Linda, absolutamente magnífica, a primeira oração de intercessão de toda a Bíblia. Escutámo-la no domingo passado, na Eucaristia, e de olhos fechados, procurando abstrair-me da realidade que me cercava, eu imaginei-me há quatro mil anos atrás, caminhando lado a lado com o Senhor, que me abria, a mim, o seu Coração…
O Senhor disse então: «Ocultarei a Abraão o que vou fazer? O clamor de Sodoma e Gomorra é imenso e o seu pecado agrava-se extremamente. Vou descer a fim de ver se, na realidade, a conduta deles corresponde ao brado que chegou até Mim.» Abraão aproximou-se e disse: «Será que vais exterminar, ao mesmo tempo, o justo com o culpado? Talvez haja cinquenta justos na cidade; matá-los-ás a todos? Não perdoarás à cidade, em atenção aos cinquenta justos que nela podem existir? Longe de Ti tratar assim e matar o justo com o culpado!» O Senhor disse: «Se encontrar em Sodoma cinquenta justos perdoarei a toda a cidade, por causa deles.» Abraão continuou: «Pois que me atrevi a falar ao meu Senhor, eu que sou apenas cinza e pó, continuarei. Se, por acaso, para cinquenta justos faltarem cinco, destruirás toda a cidade por causa desses cinco homens?» O Senhor respondeu: «Não destruirei a cidade, se lá encontrar quarenta e cinco justos.» (Gn 18, 16-33)
A conversa entre Deus e Abraão continua, até as santas negociações chegarem aos dez justos. E nos dez, Abraão parou. Porque não continuou até apenas um? Um justo teria bastado para Deus perdoar a toda a cidade… Mas Abraão pensou estar a exagerar, negociando assim com Deus. E contudo, não foi Deus quem provocou a negociação de Abraão? Não foi Deus quem quis que Abraão intercedesse, ao contar a Abraão o que iria acontecer às duas cidades pecadoras? A rapidez com que aquiesceu ao pedido de Abraão, aceitando sempre as suas condições, levam-nos a crer que sim, que Deus desejava que Abraão pedisse, pedisse, pedisse…
Sim, na sua misteriosa misericórdia, Deus quer que intercedamos uns pelos outros. Todos os dias, o Senhor coloca diante dos nossos olhos o sofrimento de algum irmão em particular, de algum povo, de alguma cidade, para que negociemos com Ele como Abraão, e intercedamos por quem, como nós, é cinza e pó. Em Fátima, no dia 13 de maio, Nossa Senhora confidenciou-nos que muitas almas se perdem por não haver quem se sacrifique e peça por elas. E a Santa Faustina, que nestes dias recordamos com especial devoção em Cracóvia, nas JMJ, Jesus disse:
As graças da minha misericórdia colhem-se com o único vaso que é a confiança. Quanto mais a alma confiar, tanto mais receberá. (D. 1574)
Assim, o Senhor quer-nos mais ousados ainda do que Abraão, capazes de rezar e interceder sem cessar, até obter do Senhor a salvação para todos. Temos um argumento bem mais forte do que Abraão: não temos dez justos, mas temos O Justo por excelência, o Justo capaz de atrair o olhar misericordioso do Senhor: Jesus, que na Cruz, deu a vida por todos. Unamos os nossos sofrimentos aos seus, as nossas orações às suas, “Nós, Jesus”, e intercedamos uns pelos outros!
Aqui no site, procuramos criar uma intensa rede de oração de intercessão, em que pedimos uns pelos outros ao Senhor, como Ele deseja que façamos. Peçamos sem medo! Colaboremos nesta rede, rezando e pedindo orações, sabendo que é isso mesmo que o Senhor deseja de nós! Peçamos por aquilo que vale a pena pedir para a eternidade: peçamos que venha a nós o Reino de Deus, peçamos a conversão, a paz, a união familiar, o pão de cada dia, o regresso dos filhos pródigos, a descoberta da vocação, a felicidade conjugal. Peçamos para nós e para os nossos, peçamos por aqueles que não têm ninguém que peça por eles – o vizinho alcoólico, o colega de trabalho irritante, o chefe mal humorado, os nossos doentes, os nossos alunos, os nossos companheiros de jornada. Peçamos pela glória do Seu Nome, para que seja santificado à medida que nos santificamos também. Vamos fazer do nosso site uma verdadeira rede de intercessores, capazes de obter do Céu a salvação de todos! Ámen.
Ámen!!!
A magia dos dias passa muitas vezes pela fé em Deus.
Também ouvi esta passagem este domingo, não conhecia, e realmente gostei muito da “facilidade” com que Deus se deixava convencer por Abraão. Obrigada por partilhar.