No fim-de-semana passado, primeiro de setembro, aconteceu finalmente o nosso retiro para namorados, Conta as Estrelas. Que dias magníficos vivemos! Na organização, estavam a nossa família e a família Santos, pelo que o retiro permitiu também um encontro festivo entre as nossas duas famílias, encontro sempre ansiado pelos nossos filhos.
Ficámos acampados na vasta campina em redor do Santuário de Nossa Senhora do Almurtão, Idanha-a-Nova. A confraria colocou gentilmente à nossa disposição a casa de apoio do Santuário, onde fizemos os ensinamentos, cozinhámos e fizemos as refeições.
Participaram quatro casais de namorados. Muitos outros havia com vontade de participar, e vários desistiram quase à última hora, para sua grande tristeza, por impedimentos sérios. Mas fica-se com a sensação de que pensar o namoro, ter um tempo exclusivo para refletir, partilhar, caminhar, brincar e rezar a dois, não parece ser a prioridade dos jovens. Se em alternativa houver qualquer outra atividade, mesmo no âmbito religioso, opta-se por ela, e o retiro fica no fim da lista, se algum dia surgir a oportunidade. Se não surgir, pensam, também não fará grande falta, pois namorar e casar é algo normal, não precisa de grande preparação…
Os casais de namorados que participaram chegaram precisamente à conclusão contrária. Por coincidência de Deus, eram todos casais que já viviam o seu namoro em castidade e segundo a doutrina católica (o que não é requisito para se participar no retiro, fique claro), pelo que a nossa proposta foi aceite com naturalidade e com a alegre sensação de que “afinal não somos malucos, ou pelo menos não somos malucos sozinhos”, como nos disseram na partilha final.
Os temas surgiam uns atrás dos outros, a Palavra de Deus iluminava recantos da alma e da vida, às vezes pouco ou nunca antes visitados, e a vocação matrimonial surgia diante dos olhos com o esplendor do Banquete Nupcial dos dois primeiros capítulos do Génesis e dos dois últimos do Apocalipse. Será possível viver uma história de amor dentro da história de amor de Deus com o seu povo? Eis o desafio deste retiro.
E pela forma como todos os casais de namorados souberam aproveitar o seu tempo de diálogo, diremos que sim, é possível. De facto, depois de cada tema, seguia-se meia hora de conversa em casal. Numa das tardes, esta conversa foi substituída por uma caminhada – sempre dois a dois – até ao lago, quase seis quilómetros à frente, através da vasta campina da Idanha. Eram onze, os tópicos oferecidos para conversar. Nenhum dos casais ficou sem assunto de conversa, e houve quem chegasse ao lago e pedisse mais meio quilómetro ali em volta, para poder terminar! Depois, em grande alegria, todos mergulhámos na água deliciosamente morna, brincando e nadando sem pressa, que aqui no interior, a vida faz-se com muita calma.
Foi à luz de um céu profusamente estrelado que o acampamento começou, na sexta-feira, e continuou no sábado. Alguns nunca tinham visto tantas estrelas de uma só vez. Pareciam nascer do chão, tal o horizonte da campina, onde a única elevação é mesmo a histórica e antiquíssima aldeia de Monsanto. De madrugada, rebanhos barulhentos passavam mesmo por detrás das tendas, despertando a todos com os seus balidos e chocalhos. Todos, não, que houve quem não se tenha apercebido de nada, tal o descanso e a profundidade do sono!
Acampados, portanto, no meio de uma vasta campina, tínhamos contudo um vizinho muito próximo: o Senhor Jesus sacramentado, dentro da capela da Senhora do Almurtão, onde participámos na Santa Missa, onde rezámos o Terço e onde, de vez em quando, cada um individualmente se refugiava para rezar. Outras vezes, rezámos mesmo ali, sobre o grande altar da Criação, ao som dos grilos, dos pássaros e das ovelhas. Deus é bom!
Enquanto o Niall e eu, o João e a Sónia trabalhávamos com os jovens namorados, cozinhávamos e lavávamos loiça – sempre muita! -, o Pedro e a Clarinha, que já tinham feito este retiro no ano passado, trabalhavam com os nossos filhos mais novos. Testemunhei o entusiasmo e o tempo que dedicaram à preparação das atividades, e todos testemunhámos, depois, a alegria dos pequeninos ao participarem delas, construindo crucifixos com materiais naturais à moda de Santa Brígida da Irlanda, cuja história escutaram, e fazendo jogos bíblicos. Bem hajam, Pedro e Clarinha!
O nosso pároco, o senhor padre Adelino, conseguiu encontrar um bocadinho de tempo entre as suas deslocações entre cinco paróquias, para celebrar a Eucaristia para nós no sábado e no domingo. E que belas homilias nos fez! Estamos-lhe infinitamente gratos pelas suas palavras magníficas e a sua disponibilidade. Bem haja, padre Adelino!
Quando se reflete muito, e quando se lidam com tópicos novos uns atrás dos outros, a cabeça pode parecer explodir. A melhor coisa a fazer, nesses momentos, é estoirar o corpo, brincando, correndo e saltando. Foi o que fizemos também:
Não pretendo, neste post, “dar spoilers” sobre esta bela experiência, pois algumas atividades são mesmo surpresa para quem participa, e assim queremos que continue a ser de futuro.
Viemos contemplar as estrelas, que nos desafiam, como a Abraão e a Sara, a arriscar e a confiar. Viemos ver como se vive em família, porque as palavras podem ser bonitas, mas precisam de ser comprovadas com a observação – e quando dois casais orientam um retiro rodeados dos seus muitos filhos, há pouco que possa ficar escondido. Viemos, porque o Papa Francisco nos desafia a alargar a preparação para o matrimónio muito para lá da preparação imediata antes do casamento, e nos relembra que a vocação matrimonial é um caminho de santidade tão belo como qualquer outro, tão exigente como qualquer outro.
E estamos dispostos a fazer tudo isto outra vez, daqui a um ano. Se houver jovens que queiram colocar a sua relação e o seu futuro a dois e em família em primeiro lugar, e queiram dar prioridade a um retiro para namorados sobre qualquer outra atividade – certamente belíssima – que a sua paróquia lhes peça para organizar ou organize para eles.
Vamos lá? 😉
Viemos deste retiro com o coração cheio! Obrigada pela forma como nos acolheram e por todo o tempo que dedicaram à preparação deste fim de semana, que tanto nos enriqueceu. Ficámos muito felizes, tanto pelos momentos bonitos que passámos, como por termos conhecido tantas pessoas fantásticas!
Temos muito a agradecer pelo fim de semana incrível que passamos convosco! Aprendemos muito, tanto com o testemunho vivo das duas famílias, como com as partilhas com os restantes casais de namorados. Recomendamos imenso esta experiência a todos os namorados, pois fortalece a relação e é um boost no conhecimento mútuo! Muito obrigada!!