Manhã de domingo. Na missa, de pé, escutamos atentamente o Evangelho.
Vim trazer o fogo à Terra. E como gostaria que já estivesse aceso! (Lc 12, 49)
A sério, Jesus? Depois de uma semana de inferno no nosso país, com incêndio atrás de incêndio, destruição atrás de destruição, famílias inteiras em lágrimas, casas destruídas, aldeias arrasadas, só faltavas vir Tu deitar mais lenha nesta enorme fogueira!
Escutei o Evangelho com um sorriso nos lábios. Já estou acostumada ao tom provocatório de Jesus, esse Jesus que nunca se preocupou em ser politicamente correto e sempre incomodou tanta gente.
E continua a incomodar. Incomoda-me a mim, incomoda a minha Igreja, incomoda o meu mundo, acendendo fogos por todo o lado como um incendiário alucinado, desejoso de ver a destruição de todos os nossos apegos, de todas as nossas posses, sejam elas materiais ou espirituais, de virtudes ou de pecados, de pensamentos ou de concretizações; porque é preciso destruir tudo aquilo a que nos agarramos como nosso; porque é das cinzas do nosso orgulho que poderá ressurgir, humilde, o Reino do Amor…