A Igreja está a arder! (Sobre os abusos sexuais na Igreja, 1ª parte)

Notre Dame está a arder! Assim abriam os noticiários na segunda-feira da Semana Santa de 2019. Um dos mais eloquentes símbolos da civilização cristã estava em chamas, e para quem está atento aos sinais dos tempos, a mensagem era clara: a Igreja está a arder. Um ano depois, aqui em Portugal, entrámos na Quaresma ao mesmo tempo que éramos impedidos de participar na missa dominical e de comungar. Enquanto o mundo elogiava a prudência da Igreja e o seu papel no controlo da pandemia (fizemos bem em desconfiar!), nós agonizávamos com Cristo, perguntando-nos o que quereria Ele dizer à sua(…)

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Notre Dame, os edifícios, a pandemia e os sinais dos tempos

De vez em quando, na minha oração, procuro fazer sentido do emaranhado de fios que tecem a minha vida, o mundo, a Igreja. Procuro colocar os acontecimentos sob a luz que me chega do Evangelho e descobrir detalhes divinos. No fundo, procuro ler os sinais dos tempos, como Jesus pediu que fizéssemos. Há alguns anos, no nosso país e noutros, o sistema das escolas católicas começou a desmoronar-se. Com a perda dos contratos de associação, a maioria viu-se condenada a despedir professores, perder alunos e, finalmente, a fechar portas. Olho com tristeza para tantos edifícios construídos com esforço, com o(…)

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Jesus, o Salvador

Uma das imagens que as televisões mostraram nestes dias de incêndios foi a de um grupo de pessoas sentadas no chão, diante da imensa fogueira em que as suas terras se transformaram, a rezar o terço. Avé-Marias gritadas, uma após outra, sem pausa, como sem pausa era a sua aflição. Em alturas de desespero, não há melhor conforto do que o da oração, bem o sabemos. Quando nada nos pode valer, Deus pode; quando tudo está humanamente perdido, resta-nos a certeza de que Deus tem poder para acalmar a tempestade, curar as feridas, multiplicar os pães, transformar a água em(…)

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Fogos e Divina Providência

Escrevo neste momento rodeada de fumo e fagulhas. Mal se respira lá fora no jardim. Ontem, domingo, o fumo subia em cascatas à volta de toda a casa, e a Lúcia passou a tarde de terço na mão, encolhida no sofá. Quando hoje levei os meninos à escola primária, os pais não arredavam pé do portão: deixamos ou não deixamos os nossos filhos? Estarão em segurança? É que neste momento, no nosso país, já não confiamos em ninguém. A lição do Pedrógão foi bem aprendida: o pior pode mesmo acontecer, e pode acontecer-nos a nós. Há umas horas, publiquei um(…)

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Missão jovem nas cinzas do Pedrógão #2

Escrito pelo Francisco Power (continuação do post anterior): O nosso principal trabalho foi, como referi no post anterior, nas hortas, nos pomares e na preparação de kits de sementes para distribuir. Mas fizemos outras coisas! Logo no primeiro dia, tivemos a “praxe” do voluntariado: como estava muito calor para começar a plantar fosse o que fosse, fomos para um ginásio enorme completamente cheio de caixotes de roupa para fazer triagem e separação. Neste momento já não é necessária mais roupa, e a que chega está a ser encaminhada para os PALOP. Se por um lado é bonito ver a generosidade(…)

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Missão jovem nas cinzas do Pedrógão #1

O nosso Francisco acabou os exames do primeiro ano de Engenharia Mecânica numa quarta-feira, e na sexta-feira seguinte partiu em missão. Uma semana depois regressou, com muito, muito para contar. Tanto, que resolvemos dividir por dois posts! Aqui fica, pois, o seu testemunho: Escrito pelo Francisco Power: Desde as Jornadas Mundiais da Juventude 2016, o meu grupo fantástico de Jovens do Estoril e Lisboa e eu andámos a planear um campo de trabalho para fazer este verão. Com a infeliz catástrofe que começou em Pedrógão Grande há um mês, decidimos tornar esse campo de trabalho numa missão de voluntariado para(…)

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E se eu morrer esta noite?

O verão chegou, e com ele, um pouco por todo o lado, chegou também a morte. As notícias sucedem-se: crianças esquecidas dentro de carros, famílias que perdem os filhos nas praias e nos rios, e agora o fogo que, de um momento para o outro, tudo arrasa, prédios ou estradas, moradias ou 26ºs andares. Enquanto uns contam os dias para o início das férias grandes, outros, sem o saber, contam os dias para a morte. Não é possível assistir ao desenrolar das imagens aterradoras das últimas horas sem que os olhos se nos encham de lágrimas. Podia ter sido connosco…(…)

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O fogo do Amor

Manhã de domingo. Na missa, de pé, escutamos atentamente o Evangelho. Vim trazer o fogo à Terra. E como gostaria que já estivesse aceso! (Lc 12, 49) A sério, Jesus? Depois de uma semana de inferno no nosso país, com incêndio atrás de incêndio, destruição atrás de destruição, famílias inteiras em lágrimas, casas destruídas, aldeias arrasadas, só faltavas vir Tu deitar mais lenha nesta enorme fogueira! Escutei o Evangelho com um sorriso nos lábios. Já estou acostumada ao tom provocatório de Jesus, esse Jesus que nunca se preocupou em ser politicamente correto e sempre incomodou tanta gente. E continua a(…)

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No útero da misericórdia

Férias familiares na Serra do Gerês. Este ano, e pela primeira vez em dezassete anos, não tenho um bebé ou uma criança com menos de três anos para cuidar. A Sara tem quase quatro e alinha com os irmãos em todas as brincadeiras, “explorando” por todo o lado como eles. Assim, enquanto os meus filhos correm pela aldeia e pelos montes em redor em animada celebração da vida e do verão, eu sento-me confortavelmente numa cadeira e leio. Que luxo, meu Deus! Entre os livros que trouxe para as férias, e porque quero estar atenta a todas as graças deste(…)

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