O retiro de Advento e Natal aconteceu ontem, dia 1, em Fátima. E que dia abençoado!
Às dez da manhã em ponto, eram várias as famílias que saltavam dos carros e se abraçavam, com os abraços possíveis nestes tempos de pandemia. As crianças, excitadíssimas, começaram de imediato a brincar, reatando as brincadeiras que o final de cada retiro vai interrompendo. É sempre uma alegria, rever os amigos neste ambiente de fé e de festa. Melhor ainda é ir fazendo sempre novos amigos, pois foram três as famílias que, neste encontro, se juntaram a nós. Bem vindos!
Passámos a manhã e o início da tarde no convento dos dominicanos, onde o Frei Miguel Patinha nos acolheu como se fôssemos as pessoas mais importantes do mundo, pondo tudo à nossa disposição: salões, mesas, e uma igreja lindíssima. Ficámos fãs daquele espaço acolhedor, e certamente voltaremos! Um grande obrigado a toda a comunidade dominicana, especialmente ao Frei Miguel Patinha, e um grande obrigado à Família Patinha Oliveira, nossos anfitriões ao lado do Frei Miguel.
Os mais novos trabalharam e brincaram com o Niall e o Francisco. Escutaram histórias bíblicas e deliraram com os truques de ilusionismo que o nosso mágico tinha escondido na manga 🙂 É sempre um prazer contar histórias bíblicas a crianças de Famílias de Caná, confidenciou-me depois o Niall. É que elas sabem sempre tanto, que dá gosto ir ao fundo das questões com elas! Houve ainda tempo para jogar à bola e às escondidas e para muita brincadeira livre.
Enquanto isso, eu trabalhei com os jovens e os adultos, a partir do magnífico Prólogo do Evangelho de S. João. O ensinamento já está disponível no Youtube, no nosso canal oficial, e podem visualizá-lo clicando aqui.
O momento central de cada retiro é, naturalmente, Jesus, na Eucaristia. E a missa desta quarta-feira foi especialmente importante: A Gabriela Varandas, a Família Torres Teixeira, a Família Ramos Tomás, a Família Patinha Oliveira e a Família Miguel Cruz fizeram o seu compromisso no Movimento, e nós, Família Power, e a Família Santos renovámos o nosso com eles. Urra! Viva!!!
Que grande alegria para nós, ver nascer novas Famílias de Caná, ver crescer Jovens de Caná, ver as árvores a encherem-se de flores e de frutos, e as sementes a esvoaçar e a espalhar-se um bocadinho por toda a parte! No Evangelho, o Senhor dizia-nos que pouco importa se não somos muitos, se somos mesmo muito poucos, pois Ele é o Deus da multiplicação, que com o pouco que Lhe ofertamos, faz-Se Presente entre nós. Uma Palavra inspirada para iluminar este dia e esta cerimónia.
Depois do almoço partilhado que, como sempre, foi abundante, variado e festivo, bem ao jeito das Bodas de Caná, houve algum tempo livre para as famílias poderem visitar o santuário, confessar-se, passear em Fátima, na terra da Mãe. Um pouco depois das três horas, começámos então a nossa Via Stellae, pelo belíssimo Caminho dos Pastorinhos.
Diz-se que os casamentos com chuva são abençoados. Pois os compromissos com chuva também. Ao longo dos anos, temos quase sempre feito este Caminho ao sol, às vezes com algum frio e vento, alguns chuviscos, algum desconforto, mas sempre com a possibilidade de correr por entre as flores, de subir às árvores, de caminhar no muro, de patinar e deslizar de skates e trotinetes. Esta foi a primeira vez que o fizemos debaixo de chuva, e de chuva a sério.
No início, eram apenas uns chuviscos. Os bebés estavam confortáveis e quentes nos seus carrinhos, as crianças com impermeáveis, os adultos cheios de coragem. Quando a chuva chegou a sério, já estávamos a meio. E ninguém quis voltar para trás. Pois não estávamos nós a contemplar a viagem arriscada e desconfortável da Sagrada Família, desde o primeiro anúncio do anjo, passando pelo nascimento num estábulo, até à fuga para o Egito? Como partilhar tamanha aventura, senão aceitando, também nós, a imperfeição das nossas circunstâncias, os imprevistos do tempo e da vida, os desconfortos do caminho?
Eu sentia-me cheia de orgulho nestas Famílias de Caná, capazes de colocar Deus no centro, e de saltar para a periferia com os seus filhos ao colo, sem hesitações nem receios, e sem nunca deixarem de ser prudentes. E os bebés e as crianças de Caná, experimentando, também eles, pequenos desconfortos, com muito amor, vão aprendendo, pela imitação dos seus pais, a serem santos. Porque a santidade aprende-se por imitação. O filho que vê o pai e a mãe a dar a Deus o primeiro lugar, crescerá a fazer o mesmo.
Foi tudo isto que conversámos no ensinamento da manhã, e Jesus, com o seu característico sentido de humor, não quis deixar passar a ocasião sem nos dar a oportunidade de experimentar na pele o que estávamos a meditar. Porque palavras, leva-as o vento, não é mesmo?
Como se tratava de uma brincadeira bem humorada de Deus, de um pequeno teste “para treino”, como diria um professor, Ele poupou-nos consequências dolorosas. Ninguém ficou doente!
Terminámos, encharcados e felizes, na Capela Húngara, ajoelhados diante do sacrário. Jesus estava ali escondido, como diria São Francisco Marto, mas nós estávamos em maré de não O perder de vista. E encontrámo-l’O.
Encontrámo-l’O na Eucaristia, primeiro na missa e, no final, no sacrário.
Encontrámo-l’O na amizade intensa que nos une.
Encontrámo-l’O na resposta determinada aqui e agora, nas nossas circunstâncias imperfeitas.
Encontrámo-l’O no tempo que oferecemos uns aos outros.
Encontrámo-l’O na chuva.
Encontrámo-l’O no desconforto, nas dificuldades e na adversidade.
Encontrámo-l’O e, como Maria e José naquele dia no Templo, voltámos com Ele para casa.
Rezei convosco interiormente nesse dia, que apesar dos pesares, imaginei que me poderia ser possível.
Sabemos pouco sobre os grandes desígnios do Senhor quando procuramos decifrá-los na confusão dos dias.
Entrego este meu dia, tal como os outros, congratulo-me com os vossos compromissos…
Até breve!
Rezámos juntos, Rita! E Deus aceitou o vosso sacrifício em união ao nosso, todos juntos na mesma bilha da Comunhão, ali sobre o altar… Os mistérios do amor! Um abraço com saudade!
Ai que pena não termos ido! Mas fico feliz por ter corrido muito bem! Pode ser que também tenhamos direito a uns votos molhados, mas certamente serão abençoados! Beijinhos
Sentimos tanto a vossa falta! Estes confinamentos profiláticos apanham-nos quando menos jeito dá. Enfim, certamente o Senhor tem para o dia do vosso compromisso um sol radiante e flores por toda a parte! Até breve!
Tenho a certeza que nunca esquecerei este dia, também pela chuva! Alguém disse um dia que “O segredo não é esperar que a tempestade passe, mas aprender a dançar à chuva!” (bem a propósito!)
Este exercício mental tem que ser diário, penso para mim…
Não vale a pena esperar pelo dia perfeito, pelo momento perfeito. Não vale a pena esperar pela família perfeita, nem pelo marido ou filhos perfeitos. É preciso pormo-nos a caminho… Há que aprender a “dançar” nas circunstâncias de hoje. Para mim foi um dia de ação de graças. Obrigada, Meu Deus!
Não posso deixar de agradecer a belíssima reportagem fotográfica. Grande Inácio! Não cortaste ninguém!
Tanto caminho que temos trilhado juntos, Catarina! E que bela lição, tão bem aprendida. Agora é continuar a dar os pequenos passos possíveis, à chuva ou ao sol! Nós, Jesus!
Caras Famílias de Caná
Gostei muito de vos conhecer pessoalmente e do magnífico dia que passámos juntos…as condições climatéricas fizeram parte da riqueza e da autenticidade da Palavra.
Aceitar a fragilidade e a imperfeição com a alegria dos Filhos de Deus – trouxe a mensagem no coração.
Muito grata a todos vós!
Aurora, o prazer foi todo nosso! Tantos anos a ler os seus comentários sempre tão pertinentes, desde o tempo de Uma Família Católica! Finalmente chegou o dia de nos conhecermos, e de caminharmos sob a chuva de Fátima. Bem haja! Um abraço e até uma próxima oportunidade certamente!
Que alegria, Teresa, ver tantas famílias a fazer os seus votos!
E que surpresa aperceber-me de tantas mudanças (espero que por bons motivos)!
Um beijinho para todos e obrigada por continuarem a partilhar connosco a vossa caminhada.
Adoro ver a vossa alegria e fé partilhada, deve ter sido um dia incrível! Infelizmente não podémos estar presentes, mas tenho a certeza que numa próxima oportunidade nos voltaremos a encontrar.
Ficamos à espera dessa oportunidade, Tânia 😉 Há leitores deste site e do blogue inicial que tenho muita vontade de conhecer! Bj!