Sábado de manhã. O Papa Francisco aterra na Irlanda, terra natal do Niall. Entusiasmado, o Niall liga o computador e, pela internet, sem filtros nem comentadores, assistimos em direto a todo o dia do Papa, um dia cheio de encontros, discursos, caminhos. Com as imagens e os sons por fundo, vamos fazendo as nossas tarefas domésticas. Os nossos filhos sabem que o dia é especial, e por isso, há uma exceção muito bela a justificar o ecrã ligado durante a nossa refeição, coincidindo com os discursos do Primeiro Ministro irlandês e do Papa. O Niall sorri, feliz, e de vez em quando, canta o Hino Nacional, ou aponta orgulhosamente para uma paisagem que lhe é familiar.
De tarde, o Papa faz uma visita à Catedral de Santa Maria, onde se encontra com dezenas de casais de noivos, de recém-casados ou de casais comemorando os seus 25 ou 50 anos de matrimónio. Uma igreja cheia, com muitas grávidas, muitos bebés de colo, algumas crianças. O Papa fala num tom de grande proximidade, todos sorriem e dão gargalhadas, as crianças fazem o seu barulho natural sem receio. “A música mais bela é sempre a das crianças”, vai repetindo o Papa, como já é seu hábito. O ambiente não podia ser mais familiar.
No fim do dia, o Niall sintoniza, na televisão, um canal de notícias inglês, para ver o resumo do dia do Papa. Para nosso grande espanto, não há, da parte dos jornalistas e comentadores, nenhuma referência à maior parte dos discursos do Papa, nem ao encontro com os jovens casais na Catedral de Dublin. Não há referência à alegria imensa das famílias que acolheram o Papa, às palavras de esperança, fé e amor que o Papa dirigiu aos jovens casais, e que me comoveram até às lágrimas. A única referência é ao escândalo dos abusos sexuais e ao desapontamento das vítimas perante a falta de atuação da Igreja e do Papa. Parece que o Papa veio por causa dos terríveis abusos sexuais, e não pelo Encontro Mundial de Famílias. A falta de imparcialidade dos meios de comunicação social é tristemente flagrante.
Continuamos a ver as notícias, esperando alguma entrevista às famílias participantes do encontro, ou às famílias organizadoras. Mas o que surge no ecrã é uma mulher, representante das vítimas de abuso, que é entrevistada com imenso tempo de antena. Ela não está satisfeita com as palavras do Papa, nem com a Carta que o Papa recentemente escreveu, pioneira na História da Igreja, reconhecendo o terrível pecado dos abusos sexuais. Para que não restem quaisquer dúvidas, ela diz por palavras claras aquilo que já percebemos: “Não ficaremos satisfeitos senão quando conseguirmos destruir a Igreja Católica.”
Satanás deve rir-se com gosto nestes dias. Afinal, está a conseguir os seus objetivos: desviar as atenções da solução, para as centrar na maldade dos homens.
Porque quem tiver ouvidos e quiser ouvir já terá percebido a solução para os terríveis pecados da Igreja. A solução não está em fazer rolar cabeças. Isso é uma exigência da justiça, que deve ser cumprida até às últimas consequências, mas não é a solução. A solução também não está na vingança, no ódio, na raiva, que reabrem as feridas em vez de as cicatrizar. A solução não está, por fim, num mundo sem Igreja, refém da hipocrisia de um estado que condena – e muito bem – os abusos perpetrados contra as crianças já nascidas mas aceita sem problema que milhões sejam mortas antes de nascer, assassinadas naquele que devia ser o lugar mais seguro do mundo, o ventre materno.
A solução está naquilo que as notícias insistem em não mostrar: na alegria, na fé, na esperança, nas crianças brincalhonas à volta do altar, nos casais grávidos, nos casais que insistem no sacramento do matrimónio apesar de todos os ataques do mundo, nos casais que educam os seus filhos para que sejam santos e possam responder a uma possível vocação sacerdotal ou religiosa com santidade. A solução está num futuro que precisa de ser de vida, de alegria, de fidelidade, de amor.
Sabemos que os perseguidores da Igreja não descansarão enquanto não a destruírem (e não destruirão, prometeu Jesus…). Sabemos que os tempos de apostasia, de perseguição aos cristãos, do ódio à Igreja ainda estão no início. Sabemos que as coisas vão piorar, e que os nossos filhos serão chamados a um grau de heroísmo que não foi necessário connosco.
Mas ao mesmo tempo que reconhecemos que o vinho acabou, reconhecemos a presença maternal de Maria um pouco por todo o mundo, a bilha das graças vertendo sobre nós, as suas palavras incisivas sussurradas em todos os corações:
Fazei tudo o que Jesus vos disser! (Jo 2, 5)
Só o Evangelho pode curar, cicatrizar feridas, converter corações. Só o Evangelho pode trazer novos santos ao mundo e reconstruir as ruínas de Jerusalém. Só o Evangelho pode revestir de nervos, carne e pele os ossos ressequidos da visão de Ezequiel, que escutámos nas leituras desta semana que passou, e soprar neles o Espírito.
Que o Encontro Mundial de Famílias nos comprometa a todos a sermos testemunhas do amor! Ámen.
Boa tarde, mais uma vez concordamos… lamentavelmente apenas a dureza do pecado sobressai. Nada mais nos foi contado sobre o Encontro, nada mais foi enfatizado, senão a pedofilia e as famílias constituídas por pessoas do mesmo sexo e que a Igreja não reconhece enquanto tal.
Pobres jornalistas que percebem que estão a destruir a sua própria vocação, ao minar a essência da Democracia, e nem assim invertem o modo como reportam a realidade.
Sinto-me cansada de tanta confusão cultivada…
Que o Espírito Santo desça sobre nós e recordemos com esperança as palavras da Irmã Lúcia, as famílias permanecerão…