Há algum tempo atrás, entrámos de rompante na vida de uma família aqui perto, necessitada de um ombro amigo. Bem, em vez de um, encontraram oito ombros amigos, o que não é, de todo, para desprezar… Que grande festa a nossa amizade tem sido! Os filhos deste casal, o André e a Raquel, e os nossos têm tido, juntos, muitas aventuras. Na praia…
No campo…
Em belos passeios de bicicleta…
E até, no Canto de Caná!
Num fim de tarde da semana passada, recebemos um telefonema da Raquel: “Teresa, temos uma surpresa aqui para vocês. Podem cá passar num instantinho, os oito? Tem de ser os oito… É só um instante!” E lá fomos nós, os oito. Quando chegámos, a Raquel e o André colocaram no chão um rolo: “Agora desenrolem juntos!” Desenrolámos, muito curiosos. Depois demos uma gargalhada: que tal?
Este belo tapete personalizado foi feito ao jeito das Famílias de Caná. Querem ver porquê? Porque primeiro, foi preciso conversar em família, perceber os sentimentos de cada um, partilhar a mesma sensação de gratidão. Depois, foi preciso pôr a imaginação a trabalhar: “Como vamos nós agradecer? Que gesto concreto podemos fazer?” Finalmente, foi preciso trabalhar em conjunto, todos os dias, serão após serão, enquanto se conversava, se via televisão, se ria, se partilhava a vida. Um tapete feito em família, pensado na família, oferecido em família. Cada nó dado, é um nó familiar. E essa é, claramente, a melhor parte.
Os longos dias de verão estão aí. A maior parte das crianças está de férias, e por vezes, “sem nada para fazer”. Por que não aproveitar os serões, as tardes livres, para um trabalho conjunto, em família? E se esse trabalho puder ser oferecido a outra família, tanto melhor!
Que o nosso Tempo de Família seja cada vez mais um tempo em família oferecido a quem mais dele precisa, porque há tantas periferias por aí à espera de uma “Família-cântaro”… Não disse ontem o Evangelho que precisamos de ser cântaros?
Quem der de beber a um destes pequeninos, ainda que seja somente um copo de água fresca, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa. (Mt 10, 42)
Que os nossos gestos sejam verdadeiros tapetes, estendidos no caminho dos nossos irmãos, amparando as suas quedas e as suas necessidades num gesto de gratidão, de intercessão, de comunhão…
Parabéns aos artistas! Está muito bonito o tapete e foi uma ideia excelente, persistentemente cumprida pela família do André e da Raquel, porque é sempre mais fácil “comprar feito”, mas é infinitamente mais valioso oferecermo-nos e darmo-nos. Já fiz tapetes e os primeiros nós são um desânimo – bem como os segundos, os terceiros, etc. Louvo a persistência de ter a ideia, decidir e, depois, o mais difícil: persistir nas decisões tomadas.