Ontem, a nossa oração familiar foi particularmente alegre. Todos estavam cooperantes, dançámos e cantámos a valer, escutámos as leituras e conversámos imenso a partir delas, rezámos o Terço e ainda tivemos tempo de ler um belíssimo artigo do Boletim Salesiano. Chegámos ao fim com a firme convicção de que tínhamos sido capazes de dar a Deus o primeiro e o melhor lugar no nosso dia.
Bem, não é sempre assim…
“Meninos, sentar com as costas direitas! Isso é maneira de falar com Deus?”
“António, pára de irritar a Sara. Não a empurres do sofá, que coisa! Portem-se bem!”
“Quantas vezes é preciso chamar para rezar?”
Algumas noites, o nosso refrão durante toda a oração familiar é bastante cansativo. Mas mesmo nessas noites, não encurtamos nem saltamos nenhum passo da nossa oração. Quando custa, quando não apetece, quando parece que corre mal, então é altura de dar um bocadinho mais ao Senhor. Nós, Jesus! Nós, Jesus, vamos conseguir encontrar alguma calma neste serão para fazer oração.
Ultimamente, a patinagem no pátio da nossa casa e as bolas ao cesto por sobre a garagem têm sido tantas, que o António e a Sara, invariavelmente, terminam a oração já a dormir, pelas nove e pouco, tal o cansaço. Numa destas noites, quando terminámos o Terço, o Niall e eu soltámos uma gargalhada perante a cena que nos era apresentada sobre o sofá. Depois não resisti e pedi ao Francisco que tirasse uma fotografia para poder partilhar convosco. Achei que iam gostar de saber que na casa dos Power não se reza melhor do que na vossa. Nem pior. Reza-se. Fazem-se esforços. Dá-se a Deus o primeiro lugar, que é indisputável. E confia-se na sua infinita misericórdia – e no seu sentido de humor…
Pois, é mesmo isso que nós também decidimos cá em casa, nunca abdicar nem cortar na oração familiar mesmo parecendo às vezes mais confusão do que oração. Às vezes parece mesmo que é o inimigo que não quer que nós dediquemos este tempo nobre de família a Deus! Ou então é só mesmo por estarmos a rezar com 4 crianças de 7, 3, 2 e 1 ano!
Mas quando vemos um filho que ainda mal fala a agradecer o dia a Deus ou a rezar a Avé Maria…
Confesso que sempre que a oração é atribulada e muito confusa penso sempre “que é o inimigo que não quer que nós dediquemos este tempo nobre de família a Deus”, parece que não sou a única!
Hahaha! Deixa-me rir!
Esta imagem faz-me recordar os meus avós maternos, que já descansam junto do Pai: eles eram agricultores e como tal trabalhavam desde o nascer até ao pôr do sol.
Mas nunca deixavam de rezar o terço ao fim do serão.
Normalmente era a minha avó que desfiava o terço, o meu avô respondia.
Invariavelmente, sobretudo nos meses frios do Inverno, sentados em frente da lareira, assistia a uma cena parecida: a voz da minha avó ia ficando cada vez mais baixa e lenta… até ela se calar por ter adormecido…. lá apanhava uma cotovelada do meu avô e continuava a reza.
Ou então era a cena semelhante, mas com o meu avô a adormecer e a minha avó a resmungar “João!”
Eu era garote e não percebia porque é que não deixavam aquelas cenas tristes e iam para a cama, mas o facto é que nunca deixavam de rezar.
Saudades!!!!