Em Caná da Galileia...


Jesus Escondido e os Santos Pastorinhos

“Mamã, podemos ir hoje outra vez à missa?” Perguntou a Lúcia esta manhã, ao acordar. Claro que sim!

Eram quase seis e meia da tarde quando entrámos, em família, na pequena igreja paroquial. Ao verem o seu querido amigo padre Taveira, o António e o David correram para a sacristia. “Olha os meus amigos!” Cumprimentou-os o senhor padre, contente. “Vêm acolitar, não é verdade?” Com paciência, atrasou o início da missa alguns minutos, porque vestir a túnica e dar os nós ao cordão leva o seu tempo! Por fim, lá entraram os três na igreja, os dois meninos muito compenetrados nas suas funções. A meu lado, a Lúcia preparava-se para a sua terceira comunhão.

“É tão bom vir à missa durante a semana!” Comentavam os irmãos entre si, no final, quando ao lado do senhor padre nos dirigimos à quinta para ver o andamento das obras do Canto de Caná. “A missa é mais rápida e há poucas pessoas, estamos mais à vontade!” Bem, mais à vontade do que costumam estar aos domingos deve ser difícil, pensei, mas a verdade é que também me agrada a intimidade de uma Eucaristia semanal.

Jesus Escondido. Assim diziam a Jacinta e o Francisco, quando falavam do Santíssimo Sacramento. Jesus Escondido… Ah, como eles amavam a Jesus Escondido! O lume que lhes ardia no peito, diziam. A caminho da escola, passavam pela igreja paroquial de Fátima. O Francisco, com o seu sentido prático, sabia bem que de nada lhe valia aprender a ler, pois Nossa Senhora prometera levá-lo em breve para o céu. Como não queria perder um minuto do seu tempo na terra, dizia para a prima: “Olha, Lúcia, eu fico aqui na igreja a falar com Jesus Escondido. Tu vai à escola, e quando voltares para casa passa aqui a chamar-me.” Horas e horas de contemplação, de conversa serena e íntima entre Jesus e Francisco, Francisco e Jesus. Nós, Jesus… Como os pastorinhos, as Famílias de Caná têm um amor especial por Jesus Escondido e pressa em levar as crianças ao seu encontro na Eucaristia.

O Santo Padre vem aí. O centenário de Fátima vai começar oficialmente no sábado. O pequeno Francisco e a pequena Jacinta serão canonizados. As Famílias de Caná terão mais dois santos padroeiros, a juntar aos casais santos, às mães e aos pais de família santos, aos jovens santos que já conhecem as glórias dos altares. Que grande festa!

Imagem oficial dos pastorinhos para a canonização

Nós não iremos a Fátima, mas viveremos intensamente estes dias, em união de coração com todos os que por lá irão passar. Uma ocasião tão especial e tão única como a canonização de duas crianças merece ser vivida em família. Como não seria fácil estarmos os oito em Fátima, dadas as idades dos mais pequeninos, preferimos viver estes dias em retiro familiar, aqui em casa. Iremos escutar as palavras do Santo Padre, iremos explicar tudo calmamente aos pequeninos, eu irei certamente chorar de emoção no momento da canonização, e rezaremos juntos, em festa.

Iremos ainda apresentar a Nossa Senhora, no dia 13, todas as vossas intenções, pedir a santificação das famílias, pedir para que todas as crianças tenham fome de Jesus Escondido e pressa em O receber. Iremos pedir pelo Movimento, e para que os que se sentem felizes neste caminho tenham a coragem de se comprometer. Iremos dar graças. Muitas. Pelo caminho percorrido, pelas famílias que se deixaram converter, pelo milagre que é o Movimento, esta gotinha de água que Jesus não Se cansa de transformar no Vinho Novo do seu amor.

Maria, a Talha Perfeita de Caná (já leram o ensinamento mensal?), irá entornar a luz divina sobre cada um de nós. Abramos o coração para a receber em abundância.

“Mãe, nem imaginas a quantidade de estrelas que há no céu! Tantas! São imensas!” A Lúcia acaba de me dar a notícia aqui no escritório. São dez horas da noite. Eu pensei que ela já estava a dormir, e afinal estava a contemplar as estrelas… Os pastorinhos chamavam às estrelas as candeias dos anjos, e à lua a candeia de Nossa Senhora. Acho que lhe vou dizer isso…

Quantas estrelas a brilhar. Será a nossa? Serão as estrelinhas de cada um dos filhos que o Senhor nos confiou? Brilharão as nossas estrelas no céu de Abraão? Ou teremos deixado apagar a candeia que, um dia, o Senhor acendeu?

Rezemos, escutemos, contemplemos juntos estes dias santos que o Senhor nos oferece…

 

 

 

2 Comments

  1. João Miranda Santos

    Também é esse plano que temos para estes dias. Por muito que gostássemos seria bastante impraticável estar no meio da confusão com crianças tão pequenas. E penso que assim elas aproveitarão muito mais porque acaba por ser mais fácil seguirem na televisão e há mais tranquilidade para irmos explicando.

  2. Olívia Batista

    As minhas primeiras catequistas usavam sempre esta expressão “Jesus Escondido”! Com o tempo fui-me esquecendo… levar as nossas crianças para estar com Jesus tem sido uma das coisas mais belas e cansativas da minha vida! Mas, quando entramos numa capela, seja a nossa ou a de um hospital como fizemos no sábado passado e ver a Lúcia a dizer adeus a Jesus e andar por lá como se de facto estivesse “em casa”… é bom, muito bom! Ainda não consegui saber o “programa” das celebrações para acompanhar pela televisão amanhã, mas espero que participemos na oração do Rosário lá na igreja com as outras pessoas e que volemos a cantar o hino de Caná que foi tão bem recebido por elas na semana passada!

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