Em Caná da Galileia...


Os cânticos das Famílias de Caná

“Teresa, os cânticos das Famílias de Caná são lindos, mas não temos como os aprender! Escutar uma vez nos eventos não chega… Não há gravações?” Quase todos os retiros ouvia esta pergunta. E a minha resposta era sempre negativa, acompanhada por um sorriso triste.

Mas pouco a pouco, desisti da parte do sorriso triste; e em vez dele, comecei a lançar a pergunta de volta: “Conheces alguém que tenha um estúdio? Conheces alguém que queira fazer os arranjos musicais? Conheces alguém com muito boa vontade, muita generosidade e muito talento para nos ajudar?” Da tristeza, passei à esperança, e da esperança, à certeza: um dia serão os Jovens de Caná a concretizar os nossos sonhos. Não é isso que a juventude faz, de geração em geração?

A Sofia Portela, de Sintra, é uma Jovem de Caná cheia de talento, que esta semana entrou na universidade no curso de Ciências Musicais. Antes do verão, e conhecendo a sua paixão pela música e pela composição, lancei-lhe o desafio: “Sofia, queres harmonizar os meus cânticos, inventando vozes e compondo os arranjos instrumentais?” A Sofia ficou exultante com o convite, que acolheu como uma honra e uma alegria. Durante todo o verão, trabalhou afincadamente, com entusiasmo e determinação. E no início de setembro, apresentou-se aqui em casa pronta para ensaiar, tocar, cantar e gravar.

Faltava encontrar o estúdio, claro… Corríamos contra o tempo: tínhamos três dias para gravar dezanove cânticos! Como fazer? A inspiração surgiu de repente: o Ricardo Ribeiro, nosso vizinho, é professor de música e tem um estúdio na sua casa. Estaria disponível? Apressámo-nos a descobrir que sim, que estava, e tanto o Ricardo como a Carolina Geraldes, sua esposa, tinham todo o prazer em nos ceder as instalações durante o dia inteiro, mesmo estando eles fora a trabalhar.

Mãos à obra! Era preciso reunir as vozes e os instrumentos e começar a gravar. À Sofia, ao Francisco e à Clara juntaram-se a Maria Roque e a Raquel Duarte, que conhecem bem os nossos cânticos porque cantam todos os domingos, sem falha, connosco no coro da missa. A Raquel trouxe o seu violino, a Clarinha tocou bandolim, o Francisco e a Sofia partilharam a guitarra, a Sofia tocou o teclado, e todos cantaram.

Quem nunca gravou em estúdio não imagina o que é gravar dezanove cânticos em três dias… Ou melhor dizendo, em dois dias, porque o primeiro dia de gravações, das nove da manhã às sete da tarde, terminou num grande fracasso: o computador não fizera a ligação necessária, e não havia um único cântico capaz de ser publicado. “Já não temos tempo de gravar tudo”, queixava-se o Francisco, à noite. Tanto ele como a Sofia tinham bolhas nos dedos de tanto tocar, e todos estavam roucos. “Não podem desistir agora! Amanhã é outro dia, vamos começar do início”, incentivei. “Se em vez de dezanove, gravarem nove cânticos, já fazem um bom trabalho”, encorajou o Niall. Pouco a pouco, lutando contra o cansaço, os cinco jovens recuperaram a audácia, o entusiasmo e a energia. E no dia seguinte, estavam decididos a recomeçar.

“Deus vinde em nosso auxílio! Senhor, socorrei-nos e salvai-nos!” Cantavam os jovens, antes de gravar qualquer cântico. No meio de muita alegria, algumas gargalhadas contagiosas (que iam deitando tudo a perder), muita força de vontade e muito trabalho, os cânticos ficaram prontos.

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Os cânticos já estão disponíveis no site, em “Da nascente – Cânticos.” Sabemos que não estão perfeitos, pois não foram gravados em pistas (um instrumento de cada vez, a voz à parte), mas de uma vez só. De outra forma, a Sofia teria de ficar aqui um mês, e não uma semana! Mas o nosso objetivo nunca foi a perfeição: o nosso objetivo foi permitir a todos cantar connosco rezando, e rezar connosco cantando estes cânticos. Se nos próximos eventos já os souberem cantar; se nas vossas paróquias, os grupos corais os começarem a conhecer; e se um dia, ao visitar as vossas casas, os escutarmos nas brincadeiras das crianças e na Hora de Oração Familiar, então terá valido a pena o esforço!

Um grande bem-haja ao Ricardo e à Carolina, que nos disponibilizaram o estúdio de coração aberto e nunca se mostraram enfadados com os inúmeros telefonemas para os seus locais de trabalho, durante o dia, tentando resolver os problemas na gravação; um grande bem-haja aos Jovens de Caná, que concretizaram o nosso sonho, dando tudo, e dando até doer; e acima de tudo, um grande bem-haja ao Senhor, que nos deu o querer e o agir, como explica S. Paulo (Fil 2, 13)!

E agora, vamos, deem-nos essa alegria e cantem connosco…

2 Comments

  1. Os jovens estão de parabéns por colocarem os seus dons ao serviço de todos nós – em especial do que não sabem cantar como eu!!!
    Eu adorei cada um dos cânticos que ouvi, muitos deles comoveram-me até às lágrimas.
    Os jovens de Caná merecem sim um grande obrigada!

  2. Muito obrigada aos jovens de Caná por este trabalho! Estão de parabéns.

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