Em Caná da Galileia...


A grande festa da santidade

Cá em casa, assim que entramos na hora de inverno, começam os preparativos para a grande festa de Holywins – Todos os Santos. É um dos dias mais aguardados de todo o ano, e a cada ano que passa, parece tornar-se mais especial.

Desta vez, porque o dia santo foi sexta-feira, foram três dias inteiros de celebração, um tríduo tão belo e tão intenso, que na noite de domingo, o António dizia, a caminho da cama: “Nem me lembrava já que é tempo de escola, e amanhã é segunda-feira! Pensei que estava de férias!”

“Creio na comunhão dos santos”, rezamos todos os domingos na missa, mais ou menos distraidamente.  A partir da noite de 31 de outubro, e desta vez, até ao final do domingo, dia 3, experimentámos aqui na Terra um bocadinho do que é esta comunhão. E foi tão bom!

Comunhão uns com os outros, na nossa família. Na família alargada, com a visita da avó – e que festa que é, quando a avó vem dormir! – Na paróquia, com os amigos e companheiros de jornada.

“Fazemos um churrasco, como todos os anos?” Querem saber os meninos.

“Eu trato da fogueira!”

“E os jogos? Olha, o papá está a preparar a farinha, e a maçã! E a corda de saltar!”

Comunhão com os santos que já vivem no Céu. Aprendemos sobre eles contando histórias, pesquisando, vendo filmes, brincando…

Dois belíssimos filmes marcaram este nosso tríduo: “Irmão Sol e Irmã Lua”, o eterno filme sobre S. Francisco de Assis, que os mais novos ainda não tinham visto e que todos recordámos, em família; e a história de Clare Crocket, que tanto nos ensina e comove, e que vimos ao serão, depois de deitar os três mais pequenos. Se ainda não conhecem o filme, não percam!

Pela primeira vez, e seguindo a sugestão da Filipa, deixámos que os santos nos escolhessem para companheiros de jornada, durante este ano. Foi um momento muito bonito em nossa casa, com os meninos todos muito empenhados em descobrir o seu santo e escutar as suas histórias. “Agora tenho de pesquisar mais vezes na net, mãe” – os mais novos vão tentando a sua sorte, claro… 🙂

Na noite do dia 1, na nossa oração familiar invocámos todos os santos que conseguimos recordar, especialmente os nossos novos companheiros. É sempre uma grande festa, esta invocação, que termina com alguns meninos a dormir no sofá…

E na noite do dia 2, invocámos todos os nossos familiares e amigos que já partiram para o Céu. Estejam eles já em Casa do Pai, ou ainda no Purgatório, são certamente poderosos intercessores e amigos com quem podemos contar. “Avô Carlos, roga por nós!” “Tio Brian, roga por nós!” “Vera, roga por nós!” Prolongámos as invocações durante algum tempo, e oferecemos o Terço por todas as almas do Purgatório.

Dia 1 e dia 2. Que dias tão belos, de comunhão com a Igreja Triunfante e a Igreja Purgante! Parece que o coração se dilata para abarcar tão grandes mistérios…

No dia 3, domingo, fomos a um lugar muito especial: o cemitério onde o Tomás está sepultado. Levámos a guitarra, para cantar ali mesmo as suas canções preferidas, aquelas que, na altura, faziam parte da nossa oração familiar. Rezámos, cantámos, os meninos acariciaram a sua fotografia. Comovemo-nos, contámos histórias, recordámos.

“Porque é que a Clarinha está a chorar?” Pergunta a Sara ao David.

“Shiu! É normal, Sara. Tu não conheceste o Tomás, mas a Clarinha sim. Imagina tu agora que o Daniel morria. Como é que ficavas?”

Não é preciso tanto, David! Agora é a Sara que chora…

Francisco, toca uma canção!

Alguns minutos depois, os meninos patinam a toda a velocidade no paredão da Barra, junto ao mar, e eu caminho ao lado do Niall, empurrando o carrinho do Daniel.

O vento, as gaivotas, o mar. Os meus filhos, patinando felizes, o Tomás nas nossas conversas e nos olhos do Daniel. A vida e a morte, o tempo e a eternidade.

“Podemos comer uma ‘tripa’, mãe? Só hoje? Vá lá!” Os meninos querem o doce típico da praia, e porque não? O Niall vai com eles à barraquinha ali no passeio, e eu sento-me com o Daniel junto ao farol e dou-lhe a papa. Ele bate palminhas, feliz. Dou-lhe uma colher atrás da outra, e de repente, dou-me conta do milagre que existe por detrás deste gesto tão banal. Sou inundada por uma onda de gratidão.

Não sei pôr palavras nesta gratidão. Ultrapassa-me, é maior do que eu. É a vida do Daniel, e é a vida do Tomás. São os santos que nos acompanham no Céu, e as almas do Purgatório que rezam e torcem por nós. São as conversas sobre o Céu e a vida sobre a Terra. É esta ânsia de viver plenamente cada minuto que nos é dado, e este desejo imenso de nos reunirmos todos um dia no Céu.

Perante uma felicidade tão imerecida e tão grande, fico sempre grata por também poder oferecer a Jesus o dom da minha dor. Se não tivesse feridas, como poderia eu olhar de frente a sua Cruz? Ainda bem que posso, de facto, dar até doer!

Gratidão porque somos tão felizes. Tão felizes! Tão, mas tão felizes…

E aí em casa? Venham daí essas fotos, para mais uma vez, inundarmos a net de imagens divertidas, felizes e santas!

 

 

 

 

7 Comments

  1. Só a imensa Fé no Senhor permite assim viver…
    Como é bom estar aqui, também eu quero montar a minha tenda no Monte onde Deus está!
    Eu e o João passamos os três dias acamados… este é o meu quinto mês consecutivo entre o descanso e o trabalho, com períodos extensos acamada…
    Um dia de cada vez, com a Graça de Deus!

  2. Teresa Eugenio

    Querida Teresa,

    Obrigada por estas partilhas tão bonitas, nestes dias de festa. Como foi importante para mim lê-las!
    beijinhos,
    Teresa

  3. Catarina Silva

    “Não sei pôr palavras nesta gratidão. Ultrapassa-me, é maior do que eu. É a vida do Daniel, e é a vida do Tomás. São os santos que nos acompanham no Céu, e as almas do Purgatório que rezam e torcem por nós. São as conversas sobre o Céu e a vida sobre a Terra. É esta ânsia de viver plenamente cada minuto que nos é dado, e este desejo imenso de nos reunirmos todos um dia no Céu.”……..E eu Teresa, não sei pôr palavras neste agradecimento! Agradeço-lhe profundamente, esta partilha de momentos tão vossos…Mas que podem libertar tantos das “prisões” em que vivem….Seja o medo da morte, seja o medo da vida.
    Obrigada a todos! Sinto uma grande alegria cá dentro, por vos saber assim tão felizes! Que Deus vos abençoe!

  4. Teresa que bonito tudo!!!
    “São as conversas sobre o Céu e a vida sobre a Terra. É esta ânsia de viver plenamente cada minuto que nos é dado, e este desejo imenso de nos reunirmos todos um dia no Céu.” – estas suas palavras resumem o que vivi no dia de todos os Santos. Foi uma maravilha… Como sempre esquecemos de tirar fotos (tal era o entusiasmo do momento!!! Eheh)
    O céu escolheu para cada um exactamente aquele Santo que precisávamos. Expressões como “ainda ontem vi um documentário sobre ela! Que engraçado!!”
    E hoje já começam a surgir mensagens a dizer “olha esta foto do teu Santo. Um amigo publicou e não podia deixar de te enviar”! 🙂 😀
    E como não podia deixar de ser, sendo o meu santo o Martinho de Porres, estou há 3 dias de “vassoura” na mão para me começar a exercitar no serviço ao Irmão! Com este ritmo não sei como chegarei ao próximo dia de todos os santos!! 😅

  5. Obrigada Teresa pela partilha… Desta vez chorei

  6. Família LINDA!! 🙂 Muito obrigada meu Deus por existir a família Power e por serem inspiração!
    Que grandes mistérios para meditar…
    Que Deus vos proteja e abençoe sempre!
    Beijinhos para todos!!!

  7. ANA MARIA JORGE RIBEIRO ALVES

    Ainda não tinha lido este texto, felizmente que o li hoje! Fala da nossa passagem por esta vida, mas já com um vislumbre do além.

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