Thank you for making our home so nice and comfortable today. We could eat dinner in the bathroom, it is so clean!” (Obrigado por teres tornado a nossa casa tão bonita e confortável hoje. Podíamos até jantar na casa-de-banho, tão limpa ela está!
Recebi este sms durante uma reunião bastante aborrecida, perto das sete horas da tarde. Contive uma gargalhada, mas não fui capaz de esconder o sorriso de orelha a orelha que se me desenhou no rosto. Que marido tão gentil eu fui arranjar, pensei para comigo. Nessa tarde, eu estivera realmente a fazer uma grande arrumação em casa, para compensar a falta de tempo dos últimos dias (ou das últimas semanas…). Depois saíra para a reunião, deixando os seis em casa (os mais novos ao cuidado dos mais velhos), sabendo que o Niall chegaria entretanto. Mas não imaginara que ele iria reparar no meu trabalho da tarde!
No mês passado, algo semelhante se passou. Ao chegar a casa, à hora do almoço, encontrei em cima da cama um bilhetinho do Niall. Por debaixo de um coração atravessado por uma seta, que ele desenhara com esmero, estavam estas palavras:
Obrigado por cuidares da minha roupa com tanto carinho. Não sei como fazes isto, mas sempre que abro uma gaveta, encontro a roupa lavada e passada, mesmo que no dia anterior a tenha colocado no cesto da roupa suja! És alguma fada?
Também eu, à minha maneira, procuro dizer ao meu marido, ao longo do dia, palavras de gratidão por todo o bem que ele me faz e à nossa família. Quantas vezes me surpreende, fazendo ele o trabalho de limpeza da casa antes de eu chegar, ou tratando da relva do jardim quando menos esperava, ou como ontem, fazendo um jantar esmerado enquanto eu participava de outra reunião! Se me sinto feliz com esses gestos, convém que lho diga. E é assim que temos vivido, apesar de todas as discussões e todos os problemas, num agradecimento constante e contínuo, dia após dia, desde há vinte anos.
Conheço vários casais que se tratam assim um ao outro, e é um deleite estar junto deles. Mas também reparo em muitos outros, nos mais variados ambientes onde me movo, que comunicam com grandes doses de agressividade, e que o fazem como se fosse natural tratar-se assim. Pergunto-me se darão conta do rosto crispado, da falta do sorriso, do olhar endurecido. Talvez não se dêem conta senão quando já for demasiado tarde.
Quando se procura a santidade, procura-se fazer o que o Apóstolo pede:
Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus. (Fl 2, 5)
O que seria de nós, se Jesus passasse o tempo a criticar o que fazemos e nunca nos elogiasse? O que seria de nós, se Jesus não sorrisse perante os nossos esforços mais ou menos patéticos, por muito poucos frutos que aparentem ter? Que seria de nós, se Jesus nos recebesse, ao fim do dia – ou quando nos lembramos de O visitar – com duas pedras na mão e um resmungo?
A beleza do amor conjugal é que nunca é tarde para reaprender a comunicar. Hoje mesmo, se assim quisermos, podemos surpreender o nosso cônjuge com um bilhetinho, um sms, uma piscadela de olho, um sorriso, um silêncio quando é de esperar um resmungo, uma gargalhada quando ele ou ela esperavam um grito… Tão simples, tão fácil, tão acessível – e tão poderoso…
Estive a ler os últimos textos (estava atrasada na leitura) e estive quase a comentar em vários, mas não o fiz. Agora neste… tinha mesmo de ser. Quando acabar o comentário, vou ali dizer à minha cara metade como gostei do seu sorriso ao chegar a casa!