Um destes dias, a Cláudia Duarte Sousa, mãe de uma belíssima Família de Caná que já deu o seu testemunho aqui, telefonou-me, muito entusiasmada, a dar notícias da sua caminhada familiar, o que ela costuma fazer com regularidade. E entre muitas coisas, disse-me que tinham decidido ocupar parte do seu Tempo de Família com a leitura das Memórias da Irmã Lúcia. Para sua grande surpresa, contou-me a Cláudia, era difícil saber quem estava a gostar mais da leitura, se os pais, se as filhas.
“Grande ideia”, pensei para comigo. O meu livro das Memórias da Irmã Lúcia é muito velhinho, já tem as folhas meio rasgadas de tanto uso, mas na verdade, só eu e o Niall é que o lemos e relemos várias vezes, preferindo sempre dar aos filhos histórias dos pastorinhos e das aparições de Fátima adaptadas à sua idade. Por que não pegar no original é começar a ler? Fui de imediato à minha pequena biblioteca de livros de santos (uma das minhas tarefas de férias foi organizar os livros cá de casa por temas, para facilitar a procura), peguei no livro da Irmã Lúcia e levei-o para a sala.
Quando, ao serão, nos reunimos para rezar, contei a todos o que estava a acontecer na casa da família Duarte Sousa, e como todos estavam a adorar a história. Os meninos ficaram curiosos e um bocadinho desconfiados:
“Nós já conhecemos bem a história de Fátima… Que vamos aprender de novo?” Perguntaram.
“Não conhecem todos os pormenores,” respondi. Por exemplo, quem sabe qual era a brincadeira preferida da Jacinta? E com que idade a Lúcia viu pela primeira vez um anjo? Algum de vós sabia que Nossa Senhora já tinha sorrido para a Lúcia, quando ela fez a primeira comunhão? E há tantas coisas giras para contar sobre a sua família!”
Como contar histórias é uma fonte de grande alegria cá em casa, não foi preciso mais para os convencer. Escolhemos fazer a leitura imediatamente antes da oração, antes da Sara adormecer (o que costuma acontecer durante o terço…). Até o nosso universitário está por perto a essa hora! Comecei pela Segunda Memória, que faz a narrativa das aparições, embora tenha de ir completando com a quarta; e só depois iremos para a primeira e para a primeira parte da quarta, descrevendo respetivamente a Jacinta e o Francisco. Bastaram dois minutos para todos ficarem presos à leitura. Quando li o pormenor da primeira confissão da Lúcia, em que a menina, de seis anos, confessou alto e bom som os seus pecados, incapaz de falar baixinho, todos deram uma gargalhada. “Conta mais!” Insistiram, ao ver-me fechar o livro. De olhos sonhadores, a Lúcia repetia: “E eu tenho o mesmo nome… Mas a mim não me deixaram fazer a primeira comunhão aos seis anos! Tenho quase oito e ainda não fiz…” – um sabor de infinito na alma a fazer crescer a fome.
Estamos já a viver a graça do centenário das aparições de Fátima. Ainda não saímos do Ano da Misericórdia, e já o Senhor nos presenteia com tamanho dom! Não percamos a oportunidade de conhecer e fazer conhecer esta magnífica história – a história da Senhora mais brilhante que o Sol, mas também a história de santidade de três crianças e das suas famílias, tão cheias de Deus na simplicidade da sua vida rural…
Fica o desafio! E se o aceitarem na vossa casa, contem-nos como foi!
🙂 estamos adorar… Eu já me vejo muitas vezes a espreitar antes do tempo… Leitura familiar é muito interessante!