Em Caná da Galileia...


Pecadores e mortais

Chove lá fora, e eu regresso de mais uma das minhas muitas curtas viagens a recolher filhos. Bato à porta, apressada.

“Quem é?” Pergunta a Lúcia, sem abrir.

“Sou eu, filha, abre!”

“Não sei quem sois”, responde-me, a rir. Entro no jogo:

“Sou eu, a Teresa, professora de Inglês, catequista, escritora, co-fundadora das Famílias de Caná…” Hesito, sem conseguir encontrar mais nenhum título de honra. Uns têm demais, outros, de menos 🙂

“Repito que não sei quem sois”, responde-me novamente a Lúcia.

“Sou a Teresa, uma pobre mortal e uma pecadora!”

Agora sim, a Lúcia abre a porta e eu entro, ambas a rir.

Se não vieram ao retiro deste mês, provavelmente não conseguem entender o nosso jogo. Ou talvez sim… A verdade é que a cerimónia tradicional dos funerais na Dinastia dos Habsburgs, no convento dos Capuchinhos, é verdadeiramente impressionante. Falando da Serva de Deus Zita da Áustria, pude mostrar aos participantes no retiro este vídeo, bem a propósito deste mês de novembro, em que a Igreja nos sugere, como tema de meditação, a morte e a eternidade.

Sejamos imperadores ou sem-abrigo, tenhamos títulos académicos ou condecorações, sejamos reconhecidos pelos outros ou vivamos no anonimato, tenhamos página de Facebook ou uma conta no Youtube, a verdade é que, diante de Deus, somos pobres pecadores e simples mortais.

Quando, um dia, chegarmos à porta da eternidade e batermos, de nada nos servirão títulos, conquistas, sucessos, posses. Lembro-me sempre da resposta de Nossa Senhora à Lúcia, quando ela, a pedido de uma peregrina, Lhe tentou oferecer um frasco de perfume: “Isso não serve para o Céu…”

Para o Céu, a única coisa que serve é o amor. Estaremos a encher as nossas malas da bagagem certa?

Vejam então o vídeo connosco!

 

One Comment

  1. Obrigada Teresa, não só por este post mas pelo ensinamento de sábado! Lia algo do Padre João Aguiar Campos e voltei ao que foi dito nesse dia.
    “Andamos real e globalmente distraídos. Instalados na rotina, pensamos amar, quando a verdade é que nos limitamos a passar pela vida uns dos outros. Somos uma espécie de tangente humana na família, no emprego e na rua”.
    Talvez as malas não estejam a ser feitas com o essencial… É tempo de rever isso! 😉

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