Em Caná da Galileia...


Um balde de água bem geladinha, e a maravilha da vocação familiar

Entre sol e chuva, no meio de muitas poças de água e muitas brincadeiras, aconteceu o nosso retiro. Desta vez, a criançada levava mudas de meias e sapatos 🙂

“Estes são os meus retiros preferidos”, escrevia o nosso António aqui na caixa dos comentários, um dia destes. E são-no, de facto! Ninguém cá em casa quer perder o retiro mensal Famílias de Caná, que significa para todos reencontro de amigos, brincadeiras ao ar livre – faça chuva ou faça sol -, oração familiar intensa e catequese “superinteressante”, como eles avaliam sempre no final.

O retiro começou com a missa paroquial do primeiro domingo da quaresma. Depois de um intervalo para bolos, café e algumas brincadeiras, dividimo-nos em grupos para o tema proposto.

Desta vez, a catequista dos mais pequeninos foi a Gabriela Varandas, que está a concluir o curso de professora do primeiro ciclo e tem já experiência com catequese da infância. A julgar pela alegria dos seus rostos, a hora foi magnífica! Felizes, deixaram a salinha carregados com a sua “cruz”: belos calendários de quaresma, onde cada janelinha esconde uma intenção de oração familiar, para a família partilhar diariamente. Digam lá se não é uma ideia genial? A Gabriela já prometeu um post a explicar tudo, para que todas as famílias possam fazer este calendário nas suas casas.

Aos adolescentes, o Niall contou a história de Job – “uma história espetacular”, diziam eles no fim – e fez com eles um jogo que explicará brevemente num post para Atividades de Evangelização (sim, tem uma ainda em atraso desde o retiro passado, mas perdoem-nos a falta de tempo! A esperança nunca morre).

Entretanto, os adultos fervilhavam de curiosidade: quem será a Venerável que sofreu no matrimónio e, mesmo assim, triunfou? De que santa nos irá a Teresa falar? Eis, finalmente, revelado o segredo: trata-se de Cornélia Connelly, desconhecida aqui no nosso cantinho de Portugal mas bem famosa em várias outras partes do mundo, e bem famosa no seu tempo, embora nem sempre pelas melhores razões… Para saberem o resto, vejam o vídeo do ensinamento que, brevemente, estará disponível no nosso canal do Youtube.

“Que grande balde de água fria acabámos de levar na cabeça”, dizia a Sónia no final do ensinamento, sem sair da cadeira, como quem espera por mais. “Obrigada por nos incomodares assim desta maneira! Não sei como vou secar esta água toda agora!”

As histórias dos santos incomodam, de facto. Fazem-nos relativizar os nossos pequenos problemas, como dizia a Clara, fazem-nos mergulhar  na verdade do que somos e que só Deus conhece a valer, como dizia a Marisa, e fortalecem a nossa capacidade para resistir às tentações e manter firme a escolha por Deus, como dizia a Célia. A história de Cornélia Connelly irá acompanhar a nossa quaresma, com a sua alegria a marcar o ritmo da nossa renúncia, se Deus nos ajudar. O ensinamento mensal está quase pronto e apontará na mesma direção, por isso, mantenham-se atentos!

Em conversa livre nos momentos de convívio durante o retiro, um dos pontos que focámos, e ainda a partir do ensinamento, foi a novidade que o nosso movimento traz à Igreja. Às vezes, erradamente, diz-se que as Famílias de Caná preconizam um “regresso ao passado”, a um tempo em que a família era valorizada como agora já não é. Mas o simples facto de, no passado, a história de Cornélia ter podido acontecer e ter sido abençoada pela Igreja revela bem que não, a família não estava ainda, teologicamente falando, no centro da Revelação. O caminho do matrimónio não era visto como uma vocação de “primeira categoria”, a par do celibato pelo Reino, mas antes como a “ausência de vocação específica”, o caminho comum dos que não eram chamados. Mesmo que teologicamente não fosse bem assim, a prática era essa. Hoje, graças a Deus, já avançámos milhas de gigante neste caminho. E é neste contexto presente, mas a abrir para um futuro ainda em promessa, que se movimentam as Famílias de Caná.

Também o Niall e eu conversávamos sobre isto mesmo, no final do tempo de adoração que, como sempre, conclui o retiro. Contemplando aquelas famílias ali reunidas em oração, os bebés a mamar ao colo das suas mães, os pequeninos a brincar no chão diante do altar, os mais velhinhos a entrar e a sair do santuário, repetindo gestos de adoração com a sua simplicidade infantil, nós experimentávamos a novidade e a naturalidade da oração familiar.

É isto, a oração em família, dizíamos. É esta atenção voltada para Jesus, constantemente interrompida pelos apelos dos que amamos, esta oração que não é contínua, mas que a cada momento se esforça por se centrar no essencial, este chamamento a estar com Ele sem deixar de estar com os nossos. Os pequeninos que Deus nos confiou não dificultam a nossa oração: preenchem-na, dão-lhe o seu pleno sentido e realizam-na, pois são eles que tornam Deus presente aqui e agora, Deus-connosco, o Emanuel, o Menino Jesus incarnado, que orientou a vida de Cornélia Connelly e que orienta as nossas também.

Os jogos familiares com que nos ocupamos durante as tardes nos nossos retiros são também sinais desta unidade entre a vida e a oração, entre os pais e os filhos, de acordo com a promessa com que termina o Antigo Testamento:

Aproximarei os corações dos pais a seus filhos e dos filhos a seus pais. (Ml 4, 6)

Desta vez, foi a Família Patinha Oliveira a preparar um belíssimo jogo de “Quem é Quem”, ou melhor, “Quem é Santo”, e que tantas gargalhadas nos fez dar. Também sobre este jogo teremos brevemente um post!

O retiro terminou, mas a quaresma está aí. Os dados estão lançados. Iremos ser capazes de viver um bocadinho do que ontem descobrimos e experimentámos?

Vamos a isso!

 

 

 

 

5 Comments

  1. Olá,

    mais uma vez não fomos… ainda não conseguimos ir um retiro em Mogofores este ano… Será para o próximo?
    Não sei, entrego ao Senhor, e quando for, estaremos bem e partilharemos a nosso oração! presencialmente.
    Uma santa quaresma, que este seja tempo de encontro com Jesus no irmão, tal o evangelho de hoje, na medida da nossa pobreza…

    beijinhos

    • Querida Rita, pensei muito na vossa família ao escrever o Ensinamento Mensal! Um grande beijinho, na certeza de que Deus está convosco!

      • Obrigada Teresa!
        E está sim… ainda este fim de semana estivemos os três doentes, no Domingo, nem à Missa conseguimos ir… e lá vamos prosseguindo e melhorando! Só o pai, a trabalhar longe, participou na Eucaristia!
        Que Sua Mãe Nos continue a cobrir com o Seu Manto!

  2. Estela e Luís

    Teresa, fiquei mesmo com pena de não termos conseguido ir. Mas é difícil conciliar as várias agendas e ainda conseguir gerir as cólicas do bebé, que até é calminho mas que este fim-de-semana sofreu bastante da barriguinha. Quando conseguimos ir é sempre muito bom, uma mais valia para todos! Fico a aguardar o vídeo do ensinamento! Beijinhos para todos

    • No retiro, falámos de vocês, e pude partilhar com todos a vossa boa notícia! Sentimos a vossa falta, claro, mas também sabemos o que é ter um recém-nascido nos braços 🙂 Até uma próxima, se Deus quiser!

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