Proposta da Marisa Milhano, catequista
Estamos em plena época Pascal, tempo mais que favorável para explorarmos as cartas dos primeiros Apóstolos e descobrirmos os ensinamentos que eles têm para partilhar connosco. Estes ensinamentos são uma mistura entre as palavras de Jesus, a Sua vida e pregação, e o testemunho dos primeiros discípulos, que vivenciaram tudo na primeira pessoa, e que contribuíram activamente para o florescer da Igreja, que crescia a cada novo dia …
O Apóstolo São Pedro, o nosso primeiro Papa, falando aos primeiros cristãos, exorta-nos assim na sua 2ª Carta
“Aproximando-vos dele [do Senhor], pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus, também vós – como pedras vivas – entrais na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.
Por isso se diz na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida, preciosa; quem crer nela não será confundido. A honra é, então, para vós, os crentes; mas, para os incrédulos, a pedra que os construtores rejeitaram, esta mesma tornou-se a pedra angular, e também uma pedra que faz tropeçar, uma pedra de escândalo. Tropeçam nela porque não creram na palavra; para isso estavam destinados.
Vós, porém, sois linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido em propriedade, a fim de proclamardes as maravilhas Daquele que vos chamou das trevas para a Sua luz admirável; a vós que outrora não éreis um povo, mas sois agora povo de Deus, vós que não tínheis alcançado misericórdia e agora alcançastes misericórdia.” (2 Pe 2,4-10)
Alguma vez pararam para pensar em como as “pedras” podem ser usadas tanto para o mal, como para o bem?
Sim, por um lado, as “pedras” podem ser usadas para serem atiradas às outras pessoas, ferindo e magoando, podendo chegar a matar (os judeus consideravam esta prática lícita para condenar quem cometia um pecado ou crime grave). Podem também ser usadas para construir muros, que nos afastam uns dos outros, impedindo-nos de chegar perto do outro ou (pior ainda) que o outro chegue perto de nós e nos ajude. As “pedras” podem também impedir o nosso caminho, impedindo-nos de avançar e de continuar a caminhar. Por fim, as “pedras” – em especial as mais pequeninas, aquelas que mal damos conta – podem fazer-nos tropeçar e cair redondamente no chão …
Contudo, por outro lado, essas mesmas “pedras” podem ser usadas para outros propósitos. Em vez de construirmos muros, podemos escolher usar essas mesmas “pedras” para construir as paredes fortes e robustas duma casa de família, duma escola ou duma casa comum a toda a comunidade … Em vez de impedirem o caminho, essas mesmas “pedras” podem ser usadas para nos fazer chegar mais alto, até alturas que antes jamais pensaríamos ser possível alcançar … As “pedras” que nos possam ter sido atiradas podem, na verdade, servir para nos fazer “acordar” e ser a forma que Deus encontrou para nos ensinar a construir um novo caminho … Por fim, essas “pedras” matreiras que em tempos nos fizeram tropeçar e cair, podem muito bem ser – se, em vez de as atirarmos logo para longe num acto de ira, pegarmos nelas e olharmos com verdadeiros “olhos de ver” – autênticas pedras preciosas, raras e especiais, um presente único e irrepetível que Deus nos deseja oferecer … Sim, as “pedras” podem, realmente, ganhar vida …
Mas, afinal, estarei eu apenas a falar de meras pedras ou de “pedras”? 😉 Deixo ao vosso critério …
Voltemos à 2ª Carta de São Pedro, que nos fala duma “pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus” e que “a pedra que os construtores rejeitaram, esta mesma tornou-se pedra angular“.
A pedra angular era o nome que se dava à primeira pedra que era escolhida e colocada para construir um edifício, sobre a qual se colocariam todas as outras pedras necessárias à construção. Sem aquela primeira pedra, a mais perfeita que se podia encontrar, não era possível construir uma casa com as paredes direitas e nivelada, correndo o risco de todo o edifício um dia cair, ruir e destruir-se …
Sabemos todos muito bem que São Pedro se referia a Jesus, vivo e ressuscitado, ao falar desta “pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus” que se tornou “pedra angular” de toda a Igreja.
Mas São Pedro vai mais longe: convida e exorta cada um de nós, cristãos, a sermos também “pedras vivas” à semelhança de Cristo Ressuscitado. Como?
“Também vós – como pedras vivas – entrais na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. (…) Vós, porém, sois linhagem escolhida (…) a fim de proclamardes as maravilhas Daquele que vos chamou das trevas para a Sua luz admirável (…) sois agora povo de Deus.”
Se somos cristãos – se cremos verdadeiramente que Cristo ressuscitou e que vive – então podemos tornar-nos autênticas “pedras vivas” do templo espiritual do Senhor: pedras fortes e robustas, capazes de resistir às dificuldades, de proteger e apoiar os outros, de criar caminhos de amor até aos irmãos, de ajudarem o outro a chegar mais alto. “Pedras vivas” dispostas a oferecer sacrifícios agradáveis a Deus por Jesus Cristo, proclamando a todos os que nos rodeiam as maravilhas realizadas por Aquele que nos chamou das nossas trevas, do nosso pecado, do nosso homem velho, até junto da Sua luz admirável. “Pedras vivas” da Igreja – na nossa família, na nossa comunidade, na nossa escola, no nosso trabalho, junto dos nossos amigos …
Então, como poderemos fazer para relembrar-nos desta exortação de São Pedro, na nossa família, ao longo da semana?
Sugiro-vos irem dar um passeio em família, até um local onde possam apanhar algumas pedras, com um tamanho razoável.
Depois, em casa, desafio-vos a juntarem-se para pintar essas pedras, desenhando imagens ou figuras ilustrativas das diversas formas como podemos ser chamados a ser pedras vivas do templo do Senhor.
Por exemplo, desenhando uma mão que ajuda, um coração que ama, um sorriso que alegra, uma lágrima que é secada, uma pomba que represente a paz, uma folha verde que represente a esperança ….
Em alternativa, podem escrever a caneta permanente uma palavra em cada pedra, como AMAR, AJUDAR, SERVIR, PERDOAR, CARINHO, PACIÊNCIA, PAZ, AUTO-CONTROLO, GENEROSO, ALEGRIA, FÉ, ESPERANÇA …
(Se não for possível irem à rua, então desenhem vocês mesmos as pedras, recortem-nas, depois escrevam e pintam também)
Depois, podem espalhar pela vossa casa as vossas “pedras vivas” – uma na secretária onde se fazem os trabalhos da escola ou onde os pais estão agora a trabalhar, outra na sala onde brincamos e rezamos, outra em cada mesinha de cabeceira, uma no estojo da escola, outra na janela da cozinha … E, ao longo da semana, podem ir mudando essas pedras de lugar todos os dias, surpreendo-vos uns aos outros.
Assim, desta forma, de cada vez que virem uma dessas pedras, lembrar-se-ão de que Deus nos chama, através das palavras de São Pedro, a sermos as pedras vivas do templo do Senhor, e incentivar-nos-emos uns aos outros a sermos também!
Parabéns por esta Criatividade do Amor
Aleluia
Gostei muito.
Gostei do vossa imaginação! E interessante!