As palavras mágicas e o jardim do Paraíso

“Podes, por favor, controlar as crianças? Estou numa vídeo conferência internacional, sou eu neste momento o palestrante, não posso desligar o microfone e já nem consigo concentrar-me no que estou a dizer. Obrigado!” O e-mail chegava-me do outro lado da casa. Era do Niall que, fechado no nosso quarto como sempre desde o início do confinamento, procurava trabalhar. Eu também estava diante do computador – a tempo de ler a mensagem de desespero e de sorrir com o “por favor” e o “obrigado”, pois o Niall nunca se esquece das boas maneiras – mas tinha os auscultadores nos ouvidos. Já(…)

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Laudato Si e a casa comum da nossa aldeia

Vivemos um ano aniversário da Laudato Si. Tenho grandes expetativas para este ano! Aos quinze anos, decidi que o meu primeiro filho se chamaria Francisco, em honra de S. Francisco, o pobrezinho que cantava à chuva e que brincava com as flores, enquanto se entregava por completo ao amor de Deus na oração contemplativa e no serviço aos últimos dos últimos. O Niall aceitou a escolha deste nome. Hoje, o nosso Francisco tem 21 anos, e tanto ele como os seus irmãos estão acostumados a brincar à chuva, a subir às árvores, a plantar flores, a colher frutos, a tomar banho(…)

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Amor, Arte e Beleza

Desafio de Ano Novo da Olívia Batista   Há muito, muito tempo atrás quando era estudante, numa disciplina com um nome esquisito, tão esquisito que ainda me lembro dele (estética e fenomenologia da arquitectura e do urbanismo) os professores pediram-nos que observássemos com atenção o percurso entre a casa onde vivíamos (durante a semana de estudo) e a faculdade. Depois de o fazermos deveríamos escrever um texto a descrever esse percurso tendo em atenção as várias sensações que ele nos transmitia, as cores, o aspecto da paisagem… de tudo o que observávamos. Ora, grande parte do meu percurso era de(…)

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O ouriço-cacheiro, os comboios e Nós

Noite estrelada, luminosa, fresca e bela, na quinta do santuário. O Canto de Caná no centro, as tendas a toda a volta. Já tudo está em silêncio, depois de muitas correrias com lanternas, muitos jogos às escondidas, muitos risos e muita conversa – porque não há nada melhor num acampamento que as brincadeiras à noite quando se tem oito, dez, doze anos… Mas agora, já todos dormem. Todos, não: o Daniel recusa-se fechar os olhos. Parece querer ver as estrelas lá no céu, e a noite à sua volta é grande demais para o conter, tão ao contrário desta tenda(…)

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As vinhas de Caná

No sábado dia 18 foi dia de plantar vinhas em Caná. Caná de Mogofores, entenda-se! O senhor Joaquim e a D. Elisabete, generosamente, ofereceram as vinhas; o senhor Joaquim, o Niall e o André foram plantá-las. Cavaram, plantaram, regaram, e assim andaram o dia inteiro, transpirados mas felizes. O resto da família Power, naturalmente, aproveitou a “desculpa” das vinhas para passar um belo dia na quinta salesiana. Patins, bicicletas, matraquilhos, jogos de escondidas no canavial e debaixo do Canto de Caná – que como o nosso querido arquiteto Joaquim Santos previra, é suficientemente alto para permitir brincadeiras debaixo do estrado(…)

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Vamos abrir os guarda-chuvas!

Não há som mais bonito a acordar alguém durante a noite que o som da chuva a tilintar no telhado! Aí vem ela! Mas todos sabemos que não basta chover uma noite. E por isso, não vamos baixar a guarda… Há uns tempos atrás, D. Manuel Clemente pediu que se fizessem orações pela chuva, inclusive na missa. Agora foi a vez do nosso bispo, D. António Moiteiro: Peço a todos os sacerdotes que introduzam em todas as Eucaristias na nossa Diocese de Aveiro uma prece na Oração dos Fiéis a pedir o dom da chuva e rezem a oração feita(…)

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A terra que não semeámos

Eram onze da noite de sábado quando conseguimos finalmente deitar os quatro mais novos – em duas camas, num dos quartos da casinha de férias que alugámos na Irlanda. Sentados a seu lado, com os dois mais velhos, fizemos a nossa oração familiar. O dia tinha sido longo, com viagens de carro, avião, autocarro, carro novamente. As emoções tinham sido muitas também… Voltar a ver os avós, os tios e alguns dos 19 primos irlandeses fora suficiente para dissipar todo o cansaço. Agora, abraçados uns aos outros sob o edredão – que o verão irlandês é, digamos, ligeiramente diferente do(…)

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No cimo da montanha

Este ano, as nossas férias foram no cimo da montanha, lá onde as horas passam devagar; onde é preciso dar prioridade aos rebanhos de cabras, vacas e cavalos que pastam, desacompanhados, durante o verão inteiro e se atravessam diante de nós como senhores absolutos da montanha; onde os cumes exercem um poder de atração tão grande, que nenhum esforço é demasiado para os alcançarmos; onde o silêncio é como uma muralha à nossa volta, separando-nos do mundo; onde nos descobrimos sós, longe das multidões, e ao mesmo tempo, de uma forma única, privilegiada, escondidos no abraço omnipresente de Deus. O(…)

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