A manhã do dia 3 de julho de 2016 nasceu radiosa, quente e azul. Acordámos de um salto, com uma alegria nova: o grande dia chegara! As Bodas de Caná iam mesmo acontecer, aqui e agora, na nossa vida e no Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, neste cantinho do mundo chamado Mogofores.
Como noivos no dia do seu casamento – e que outra coisa não éramos nós? – as Famílias de Caná dispersas pelo país exultavam de alegre expetativa. O calor era muito, a distância a percorrer, para algumas famílias, era muita também, e três horas dentro de um carro escaldante não se avizinhava fácil, especialmente quando no carro viajavam crianças pequeninas e bebés com um, dois, quatro, sete meses de vida. Mas nada nos iria parar: era a hora das Bodas!
Três e meia da tarde. O santuário está cheio de risos e choros: os adultos abraçam-se e cumprimentam-se, partilhando sorrisos radiantes, as crianças fazem amizades novas e renovam as antigas, os bebés pedem de mamar e querem colo. Mas eis que o senhor bispo D. António Moiteiro já lá vem, entrando solenemente no santuário acompanhado de três sacerdotes muito especiais: o padre José Augusto Fernandes, nosso pároco, o padre Aníbal Afonso, superior da casa, e o padre José Manuel Pereira, diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar. Entre os acólitos, caminham orgulhosos e contentes o David e o António, tão pequenos e contudo tão grandes… O incenso sobe ao céu com as nossas orações, e os cânticos acompanham-nas. A Eucaristia começa.
Será que escolhemos as leituras particularmente para a nossa festa? Perguntam-se algumas famílias, curiosas com a feliz coincidência da Palavra escutada. Não, não escolhemos, nem foi preciso: Deus encarregou-Se dessa parte! De facto, quem senão Ele podia ter escolhido textos tão adequados ao que já vivemos e queremos viver melhor, no movimento? Ora escutem connosco:
Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, todos vós que a amais. Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência. Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei; em Jerusalém sereis consolados.» (Is 66, 10-13)
Escutamos a Palavra e vemo-la encarnar ali mesmo, no santuário, na realidade de tantos meninos de peito levados ao colo e saciados, eles e os seus pais, com a paz que corre como um rio de Água Viva, a partir do altar. Ainda estamos a contemplar a Palavra feita carne, quando S. Paulo, na segunda leitura, nos explica em que consiste o mistério da Comunhão, essa identificação profunda com Jesus, que nas Famílias de Caná celebramos com a pequenina oração “Nós, Jesus”:
Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. (Gal 6, 14-18)
Por fim, enquanto o David e o António, cada um de seu lado, seguram com firmeza a luz que irradia do Evangelho, Jesus desafia-nos a partir, para evangelizar todas as periferias do mundo paganizado:
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. (Lc 10, 1)
A missa prossegue. O padre José Manuel Pereira lê o Decreto de Aprovação do Movimento Famílias de Caná, datado de 29 de junho, Solenidade dos dois grandes pilares da Igreja: S. Pedro e S. Paulo. Aplaudimos, felizes. Depois, o senhor bispo presenteia-nos com uma belíssima homilia, aprofundando a Carta Fundacional e desafiando-nos a trabalhar para levar o Vinho Novo do Evangelho a todas as famílias, nas dioceses de cada um.
Entramos cada vez mais profundamente no mistério. Comungamos. Os rostos refletem cada vez mais luz, e os sorrisos são agora permanentes. A Eucaristia termina, depois do senhor bispo elogiar a música de fundo que a acompanhou desde o início e que já é tão rara na maioria das Eucaristias: o choro e o riso dos mais pequeninos. Todos rimos, tranquilos e felizes.
Em gesto de gratidão para com quem tanto fez por nós, oferecemos ao senhor bispo um quadro com a imagem da Mãe de Caná, pedindo-lhe que nos tenha presentes diante de Nossa Senhora, sempre que contemplar a sua imagem; e ao nosso pároco, que está de partida para outras paróquias, um estojo com tudo o que necessita para celebrar a Eucaristia fora de casa, pedindo-lhe que venha muitas e muitas vezes celebrar connosco, nos caminhos da vida.
E por fim, o João Miranda Santos carrega na tecla mágica, e o site vem à luz. É justo que seja ele a fazer esta pequena magia – não só porque mais ninguém a sabe fazer, mas porque foi ele quem tornou o site possível, dia após dia, ou melhor, noite após noite, sem ceder ao cansaço, inventando formas de concretizar as ideias e os sonhos que ele, nós e várias outras famílias íamos desvendando, com a máxima generosidade.
A partilha de uma refeição em jeito de piquenique, a alegria, as canções, as famílias que se dão a conhecer, os sorrisos, as palavras trocadas, nada falta a estas Bodas de Caná no Santuário da Mãe. Nem sequer o bolo surpresa que duas Famílias de Caná colocam sobre a mesa, para cantarmos os parabéns a todas as famílias. Estamos mesmo em clima de casamento!
Não apetece ir embora. São oito horas da noite quando os últimos carros arrancam para sul. Também nós vamos para casa.
Fim? Oh, não! Estamos no princípio. A Palavra do Evangelho não nos deixa descansar… Façamo-nos à estrada!
Que o Senhor nos acompanhe e nós saibamos estar na Sua boda!
Muitos parabéns pela aprovação diocesana do movimento.
A vocês os parabéns pelo sim a Deus, pelo tempo, pela persistência e pelo Blogue que sempre nos trouxe uma mensagem de Deus… Que Deus os abençoe e que o movimento cresça…
Obrigada
Muitos parabéns pela aprovação do movimento “Famílias de Caná”. Pelas imagens parece ter sido um dia espectacular, repleto de alegria! Isso é o que importa. E ter o bispo disponível para celebrar a Eucaristia… é de louvar!
O empenho, no reconhecimento deste movimento,por parte da família Power e outras famílias, foi incansável, trabalhoso, mas deu os seus frutos.
Parabéns, também, pelo site. Está muito bem construído, completo, interessante.
Força para continuar a levar este movimento para a frente e que se juntem mais famílias para poder meditar, aprofundar e beber desta fonte de vida plena que é JESUS.