Queridos sacerdotes, queridas equipas de acolhimento, queridos pastores, queridos catequistas, queridos irmãos,
Já todos sabemos que o vírus é perigoso e que exige que nos protejamos e que sejamos muito cautelosos.
Já todos sabemos que a Igreja está na vanguarda da prudência, da cautela, de tanta coisa que – digo-o com sinceridade, depois de tantos absurdos que vimos por aí – nos deixa muito orgulhosos de sermos cristãos.
Já todos sabemos que as igrejas são locais seguros, mais seguros certamente que um supermercado, uma praia ou um café.
Por que razão estão tantas igrejas tão vazias, perguntam vários sacerdotes em folhas paroquiais e páginas de Facebook por esse país fora? Por que razão não confiam os fiéis nos seus párocos, que tão cuidadosos têm sido?
Talvez porque nos falte ouvir outra coisa, que não a sensação de segurança que podemos ter na missa. Quem é que quer ir a um lugar apenas porque ele é seguro?
Talvez porque não nos estejam a dizer suficientemente que…
A missa não é só nem sobretudo uma atividade segura; a missa é sobretudo o encontro com Jesus Crucificado e Jesus Ressuscitado, que Se nos entrega totalmente, por amor. E um encontro com um Crucificado e um Ressuscitado é – qualquer pessoa sensata o diria – um grande risco!
A missa é o Coração de Jesus aberto por nós, derramado por nós, esvaziado de Si até ao limite da Vida doada e perdida. E abrir o coração sem reservas é – sei-o por experiência e vocês também – um grande risco!
Digam-nos, por favor, que
Jesus está à nossa espera na igreja, e espera por nós, não sentado, não de pé, mas crucificado, esvaindo-Se em Sangue precioso. Quanto tempo O vamos deixar assim a esperar?
Jesus merece que nos ajoelhemos, sim, e se não o podemos fazer no genuflexório, façamo-lo no chão, quanto mais frio melhor, pois Jesus merece isso e muito mais! E que fiquem apenas de pé os que não se podem nem devem ajoelhar por questões de idade ou saúde. Porque nos tentam convencer que a igreja deve ser um lugar confortável e a missa, uma atividade relaxada? Não o foi para Jesus, pois não? Será o discípulo maior que o mestre?
Jesus espera por nós com um manancial de graças que quer derramar sobre nós. E se não formos à igreja com o “vaso da confiança” para as acolher, elas não serão derramadas sobre nós. Outros as receberão, como Jesus explicou a Santa Faustina:
“Desejo comunicar-Me às almas e enchê-las com o Meu Amor, mas são poucas as que querem aceitar todas as graças que o Meu Amor lhes destinou. Porém, a Minha graça não se perde. Se a alma a quem é destinada não a toma, outra a recebe.” (Nº 1017)
O Senhor deu-me a conhecer que, se a alma não aceitar as graças que lhe são destinadas, no mesmo instante as recebe uma outra. (Nº 1294)
Jesus tem um Coração e, como toda a gente que tem coração, também Se sente. Também sofre. Também chora. Também Se entristece. A Bíblia abunda em episódios revelando a dor de Deus perante a nossa indiferença. Estamos tão egoisticamente habituados a pensar em nós, na nossa dor pessoal, que nos esquecemos da infinita dor de Deus.
Queridos sacerdotes, queridas equipas de acolhimento, queridos pastores, queridos catequistas, queridos irmãos,
Digam-nos para não faltarmos à missa “presencial” (aprendemos a dizer assim) a não ser que estejamos doentes ou sejamos pessoas de risco, como sempre foi doutrina da Igreja. E para não faltarmos, não porque seja seguro ir, mas exatamente porque o não é.
Ir à missa é o que de mais perigoso fazemos na vida. Ir à missa vai ensinar-nos a amar como Jesus amou. E quando o aprendermos, aí sim, correremos risco de vida. Porque nesse dia, estaremos dispostos a perder a própria vida… por Ele.
Todo aquele que perder a vida por minha causa, há de encontrá-la. (Mt 16, 25)
Teresa, como entedo o que diz nas suas palavras sempre tão sabias.
No primeiro fim de semana em que abrimos as portas do nosso mosteiro, fiquei desolada, pois pensei que depois de tanto tempo de ausência da presença de Cristo sacramentado, as pessoas tivessem desejo ardente de novamente receber o Senhor… Mas não….
E mais destroçada fiquei quando ouvi dizer que as pessoas fizeram horas em filas de espera de algumas lojas de shopping.
É muito desolador… Mas como disse no texto que transcreveu quando alguém recusa uma graça, outro alguém a há de receber.
Bem haja, Teresa. Cumprimentos
Por aqui a situação foi a mesma…Igreja praticamente vazia… Solenidade da Santíssima Trindade: umas 20 pessoas na Igreja na hora da missa e 600 visualizações virtuais! Incrível!! Das cerca de 20 nenhuma se ajoelhou em momento algum da celebração… O apelo do sacerdote foi basicamente: podem voltar que a Igreja está lavadinha… é um local tão seguro como o supermercado!
😞
Não entendo…
As transmissões online continuam…
Quinta feira haverá adoração eucarística (adorar…sem ajoelhar??!!!) e pode ser que Jesus não fique sozinho…ou terá companhia virtual…não sei bem!
Não se fala das indiferenças, faltas de amor, necessidade de reparação, do Coração de Jesus tão ofendido e tão abandonado nos sacrários… Não se fala da reverência, das delicadezas que só o amor pode ter… Antes estão mais preocupados em orientar entradas e saídas, corredores e Marquinhas nos bancos, desinfecção das mãos antes e depois de cada leitura, antes e depois de cada movimento… Uff! De repente participar na missa necessita de um Manual de instruções sanitárias. Com mais facilidade me movimento no hospital no serviço de infecciologia, acreditem! 😞
Aqui no país onde vivo, também vivemos essa realidade. Sinto me feliz porque faço parte de uma paróquia multicultural onde há um dinamismo de que gosto muito. Nas missas multiculturais canta se e reza se em português, italiano, espanhol e francês.
Apesar de se sentir uma diminuição de fiéis nas missas , os portugueses ainda respondem ao apelo do Senhor nas missas dominicais.
Agradeço o seu testemunho em cada semana.
Na sociedade em que estamos inseridos, profundamente descristianizada, exibindo até marcas de paganismo, nós católicos (não somos o fermento da massa?) temos que dar testemunho nos pequenos gestos do nosso quotidiano, com o espirito evngélico dos primeiros cristãos.
A maioria das pessoas com quem convivo, não recebeu qualquer formação religiosa, não sabe o que é rezar, está desligada de Deus e não O procura….
Na minha pequenez digo humildemente: tem piedade de mim, Senhor, que sou uma pobre pecadora. O que queres de mim, Senhor? Mostra-me o Teu caminho…
O meu suporte é a oração, por vezes numa profunda escuridão e aridez, buscando o sentido da Vida.