Em Caná da Galileia...


Um namoro em Caná… No século XXI

Escrito pelo Francisco Power e pela Sofia Portela:

Antes de começar, uma breve apresentação: o Francisco já toda a gente sabe quem é, ilusionista, futuro engenheiro mecânico, e tal… A Sofia Portela tem 18 anos, é de Sintra e está a tirar licenciatura em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Vem de uma família católica, é organista e salmista na sua paróquia e pertence às Famílias Hospitaleiras, que são uma “sequela” da Juventude Hospitaleira.

Francisco: Acordei no dia 20 de setembro de 2014 entusiasmado e preparado para um dia de retiro das Famílias de Caná. A minha família e eu viajámos os cerca de 200 km até Almada e começamos a organizar tudo, enquanto famílias alegres e bem-dispostas, com almas prontas para o retiro, iam chegando.

Sofia: Cheguei ao retiro, convite feito por uma Família de Caná amiga da minha família, e fui recebida com sorrisos de adultos e crianças e música! Uma rapariga a cantar e um rapaz a tocar guitarra… Depois da oração da manhã, durante os jogos que serviram para “quebrar o gelo”, comecei a conhecer o tal rapaz que tocava guitarra.

 Francisco: Quanto mais eu e a Sofia falávamos, mais percebíamos que tínhamos imenso em comum. Fascínio pela música, desporto, ciência, mesmo sentido de humor, até gostos de comida muito parecidos. Mas, acima de tudo, percebemos que defendíamos os mesmos valores, ideais e fé. Isso só por si fez com que nos tornássemos, quase instantaneamente, melhores amigos.

Francisco e Sofia:

Desse dia em diante, começou uma troca quase “infinita” de emails (visto que nenhum de nós tinha telemóvel ou Facebook na altura… mais uma coincidência…) e fomo-nos conhecendo melhor desta forma. Conseguimos arranjar “desculpas” para nos encontrarmos. Não era nada fácil, visto que nos separam 2h30 de viagem…

Após uns meses de troca intensiva de emails e alguns encontros, começámos a perceber que gostávamos mais um do outro do que de qualquer outra pessoa que já tivéssemos conhecido. Foi aí que não conseguimos conter as emoções (de tão fortes que eram) e finalmente dissemos um ao outro “quero-te a ti, somente a ti e farei qualquer coisa por ti, para que sejas feliz”, ou seja, amo-te. Nunca o tínhamos dito a ninguém antes…

Lá para o meio das centenas de emails trocados, já tínhamos falado de castidade. Como percebemos que ambos tínhamos a mesma opinião em todos os aspetos, não foi nada difícil começar um namoro simples, casto, católico. Sabíamos que namorar durante 7 anos (agora já “só” faltam cinco) não iria ser fácil. Com a pressão do mundo, que só fala de relações sem amor verdadeiro, as novelas que fazem parecer que o sexo após um mês (ou antes) de namoro é normal, até com a “pressão” exercida pelos nossos colegas, poderíamos sentir-nos tentados a não esperar pela altura certa; mas não foi isso que aconteceu e acontece: procuramos, cada vez mais, seguir o caminho que acreditamos ser o correto, pesquisando em livros ou sites católicos e falando com os pais, se nos surge alguma dúvida. Ambos concordamos que será muito mais romântico, no dia do nosso casamento, podermos dizer à noiva/noivo, olhos nos olhos: “Guardei o meu corpo e a minha alma, na íntegra, só para ti”.

Os ideais são os mesmos? Boa, menos uma coisa com que nos preocuparmos. Mas desde o início (mesmo antes do namoro), havia um “obstáculo” grande… Com 197,98 km, para sermos mais precisos, chegámos a passar 3 meses sem nos vermos, apenas trocando alguns emails, que evoluíram para chat no Skype e, agora, para videochamada e telemóvel. Apesar de tudo, ainda conseguimos ter mais sorte que a Teresa e o Niall, que namoraram à distância antes de haver Internet. Aliás: no meio de toda esta complicação, não nos fartamos de dizer um ao outro que somos muito sortudos em nos termos conhecido.

Já que planeamos aturar-nos um ao outro para o resto da vida, convém sermos o melhor possível como pessoa. Ora, há uma maneira muito boa de fazer isso: aprender um com o outro. Pegar no melhor do outro e usar isso para crescermos, assim como ajudar o outro a melhorar os pontos mais fracos. Por exemplo, eu, a Sofia, não tinha o hábito de rezar o terço. Passando algumas semanas em casa da família Power ganhei esse costume e agora rezo-o a caminho da faculdade. É uma boa maneira de começar a pôr em prática as Seis Bilhas de Caná no nosso namoro.

Antes de terminar, não há aí um bichinho na vossa cabeça a dizer que já ouviram falar da Sofia Portela? É verdade, fui eu, Sofia, que fiz os arranjos musicais de todas as músicas da Teresa. Ela pediu-me para fazer os arranjos dos cânticos das Famílias de Caná e nós os dois temos aproveitado as poucas vezes que estamos juntos, em Mogofores, para gravar as músicas. Apesar do stress todo, tem sido muito divertido e fantástico para nós.

Namoramos há 2 anos. O nosso à-vontade um com o outro aumentou, assim como o nosso amor. Continuamos certos dos nossos ideais e cada vez temos menos medo de nos sentirmos “extraterrestres” por namorarmos castamente, de forma pura e católica. E queremos que haja muitos mais jovens a seguir este caminho, sem vergonha, sem medo de serem diferentes da realidade de hoje em dia (que no fundo era a realidade de há uns anos). É difícil? Sim, às vezes pode ser. Vale a pena? Sim, sem dúvida! Como S. Paulo, também nós temos uma meta bem definida. E gostamos ambos de correr…

Corramos com perseverança para o combate que nos cabe, de olhos fitos no autor e consumador da fé, Jesus. (Hb 12, 1-2)

 

14 Comments

  1. Que belo e corajoso depoimento. A Sofia e o Frank são um óptimo exemplo para os nossos jovens! Que Deus os abençoe! Bjs p eles

  2. Helena Atalaia

    Que belíssimo testemunho! Cheio de maturidade e ao mesmo tempo de uma juventude radiosa!
    Já partilhei com um jovem que conheço 😉
    Obrigada! Bjs

  3. Olívia Batista

    Que bonito!
    Obrigado ao Francisco e à Sofia pelo seu testemunho cheio de vida e de esperança!
    Em Caná há muita vida… bebés a nascer, crianças a brincar e a crescer, homens e mulheres a conviver como família… jovens a namorar… é bom viver em Caná no século XXI!

  4. Que história tão bonita! Só pode ter sido escrita por Deus! Identifico-me com muito do que disseram. Feliz Dia de S. Valentim!

  5. Que partilha maravilhosa! Fiquei comovida pela coragem e profundidade.Fez-me recuar 14 anos e reviver o período em que conheci o meu atual marido e os 4 anos que namoramos à distância ( de um mero oceano…..).Foi um tempo precioso,de diálogo e conhecimento (próprio e do outro).Hoje conseguimos ver com clareza que de tudo Deus retira bem…Obrigada Sofia e Francisco por nos recordarem que em qualquer tempo podemos querer e viver um Bem Maior.

  6. Parabéns!
    Muitas felicidades para os dois!!!!

    Abraço.

  7. Mais importante do que aquilo que nos separe e o que de facto nos une. Tendo uma vida completamente diferente da do Francisco e da Sofia, ha algo em mim que se ilumina com a sua historia. Uma imensa alegria pela sua felicidade, pela clareza das suas opcoes, pelos planos,pela quietude com que parecem falar da sua historia. E estaremos ca para apoiar e, Teresa, nem pense em fechar o blog, porque daqui por 7 anos queremos uma foto do casamento (e dos netos, mas pronto uma coisa de cada vez!)

    Felicidades.
    🙂

  8. Admiro imenso o vosso testemunho! Nós por cá temos muita vergonha de assumir que levamos um namoro cristão, evitamos ao máximo conversas que possam pender para aí, com medo que façam troça! É bom sentir-me incentivada a fazer diferente e a dar o testemunho! Já agora, se puderem partilhar alguns sites/livros sobre o tema, agradeço!

    • Sofia Portela

      Olá Rute!

      Sabes, eu antes de conhecer o Francisco, também tinha algum receio em afirmar a minha fé. Mas, assim que conheci alguém que partilha os mesmos ideais que eu, senti-me mais encorajada. Esta coragem renovada ajudou a que não tivesse medo de mostrar o meu ponto de vista em relação ao sexo antes do casamento, que é a “crítica” mais comum. Eu já tinha a minha opinião formada e, “por sorte”, é a mesma que a da Igreja! 🙂

      Em relação a livros/sites católicos:
      – O livro “Namoro”, do Prof. Felipe Aquino da editora Céofas (está em português do Brasil);
      – O Youcat, da “estrelinha” 400 à 407 (e mais adiante, se quiseres mais questões relacionadas com sexualidade e afins);
      – O site http://chastity.com/ ;
      – E neste artigo estão 12 canais de Youtubers católicos, alguns deles já casados e com filhos. São brasileiros e falam de coisas sérias a brincar, mas sem perder a seriedade que estes assuntos têm 😉 http://pt.aleteia.org/2017/01/24/12-youtubers-catolicos-que-voce-precisa-conhecer/?utm_campaign=NL_pt&utm_source=daily_newsletter&utm_medium=mail&utm_content=NL_pt Aliás, este artigo foi a Teresa que nos mostrou.

      Diverte-te a explorar!
      Felicidades para vocês os dois!

      Sofia Portela

      • Obrigada, Sofia!
        Dos que escreveste ainda só tinha lido os “capítulos ” do YouCat.
        Beijinhos e felicidades para vocês também :).

  9. Conceição Simões

    Bem vindos ” extraterrestres” Que Deus vos acompanhe sempre.

  10. Há uns meses, não sei como, ainda no blog, encontrei as Famílias de Caná. Fiquei curioso e admirado pelo que partilham e vivem, que o interesse de vos conhecer levou-me até à primeira publicação do blog. Percorri tudinho. Lia e meditava… e sonhava.
    Hoje não posso deixar de partilhar o meu comentário. Não sou destas coisas de comentar na internet. Mas não resisti.
    Senti uma alegria imensa. O vosso testemunho fortaleceu-me, incentivou-me a ter um namoro santo!
    Tenho a família Power e as famílias de Caná como modelo. É assim que sonho a minha, uma família de Caná. Continuarei a acompanhar-vos.
    Obrigado!
    Rezo por vós.

  11. Francisco e Sofia,
    Primeiro que tudo, os meus parabéns pela vossa coragem de partilhar assim o vosso namoro. Como notaram, já deu os seus frutos!
    Gostaria apenas de deixar uma nota: o namoro é o tempo por excelência para se conhecerem e fazerem planos para o futuro. É linda a forma como falam dos sete anos que faltam para o casamento, mas se, até lá, as coisas mudarem (imaginem que vão fazer Erasmus e conhecem um(a) irlandês(a) 🙂 ), é mesmo assim. Não se sintam constrangidos por este belo testemunho que deram, e muito menos obrigados a casar por causa disso – uma das causas mais comuns das separações são os namoros longos que já ninguém (nem os próprios noivos) ousa duvidar que devem prosseguir para casamento… mas se calhar teriam feito bem em questionar.
    Por favor, não interpretem esta minha mensagem como um mau augúrio. A maturidade que já revelaram ter vai, de certeza, ajudar-vos no discernimento do vosso caminho.
    Felicidades!

    • Francisco Power

      Olá Margarida!
      Nós sabemos que o namoro é um tempo que serve pricipalmente para nos conhecermos, saber se fomos mesmo feitos um para o outro.
      O marido/mulher é a única pessoa da família que podemos escolher, portanto é bom que não escolhamos mal.
      Estamos neste momento plenamente contentes um com o outro, mas temos sempre a consiencia aberta para a possibilidade de um futuro completamente diferente do que imaginamos agora, seja com outra pessoa ou até mesmo outra vocação.
      Claro que neste momento parece inconcebivel, mas nunca continuaremos a namorar só porque nos sentimos constrangidos por este testemunho ou pelo que já passámos juntos. Tem razão, essa é, infelizmente, uma frequente causa de divórcio.
      Mas, enquanto não encontrarmos alguém que amemos mais do que nós nos amamos um ao outro, vamos manter esses pensamentos um pouco negativos mais afastados do pensamento.

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