Em Caná da Galileia...


A oração familiar, o grande tesouro das Famílias de Caná

Já leram o Ensinamento Mensal? Querem partilhar connosco o que ele vos sugeriu fazer, mudar, acontecer, para publicarmos em Testemunhos? Falemos então em tesouros…

Quando, no dia do Batismo do Senhor, anunciei que o Natal chegara ao fim e estava na hora de desfazer a Árvore de Natal, a Sara rompeu em lágrimas. Não queria, de todo, que o Natal terminasse, nem queria que as luzes do pinheiro se apagassem.

“Sara, o mais divertido da Árvore de Natal é construí-la, é ir colocando os símbolos da Árvore de Jessé dia a dia, é colocar as luzes… Se nunca a desfizermos, nunca teremos o prazer de a construir”, explicou calmamente o Francisco. Mas falava como engenheiro, que a pequena Sara não partilha do seu gosto pelas construções em si, antes prefere admirar o resultado final. E o resultado final da nossa Árvore foi particularmente feliz este ano, graças às ilustrações belíssimas da Árvore de Jessé com que o Tiago Atalaia nos presenteou.

“Tenho uma boa notícia”, disse eu por fim, à procura de um compromisso. “Desfazemos a Árvore, porque o Natal terminou, mas vamos deixar o Presépio até ao dia 2 de fevereiro, dia da Apresentação do Senhor. Afinal, antigamente era só nesse dia que se guardavam os Presépios!”

A Sara ficou feliz, e com ela todos nós. Na verdade, este Natal foi o mais especial das nossas vidas, a par de um outro Natal, há catorze anos, que nos trouxe o Tomás, e custa dizer-lhe adeus. Como diz a canção que a Sara aprendeu na pré-escola o ano passado, e que eu cantei continuamente na maternidade: “Porque é Natal, nasce um menino encantado. E ao chegar uma criança, o mundo é abençoado!”

Assim, nestes dias continuamos a rezar em família ao redor do Presépio. E rezamos pausadamente, cantando, meditando nas leituras da missa diária, agradecendo à vez os dons de Deus, recitando o Terço e invocando os nossos santos padroeiros, um após outro. O Francisco toca guitarra, a Clarinha toca no teclado ou no seu cavaquinho, os mais novos dançam. E eu, sentada no sofá, faço aquilo que me dá mais prazer: alimento o meu bebé sem pressa, ou simplesmente o aconchego junto ao coração.

Se há coisa de que sentia saudades, era precisamente do momento de oração familiar com um recém-nascido ao colo, das Avé-Marias sussurradas ao ritmo da respiração profunda de um bebé. Assim rezámos sempre que um novo bebé nos foi oferecido, e são momentos que nunca esquecerei. O meu olhar alterna entre o Daniel e o Menino do Presépio, entre a minha família e a Família Sagrada. E o Daniel adormece docemente, com um meio sorriso nos lábios (ainda estará a ver Deus em sonhos, quer saber o António?), para só acordar – aos gritos e muito desperto, pois claro – quando o Niall e eu nos enfiarmos na cama para dormir.

Oração familiar. Não há Família de Caná sem oração familiar, mesmo que raramente esta oração se assemelhe ao que os monges dos conventos de clausura chamam de oração… As nossas casas costumam ser mais barulhentas e a nossa oração menos pacífica, com algumas – ou muitas – interrupções, alguns gritos, alguns ralhetes, alguns ataques de riso, algumas palhaçadas, mas não deixa de ser oração familiar!

As Famílias de Caná gostam de falar com Deus “como um amigo com o seu amigo”, como Moisés fazia (cf. Ex 33, 11). Não precisamos de nada muito elaborado. As crianças e os bebés não precisam de muitas palavras para que os seus pais as entendam, nem puxam de um papel escrito cada vez que querem conversar com os pais, não é verdade? Um olhar, uma palavra infantil, simples, direta, às vezes apenas o choro, ou o riso, ou ambos, são suficientes. De tudo isto pode ser feita oração, e quantas vezes eu faço a minha apenas assim!

Nós não privilegiamos muitas fórmulas. Bastam-nos algumas, curtas mas fundamentais, como o Shemá, para introduzir a oração:

Escuta, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças, e amarás o próximo como a ti mesmo. Faz isto e serás feliz!

e a consagração à Mãe de Caná, que está destacada aqui na barra lateral esquerda do site. Rezem-na diariamente, memorizem-na, e verão como Maria a leva a sério!

Depois, gostamos de meditar nas Escrituras. Contar uma história da Bíblia aos mais novos – as histórias da Árvore de Jessé não são apenas para o Advento! -, meditar num versículo retirado ao acaso da Arca do Tesouro (aqui na barra lateral direita do site) ou acompanhar, pelo missal, as leituras da missa diária, são formas muito simples de trazer a Bíblia para a oração da família.

Por fim, rezamos o Terço. Esta oração é a mais poderosa que conheço. Na nossa família, nunca a deixámos de rezar, desde o tempo de namoro até hoje. Foi de terço na mão que dei à luz todos os meus filhos, foi de terço na mão que acompanhei o Tomás na sua doença e morte, é de terço no bolso que vivo. “Nós, Jesus!” Os nossos filhos pequeninos podem rezar apenas um mistério connosco, ou brincar no chão enquanto rezamos, ou adormecer ao ritmo das Avé-Marias, porque nós, que o rezamos completo todos os dias, o faremos em seu nome também. Se algum dia não houver tempo para a oração familiar completa – que pode ser longa, cerca de meia-hora – privilegiamos o Terço, pois estamos convencidos de que lhe devemos toda a nossa imensa felicidade…

Que o tesouro que o nosso Movimento nos oferece – a graça da oração familiar – acompanhe cada uma das famílias que visitam este site diariamente! Ámen!

 

 

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