Oração familiar, quarta-feira da semana passada. Depois do canto e da ação de graças, depois das leituras e da Novena de Caná, depois de uma ampla discussão sobre os valores do mundo e de Deus, a partir do diálogo intenso entre Jesus e o Pai, que João nos deixa espreitar, chega finalmente a hora das intenções para a oração do Terço.
São sempre muitas: pela paz no mundo, pelos meninos sem pais, pelos refugiados, pelas Famílias de Caná, para que o teste corra bem, por todas e cada uma das intenções que nos são pedidas no site… Sem grande organização, todos vamos sugerindo intenções, esperando que Deus faça surgir ordem deste caos.
Mas hoje, a Lúcia tem uma intenção especial:
“Pela minha amiga _, para que, no ano que vem, outra pessoa se torne também sua amiga. É que eu sou a única amiga que ela tem na turma, e vou-me embora para outra escola… Jesus, que ela não fique sozinha.”
O David tem também uma intenção especial:
“Pelo meu amigo_, que é diferente, tem alguns problemas… Eu e o Bernardo somos os seus únicos amigos na turma, e se os dois sairmos do Colégio, ele vai ficar sozinho.”
Hoje rezamos por estas duas intenções. E eu dou graças a Deus porque a mensagem principal do cristianismo está viva em todos os meus filhos, mesmo com apenas oito ou dez anos. Enquanto passamos as contas do Terço, parece-me ouvir Jesus dizer:
Vinde, benditos de meu Pai, recebei em herança o Reino; porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, (Mt 25, 31-46), ninguém brincava comigo e tu tornaste-te meu amigo…
Dói tanto, não dói?
Perdão Senhor, por dois mil anos de surdez no coração!
As periferias, no coração do cristianismo, na casa que escolhi para os meus filhos crescerem formalmente, porque orientada por uma Ordem católica…
Nas outras casas, esta realidade é imensamente maior… e mais dura.
Dói tanto e tão no fundo da alma, que muitas vezes nem há palavras que expressem o sentir…
Um tema de reflexão de grande pertinência e que, a meu ver, conjuntamente com a desagregação da família, ameaça o nosso modo de vida.
E é do mesmo egoísmo tolo e excesso de individualimo que se continua a tratar… A negação do grande mandamento de Jesus, o do Amor…