Em Caná da Galileia...


Os vírus de outono e os vírus da Igreja

Há dez dias que lutamos contra os vírus outonais cá em casa. Começou pela Sara, que veio da escola a vomitar, e um a um, têm atingido todos os membros da família, o que é natural quando se partilham os quartos da forma que nós o fazemos, isto é, três filhos em cada quarto. Um dia de cama, dois dias de dor de cabeça e cansaço, mais alguns dias sem apetite, e lá vamos recuperando, um de cada vez também.

Ontem, domingo, coube a vez ao António e ao David, os mais resistentes e, se Deus quiser, os últimos desta série, pois já passou por todos (exceto pelo pai). O David não chegou a levantar-se de manhã para a missa, o António regressou da missa e meteu-se na cama.

O grande problema das doenças virais, diferentemente de um braço partido, é naturalmente o contágio pessoa a pessoa. E é por isso que elas se tornam num “mal” a evitar a todo o custo.

Também a Igreja sofre de um terrível vírus maligno, capaz de dividir, separar, destruir. É um vírus que causa sofrimento, mal-estar, dores de cabeça e de barriga, como o vírus que atingiu a minha família. Mas ao contrário deste, não é físico, sendo todo ele de outra ordem…

Hoje, pouca gente fala em Igreja Católica como um todo. A linguagem mudou: fala-se em “católicos progressistas”, “católicos tradicionalistas”, “ala conservadora”, “ala progressista”, os “ultra” alguma coisa, “lobby” disto e daquilo… Procuram-se catalogar movimentos, sites, organizações, sacerdotes e leigos dentro da Igreja de acordo com algumas destas etiquetas, como se tudo tivesse de caber em alguma destas categorias. Avaliam-se os sacerdotes por usarem ou não cabeção, distinguem-se os leigos que ajoelham para comungar dos que se mantêm de pé, os que se vestem segundo a moda do século passado dos que ousam vestir modernamente, mas sem perder a modéstia; comparam-se missas pelas que aceitam instrumentos musicais variados ou apenas órgão de tubos (o “oitavo sacramento”, como lhe chama um padre meu conhecido). Já tive leitores deste site a escrever-me, sentindo-se um pouco confusos por não conseguirem identificar com precisão a nossa “tendência” católica… Somos tradicionalistas na nossa forma de ver a família, mas acolhemos recasados?!

Se não cuidarmos, este vírus irá causar enormes estragos na Igreja. Porque a Igreja Católica é Una, diz o nosso Credo. Não separemos o que Deus uniu! A nossa “tendência”, aqui no site, é essa mesma: somos católicos. E é tão simples, tão simples, ser-se simplesmente católico! Porquê tanta complicação? Bem disse Jesus no Evangelho de ontem:

Quem não acolher o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele. (Mc 10, 16)

O Papa Francisco, consciente do perigo de contágio universal deste vírus que se instalou na Igreja, pede-nos que rezemos, e rezemos muito, muito mais do que fazemos até agora. E vai mais longe: o Papa não nos pede uma oração abstrata ou difusa, mas uma oração muito concreta, bem conhecida de toda a Igreja Católica, bem tradicional e bem radical na sua essência: a oração a Maria, através do Terço, e a oração a S. Miguel, através da pequena oração escrita por Leão XIII.

O ensinamento mensal de outubro debruça-se precisamente sobre estas duas formas de oração, e as Famílias de Caná, obedientes em tudo ao Senhor, não querem falhar. Já o leram? Imprimam-no, divulguem-no nas vossas paróquias, meditem-no em Aldeia de Caná ou pequenos grupos paroquiais, falem dele no final da Eucaristia… Vamos, como missionários empenhados, arrasar o espírito de divisão com a nossa oração familiar!

3 Comments

  1. Bom dia… plenamente de acordo. Há poucos dias perguntaram-me, pertences à Família de… movimento que muito aprecio, e cujo símbolo trago comigo habitualmente, até porque me recorda a minha Aliança com Maria. Não, sou cristã, católica respondi de imediato e depois pensei na consagração feita connosco… mas eu sou baptizada em Cristo, o resto são as pedras do caminho em que me apoio. S. Miguel Arcanjo protegei-nos neste combate… As melhoras para todos! beijinhos
    Um abraço grande e atrasado à Lúcia e outro, hoje, ao Francisco!!!

  2. É preciso darmo-nos conta que tudo o que é divisão em algo importante é obra de Satanás. Ele é que o provocador e serve-se das pessoas que se deixam cair na sua rede. É ele que provoca a divisão nas famílias, nas Congregações, nos grupos, na Igreja, etc. Claro que todos julgam que têm razão. É o diabo a puxar pelo nosso orgulho, a cegar-nos com as nossas opiniões para não darmos ouvidos à opinião dos outros, a criar divisão, etc.

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