Palavras, silêncio e a Palavra

Uma das coisas que mais me custou na estadia no hospital foi – não se riam – a televisão sempre ligada no quarto que partilhava com mais três pessoas. Para descansar a cabeça, dirigia-me ao refeitório, onde havia muitas mesas disponíveis e onde me fartei de trabalhar a este computador, escrevendo ensinamentos e artigos. Mas também no refeitório a televisão estava sempre, sempre ligada. Era preciso um esforço sobre-humano, especialmente numa situação de debilidade física como a minha, para me abstrair de todas as coisas que ali eram ditas. Jogos, novelas, notícias do mundo, informações que nada significam para a(…)

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Hospitais

Quando, há dez anos atrás, vivi dois meses no hospital, ao lado do Tomás, abriu-se um mundo novo diante de mim. Todas as manhãs, depois de deixar o Francisco e a Clarinha na escola, dirigia-me ao Pediátrico e rendia o Niall, que passava as noites ao lado do nosso bebé (algo que a minha barriga de grávida não permitia). Chamávamos a isso, brincando – nunca se deve perder o sentido de humor! – a nossa “passagem de turno”: eu ficava no hospital durante o dia e o Niall ia trabalhar, e ao fim do dia voltávamos a trocar. Todas as(…)

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