Em Caná da Galileia...


O Canto de Oração Quaresmal

A quaresma começou com um dia de chuva e frio, bem a propósito da nossa necessidade de penitência e conversão. Sim, porque dizer que conversão é tudo alegria e sorrisos não é verdade. Há que chorar o nosso pecado, e quando o confrontamos seriamente, as lágrimas podem correr com força! Peçamos ao Senhor, nesta quaresma, o dom das lágrimas, se nunca experimentámos dor sincera pelos nossos pecados (que não precisam de ser mortais para ferir o Senhor…).

Bem, mas cá em casa, quarta-feira de cinzas estivemos demasiado ocupados para chorar. Primeiro, porque a Clarinha e eu decidimos aproveitar o dia para limpar o pó a fundo em toda a casa (deixámos o quarto dos rapazes para o Francisco, que estava na universidade, fazer, o que aconteceu no dia seguinte), inspiradas por um refrão bastante apropriado:

Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás! (Gn 3, 19)

Para não vos escandalizar, não vos digo quando tinha sido a última vez que tínhamos assim trabalhado, mas digo-vos que o refrão escolhido nos deu força e coragem para levar a nossa atividade até ao fim, com algumas gargalhadas à mistura. Nem o jejum nos tirou a energia. E ficou tudo muito limpinho!

Depois, porque quarta-feira de cinzas é para nós dia de renovação do Canto de Oração, preparando a quaresma também visual e simbolicamente.

“Mãe, agora na quaresma não podemos dizer Aleluia?” Perguntaram os mais novos. Expliquei-lhes que a Igreja costuma guardar esta bela palavra para a Páscoa, para que depois a entoemos com alegria redobrada. Então propus uma atividade, que já vira em blogues de outras famílias: que tal fazer um belo cartaz com a palavra Aleluia cuidadosamente desenhada e enterrá-lo até à Páscoa? Na manhã de Páscoa, e enquanto esperamos a visita pascal, iremos desenterrá-lo e colá-lo na porta de entrada. Mãos à obra!

Entretanto, a Clarinha e eu tratámos do Canto de Oração. A Clarinha já tinha costurado uma magnífica cortina roxa, bem como uma faixa lilás para jorrar da bilha em vez do tom vermelho, que guardaremos para a Páscoa.

Como costume, colocámos em destaque imagens ilustrativas dos mistérios dolorosos, para facilitar a contemplação destes mistérios durante a quaresma.

No cimo da cortina, escrevemos a frase que inspirou o Ensinamento Mensal (já o leram?) e que tem inspirado as Famílias de Caná nesta quaresma:

Fez o que estava ao seu alcance. (Mc 14, 8)

Ao lado, numa mesinha de apoio, colocámos a Coroa de Espinhos, inspiração da Isabel Marantes, e que os meninos fizeram com muito esforço. Não pensava que fosse tão difícil fazer uma coroa com pequenos ramos! Começámos por usar vime, que fomos buscar a algumas árvores aqui perto (fora de propriedade privada, que não queremos roubar nada a ninguém!), mas graças à sugestão da Catarina Tomás na caixa de comentários ao post da Isabel, acabámos por enrolar ramos de hera ao vime. Hera não falta no jardim! Não nos demos ao trabalho de pintar os palitos, pelo que a nossa coroa não está tão bonita como a da Isabel. Mas nós estamos felizes com ela 🙂

Os meninos têm-se esforçado sinceramente por retirar espinhos à coroa de Jesus. A Lúcia quis saber se é mesmo verdade que a coroa de Jesus tem menos espinhos, agora que ela se esforça tanto. É, Lúcia. É mesmo verdade. Deus não brinca ao faz-de-conta. É um mistério que nos ultrapassa, este… Como diz a Clarinha, Deus é tão misterioso! Depender assim dos nossos míseros esforços!

“Nós, Jesus!” Em união conTigo, iremos trabalhar pela salvação do mundo… Fazer pequenos sacrifícios, pequenas obras de misericórdia, pequenos gestos de amor, enfim, o que está ao nosso alcance…

Partilhem fotos dos vossos Cantos de Oração durante a quaresma! Enviem-nas para o endereço sugerido aqui ao lado, em Cantos de Oração, ou se preferirem e quiserem acompanhar as imagens de um testemunho pessoal ou uma partilha, enviem-nas diretamente para o mail central deste site, que vem ter comigo. Ficamos à espera!

2 Comments

  1. Catarina Silva

    Realmente, limpar o pó ao som desse refrão, faz toda a diferença! Até a tarefa se torna mais aprazível!
    Só vocês mesmo, para terem uma ideia assim 🙂

  2. Isabel Marantes

    É tão bom, Teresa, quando utilizamos os sentidos naturais (escavar na terra, limpar o pó, ver uma belo canto de oração, etc) para despertar nos nossos filhos o sentido sobrenatural! Que partilha tão rica, obrigada!

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