A Semana Santa está quase aí. Aproximamo-nos dela a tremer: é a Semana Maior, a Semana por excelência dos cristãos, e não há cristãos sem Semana Santa. A doutrina católica diz por exemplo que os católicos devem comungar ao menos no dia de Páscoa, e confessar-se ao menos uma vez por ano, antes da Páscoa. Viver a Semana Santa é, assim, o mínimo que todo o católico precisa de viver para ser digno desse nome.
Mas a vida de um verdadeiro católico não é feita de mínimos: é feita de voos rasgados procurando ultrapassar os máximos. Como o amor de Jesus, que não se ficou por nenhum mínimo razoável, mas se entregou até ao fim (Leram o Ensinamento Mensal?). Assim, não basta confessar-se e comungar no dia de Páscoa. É preciso que a Semana Santa seja toda ela isso mesmo, santa. Entregue. Feita de gestos de amor e adoração, de longas horas diante da cruz, de silêncios interiores e de recusa de toda a mundanidade que nos distraia do essencial.
Sessão de catequese. Os catequistas desafiam as crianças e os adolescentes a participar na Via Sacra de sexta-feira santa, pelas ruas da nossa aldeia. Alguns são convidados a tomar parte na encenação de quadros vivos em cada estação.
“A que horas é isso?” Perguntam os adolescentes à catequista, a Lena, mãe de uma bela Família de Caná (e que escreve aqui).
“Sexta-feira santa à noite, às nove horas.”
“Ah, então não podemos. Nessa noite há um concerto na Feira de Março em Aveiro e nós não faltamos por nada deste mundo! Já está marcado há muito tempo…”
Quando a Lena me contou este episódio, aflita por não ter conseguido nenhum adolescente para tomar parte na encenação, eu estava a preparar a minha própria sessão da catequese seguinte. O tema, a partir do meu livro Os Mistérios da Fé, volume 3, era sobre Jesus e Barrabás.
“Quereis que vos solte o rei dos judeus?” Perguntou Pilatos à multidão. Os sumos sacerdotes, porém, instigaram a multidão a pedir que lhes soltasse, de preferência, Barrabás. Então Pilatos disse-lhes: “Que quereis que faça daquele a quem chamais rei dos judeus?” Eles gritaram novamente: “Crucifica-O!” (Mc 15, 9-13)
Esta multidão era a mesma que, alguns dias antes, aclamara Jesus que entrava em Jerusalém montado num jumentinho. Como é fácil e cómodo escolher Barrabás! Porque dizer que somos cristãos quando o nosso “líder” é aclamado e louvado por todos, é uma coisa; mas dizer que somos cristãos quando Ele é chacoteado e condenado a levar uma cruz às costas, é outra…
Jesus ou Barrabás? Há meio século atrás, os homens usavam gravata preta na cerimónia da Paixão do Senhor e na Via Sacra. Hoje, pelos vistos, a essa mesma hora há concertos da moda nas feiras. Vivemos, definitivamente, numa sociedade completamente indiferente às suas origens cristãs.
Jesus ou Barrabás? Depois da nossa conversa, também a Lena decidiu aproveitar o tema da catequese seguinte para ajudar os seus adolescentes a escolher Jesus. Fiquei cheia de esperança: conheço a forma de trabalhar da Lena, a sua força de vontade e a sua fidelidade ao Evangelho. Eu sabia que ela iria dar tudo por tudo para ajudar estes meninos a escolher bem. E assim foi: no final da sua catequese, três adolescentes tinham aceite o desafio de participar na Via Sacra. Será que o seu “sim” vai contagiar o restante grupo? Rezemos para que contagie.
Jesus ou Barrabás? A Semana Santa está quase, quase aí. Já escolhemos?…
Tomara que sim! Tomara que as sementes lançadas pela Lena dêem frutos! Vamos também fazer esta catequese lá em casa uma vez que andamos a falar da liberdade, de responsabilidade, de amor e das escolhas que temos de fazer em cada dia!
(Ah, e o site está muito bonito)