O início do ano letivo é sempre um tempo muito atrapalhado cá em casa. Custa deixar as manhãs de praia, o cheirinho do mar, o sussurro do vento, e voltar à azáfama da escola, ao toque do despertador e da campainha, aos TPCs e aos testes. E se alguns dos meus filhos adoram a escola e anseiam por rever os amigos, outros têm a barriga às voltas com o stress do regresso.
Este ano traz algumas novidades: a Clarinha entrou no curso de Fisioterapia em Aveiro, sua primeira opção, e está feliz por iniciar mais uma etapa na sua vida. O Daniel entrou na creche aqui ao pé de casa – nossa primeira opção, não dele 🙂 – e por enquanto, não está feliz por iniciar esta etapa da sua vida. Sei que brevemente estará, porque já passámos sete vezes por esta experiência. Mas por enquanto, não é fácil para ele e não é fácil para mim.
Ontem o dia foi particularmente difícil para alguns dos meus filhos, dos universitários ao do berçário. Parecia que tudo o que podia correr mal, correu mal, ao ponto de, no final da tarde, o Francisco dizer meio a sério, meio a brincar: “O melhor a fazer é esperar que o dia acabe!”
Mas antes do dia acabar, foi tempo de Oração Familiar. Depois do Shemá e da Consagração, depois de um cântico de louvor e de muita dança, escutámos o Evangelho que a Lúcia leu com voz forte:
Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus.
Felizes vós, os que agora tendes fome, porque sereis saciados.
Felizes vós, os que agora chorais, porque haveis de rir…
(Lc 6, 20-21)
“Que boa notícia, havemos de rir de tudo o que nos aconteceu hoje!” Suspirou o Francisco.
“Se calhar devíamos estar a agradecer as coisas que correram mal este dia, e não só as que correram bem”, atalhou o David.
“São essas coisas que nos levam ao céu”, continuou a Clarinha, “embora a gente preferisse chegar ao céu só por caminhos de flores…”
“Que tal fazermos uns minutos de silêncio e agradecer ao Senhor tudo o que hoje nos correu mal?” Sugeri. “Se pudéssemos ver a vida a partir do olhar de Deus, ficaríamos espantados com a beleza de alguns dos momentos que hoje nos fazem sofrer. Os nossos fracassos, as injustiças recebidas, o stress que experimentamos, têm um valor infinito na eternidade, se os vivermos em amor.”
E foi em silêncio que continuámos a nossa oração, antes de nos lançarmos na contemplação dos Mistérios de Jesus, com o Terço.
Felizes… Felizes! Felizes os que sonham com uma família grande, mas não recebem de Deus nem um só filho! Felizes os que lutam contra um cancro ou aceitam serenamente a deficiência de uma criança! Felizes os que estão cansados, mas não deixam de cumprir todos os seus deveres! Felizes os que olham para trás e vêem mais derrotas que vitórias! Felizes os que enfrentam dificuldades sem perder o sorriso! Felizes os que foram atraiçoados ou abandonados pelo cônjuge, mas resistem à tentação de se tornarem também eles traidores! Felizes os que vêem os seus mais queridos sonhos estilhaçados no chão e continuam a viver de esperança! Felizes…
Muito obrigada!
Que maravilha! Sinceramente, que bom poder ler estas palavras e (tentar) olhar para os fracassos (já colecionei tantos) como algo de positivo! A Clarinha tem razão, eu, pelo menos, faço parte dos que querem chegar ao Céu por caminhos de flores…
Felizes somos quando em silêncio nos atrevemos a agradecer a adversidade! O caracter aleatório com que mal nos passa rasteiras é tão frustrante que facilmente esquecemos a sua transitoriedade… e é transitório,,, constante só o Senhor! Um bom ano… e lembro Teresa de Ávila e a sua breve oração… Um beijinho grande do canto dos tropeços e trambolhões para o reino dos trambolhões e tropeços, que na nossa adversidade até que fazemos um caminho rodeado de flores, apenas com um piso árduo de quando em vez!
Obrigado!❤️
E muitas felicidades para esse novos desafios, em especial à Clarinha!
“Felizes… Felizes! Felizes os que sonham com uma família grande, mas não recebem de Deus nem um só filho! Felizes os que lutam contra um cancro ou aceitam serenamente a deficiência de uma criança! Felizes os que estão cansados, mas não deixam de cumprir todos os seus deveres! Felizes os que olham para trás e vêem mais derrotas que vitórias! Felizes os que enfrentam dificuldades sem perder o sorriso! Felizes os que foram atraiçoados ou abandonados pelo cônjuge, mas resistem à tentação de se tornarem também eles traidores! Felizes os que vêem os seus mais queridos sonhos estilhaçados no chão e continuam a viver de esperança! Felizes…”
…Eu queria comentar isto, dizer mais alguma coisa…mas não tenho palavras melhores porque está tudo dito…
Resta-me agradecer por, no meio da tribulação do vosso dia de ontem, ainda ter havido tempo, força e inspiração para escrever este post…
Felizes nós, porque Deus vos permitiu criar uma família capaz de inspirar e guiar na fé tantas outras!
Eis o que significa viver em oração permanente, em tudo falar com Deus e em tudo ver o que Deus nos quer dizer, pedir, ensinar. Tanto nas graças como nas dificuldades, nos momentos de facilidades como nos de prova. Quem sabe se após todas as nossas lutas não terminamos, como Job, a dizer ao Senhor: os meus ouvidos tinham ouvido falar de Ti, mas agora vêem-Te os meus próprios olhos! E finalmente compreendamos os caminhos do Senhor na nossa vida, quando tivermos sobre ela o olhar de Quem tudo vê. Obrigado Teresa!
🙂🙂🙂 sugiro a “minha” oração no meio das tribulações, que foram tantas no ano que passou:
” vinde a mim vós todos que andais oprimidos e eu vos aliviarei. Sobre o meu peito reclinai…. ”
Acompanha-me no meu dia a dia; a cantar sempre que apetece chorar. Estais presentes no caminho.
Parabéns Clarinha . Tu mereces. Que Deus esteja contigo.
Parabén à Clarinha! Também aqui em casa há um filho caloiro muito feliz, e outros dois filhos que não estão assim tão felizes de recomeçar o ano lectivo, pelo volume de trabalho que se avizinha…
Demos graças ao Senhor pelas coisas boas e pelas não assim tão boas!
De facto este post ajuda a ver que é nas adversidades da vida que vemos a Felicidade em Deus. Obrigada por mais esta brilhante partilha e parabéns à Clarinha.
Que lindo, Teresa.
Consigo agora entender os agradecimentos relativos aos momentos negros da vida pois são apenas sombras pelas quais passamos. Agradeço diariamente e sorrio depois por as ter ultrapassado e por me terem ensinado onde está realmente o valor das coisas. A vida seria mais fácil se muita gente visse esses buracos no percurso como dificuldades bem suaves.
Parabéns à Clarinha. Só lamento não a poder encontrar tantas vezes pois o sorriso dela é precioso por ser como o da mãe: reconfortante.
Beijo amigo
Encorajador! As bem aventuranças são muito especiais para mim!!! Obrigada! 🙂
Parabéns Clarinha! É mais uma etapa muito importante. bjs