Em Caná da Galileia...


As bicicletas, o ensinamento mensal e o Céu

É isso a vida: uma peregrinação a caminho do Céu, uma viagem entre a margem da vida e a margem da eternidade.

E para nos lembrarmos disso, na nossa paróquia todos os anos recomeçamos com uma peregrinação a uma aldeiazinha minúscula, chamada Beco, a cerca de trinta quilómetros de Mogofores. Desde 1598 que o povo de Mogofores aí vai, no primeiro sábado de setembro, para pedir as bênçãos a Nossa Senhora da Paz, venerada neste lugar.

Gosto de pensar que a devoção do povo de Mogofores agradou ao Senhor, que terá respondido não apenas com as graças e os milagres procurados e suplicados, mas com uma graça totalmente inesperada séculos mais tarde: o Santuário Nacional de Nossa Senhora Auxiliadora. Não é este santuário uma recompensa magnífica para uma caminhada de fé quatro-centenária?

Da nossa paróquia, houve quem partisse a pé, à uma e meia da manhã. Cá de casa, o Niall e os dois mais velhos juntaram-se ao grupinho que escolheu a bicicleta para peregrinar, começando às sete da manhã:

Juntos, celebrámos a Eucaristia na capela de Nossa Senhora da Paz e invocámos os santos, pedindo-lhes que rezassem por nós ao Senhor. Depois, em família de famílias, partilhámos os nossos piqueniques e convivemos alegremente.

Na sua belíssima homilia, o senhor padre lembrou-nos que somos eternos, pois existimos desde sempre no pensamento e no Coração de Deus, e caminhando ao seu encontro, viveremos para sempre na sua Casa: o Céu.

Então podemos dizer que as coisas e os acontecimentos da nossa vida aqui na Terra são… a nossa bicicleta 🙂

Isso não serve para o Céu…

Assim dizia Nossa Senhora à Lúcia, no dia 13 de setembro de 1917.

Ninguém gostaria de fazer uma peregrinação numa bicicleta empenada, com furos ou sem travões…

Será que nos damos conta da quantidade de coisas, sonhos e objetivos que temos e que não servem para o Céu? Estaremos a dedicar as nossas energias, pelo contrário, àquilo que realmente serve para o Céu? Estaremos a “afinar a nossa bicicleta” com o devido cuidado?

No ensinamento deste mês, deixo-vos algumas pistas de reflexão. Como gostaria de ver todas as Famílias de Caná empenhadas a fundo nesta peregrinação real, concreta e bem definida a Caminho do Céu! Leiam-no, clicando aqui ao lado sobre Ensinamento Mensal, meditem-no em família e levem-no para os encontros de Aldeia de Caná.

E agora, está na hora de afinarem as vossas bicicletas, porque a corrida está prestes a recomeçar… Um feliz início de ano letivo e ano pastoral para todos vós!

3 Comments

  1. Que magnífico ensinamento Teresa, verdadeiramente inspirado… uma excelente ilustração do mandamento do Amor… Como se conjuga como Evangelho deste domingo… De uma forma subtil, ser filho de Deus é ser o portador do Amor e perceber a humildade da nossa falta de entendimento para os desígnios do Senhor…

  2. “Gosto de pensar que a devoção do povo de Mogofores agradou ao Senhor, que terá respondido não apenas com as graças e os milagres procurados e suplicados, mas com uma graça totalmente inesperada séculos mais tarde: o Santuário Nacional de Nossa Senhora Auxiliadora.” … E, uns anos mais tarde, com outra graça: a mudança dos Power para lá!!! (não resisti a partilhar este pensamento que me ocorreu ao ler o post)

    Quanto ao ensinamento, sem dúvida muitíssimo inspirado! Gostaria de frisar uma parte que talvez passe discretamente no meio de tanto conteúdo:

    “Obrigado, Jesus, porque hoje o dia correu maravilhosamente bem”, é uma oração de gratidão muito bela. Mas mais bela ainda pode ser esta oração: “Obrigado, Jesus, porque hoje tive este e aquele contratempos, e pude oferecer-Te a minha desilusão como um presente de amor.”

    Esta atitude, nem sempre fácil de pôr em prática, é para mim a chave da Paz: de uma forma ou de outra, i.e., sejam quais forem as circunstâncias, podemos sempre atribuir-lhes um sentido de gratidão ou de entrega, e por isso saimos sempre “a ganhar”. Fez-me lembrar algo, embora mal comparado, que descobri recentemente: sempre me aborreceram as filas de trânsito quando saio do trabalho, o e tempo gasto nestas; mas quando passei a levar qualquer coisa para comer no caminho para casa, descobri que quando os semáforos abrem, fico contente porque o carro pode andar; e quando os semáforos ficam vermelhos, fico igualmente contente porque posso comer sem pôr em risco a condução. Assim, as viagens passaram a ser feitas mais em paz…

    • Não está nada mal comparado, Margarida! É uma ótima aplicação do princípio da gratidão, que aliás deve mesmo ser aplicado a tudo, e não apenas a assuntos “divinos”. E que bom, podermos partilhar estas formas singelas de viver a entrega total ao Senhor! Bj

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *