numa sequência magnífica, deixando muito pouco de fora, e culminando no Fogo do Pentecostes (não deixem de ler os artigos que tanto nós, como a família Miranda Santos publicámos sobre as nossas vivências familiares com este Fogo e este Sopro!)
Um dos vários detalhes que nos ficou desta leitura dos Atos em tempo pascal foram frases como estas:
Depois de ter sido batizada, bem como os de sua casa, Lídia fez este pedido… (At 16, 15
Acredita no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua família. (At 16, 31)
O carcereiro (…) imediatamente se batizou, ele e a sua família. Depois, levando-os para a sua casa, pôs-lhes a mesa e entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus. (At 16, 33-34)
A pregação dos Apóstolos não se dirigia a indivíduos, mas a famílias; e a fé cristã não foi primeiramente acolhida por indivíduos, mas por famílias. Isto era tão óbvio, que estas referências à família inteira passam despercebidas no texto completo, por não serem assinaladas como algo extraordinário. Afinal, viver cristãmente em família era “normal”.
Hoje, encontrar uma família inteira na missa, com bebés de colo e filhos adolescentes lado a lado, ou rezar em família ao serão, é visto como “uma sorte”, “uma família extraordinária”, “a exceção à regra”. Assim eu ouço com frequência. E assim eu leio até aqui no site, em testemunhos ou comentários, onde a nossa família e outras que vivem o carisma das Famílias de Caná são apontadas como especiais, ao contrário das “normais”.
Mas os Atos vêm-nos dizer que afinal, uma família cristã normal vive a fé em família.

No dia 3 de junho, celebrámos o aniversário dos primeiros compromissos das Famílias de Caná, aniversário esse que Deus, com o seu ternurento sentido de humor, quis fazer coincidir com o meu aniversário. Várias destas famílias iniciais já deram o seu testemunho no site, logo no início. Outras fizeram-no agora e continuam a fazê-lo (tenho mais testemunhos agendados!).
Este ano, ainda não fui contactada por nenhuma família com vontade de se comprometer formalmente com o Movimento. Se, por um lado, o meu coração transborda de alegria pelos testemunhos publicados, reveladores da obra de Deus nas vidas de tantos, por outro, sei que Deus gosta de compromissos…

Se sentirem, aí num cantinho do coração, o desejo de dar um bocadinho mais, não hesitem em contactar-me! Escrevam para o mail central deste site, que eu não demoro mais do que algumas horas para responder (se assim não fizer, enviem novo mail, pois não seria a primeira vez que um mail se perdia no ciberespaço!). Podemos conversar por mail, por telefone, ou até pessoalmente. Quantas famílias já vieram visitar-nos aqui a casa, ou encontrar-nos no Canto de Caná para um lanche e um Terço! Não hesitem, porque nós gostamos muito de conhecer os nossos leitores e de encontrá-los assim, de forma quase espontânea!
Viver a fé em família, como os testemunhos nos têm mostrado com tanta beleza e simplicidade, não precisa de ser complicado. Afinal, segundo os Atos, e ao contrário do que pensamos ou dizemos, “sempre se fez assim”…
Ai, desculpem-me o desabafo, mas Teresa, tem a certeza que é deste mundo? Ou que vive no mesmo mundo que eu?
Já percebi que gosta de nos provocar, mas precisa de ser tanto?
“Uma família cristã normal”… e o Daniel aparece a “roer” um terço? Não deveria ser um telemóvel?
Estou cansada, sim, muito cansada. Esta altura do ano é propícia a este cansaço e só quero que tudo (escola, catequese, escuteiros, ginástica…) acabe.
Mas essa vossa forma de estar não é deste mundo. Esta alegria, esta esperança é muito contra corrente. Os meus dias são um mergulho num mundo que está do avesso e quando venho ao de cima e respiro um pouco, ah a alegria, ah a esperança, ah a oração…
Vai mais um esforço, mas estou a ficar sem forças…
Catarina, é o que menos custa é pôr uma criança da idade do Daniel a roer um terço.. basta dar-lho para a mão!
Eheh, desculpe estar a rir-me mas é só uma maneira de dizer que, às vezes, as coisas que nos parecem mais fora deste mundo não são assim tão complicadas, e especialmente dependem muito de pequenos gestos nossos. E especialmente com os filhos, eles vão habituar-se a “roer” aquilo que tiverem mais a jeito… Não desanime nem se deixe atormentar!