Testemunhos


É tempo das Famílias de Caná!

Testemunho da Isabel Marantes:

Neste tempo de ouvir, todos nós nos podemos aperceber do que Deus nos quer dizer e do bem que Ele pede que tiremos de toda esta situação que vivemos…

Mas para isso é preciso ouvir… ouvir os Sinais dos Tempos, como diz a Teresa.

E penso que para cada um, a mensagem pode ser um pouco diferente, de acordo com as circunstâncias que atravessamos neste tempo difícil.

Mas para todos, é um tempo de ouvir…e decidir…

Tal como disse o Papa Francisco no Momento Extraordinário de Oração a 27 de Março na Praça de S. Pedro:

 decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros.

A mim sinto que Deus me grita: É TEMPO DAS FAMILIAS DE CANÁ!

É tempo de (re)descobrir a família como Igreja Doméstica. E com o Amor que transborda dessa Igreja Doméstica (que não é feito tanto com sentimentos, como sabemos, mas com a vontade madura de querer sempre o bem do outro), contagiar outras famílias, a comunidade, a aldeia, a vila, a cidade…o mundo!

Mas temos de começar pelas nossas casas, pela família.

Sinto realmente que dentro e fora das nossas famílias, mais do que nunca, é tempo de ouvirmos o que Jesus disse a Marta:

Uma só coisa é necessária. (Lc 10, 42)

Em nossa casa, esta Quaresma em quarentena trouxe um canto de oração diferente:

A Eucaristia (feita com um kit de legos) estava no centro da nossa coroa de espinhos, significando o maior jejum de todos.

Digo “estava”, porque na semana passada, ao falar com uma amiga sobre as graças que sinto que a nossa família já recebeu por estar todos os dias reunida à volta do canto de oração a rezar, senti uma tristeza na sua voz quando me disse: “Para esta Quaresma já não vou  a tempo”. Então, no dia seguinte, deixei à porta de sua casa a nossa coroa de espinhos e todo o material necessário para o canto de oração da sua família, porque com Deus vamos sempre a tempo!

Ao lado da Eucaristia, os meninos colocaram figuras de Lego que representam todas as pessoas por quem rezamos todos os dias de uma forma especial: porque também de uma forma especial nos servem neste tempo de quarentena (muitas vezes separados das suas famílias) ou porque são pessoas que estão doentes ou sozinhas: os profissionais de saúde, as forças de segurança, as pessoas das cadeias de produção e dos supermercados, as pessoas que fazem a limpeza de todos estes sítios, que recolhem o nosso lixo, mas também os doentes, os idosos (seniores!) que estão sozinhos, os presos, etc.

Na nossa Semana Santa, que já começámos a viver, temos meditado no Evangelho de uma forma especial, tentando seguir os passos de Jesus, tentando ir buscar as passagens do Antigo Testamento em que Jesus se baseia para contar determinada parábola ou dizer determinada frase. Todos temos aprendido imenso.

Quando tenho dúvidas, tenho visto algumas coisas do site: www.formed.org. É um site Americano com conteúdos muito bons (vídeos, audios, livros electrónicos) e que, nesta altura de quarentena, cedeu acesso livre (sem subscrição) durante 40 dias. Vale a pena ver. Também tem conteúdos para crianças e jovens.

Temos já ideias para o resto da semana. Na quinta-feira santa faremos, à semelhança do que temos vindo a fazer noutros anos, um jantar com “comidas bíblicas”, mas sobretudo aquelas que nos lembram a Páscoa dos judeus, ou como aqui se diz, o Passover.

Algumas das coisas que já fizemos noutros anos e que vos podem dar algumas ideias são:

-pão matzá, que comprámos, ou panquecas sem fermento (não deve haver “pão ázimo” que as crianças mais gostem!)

-sumo de uva ou simplesmente uvas

-maçã com canela- simboliza a argamassa que era usada pelos judeus para fazer tijolos.

-perna de frango grelhada (quando não encontramos cordeiro!)

-alface, grelos- as ervas amargas que simbolizam a amargura do tempo de escravidão (também já utilizámos pepino para o David quando ele era mais pequeno!)

-água salgada- simboliza as lágrimas e o suor derramado pelos judeus durante a escravidão.

Depois de uma bela refeição a falar da última ceia de Jesus e a recontar a história do Êxodo para se entenderem os simbolismos dos rituais e da comida, faremos o nosso “lava-pés familiar”.

Já é o segundo ano que o fazemos e devo dizer-vos que é das experiências mais enriquecedoras e profundas que se podem viver em família nesta Semana Maior.

Colocamos água quentinha com sais de banho ou gel de banho com um cheirinho muito bom e, depois, um de nós imita Jesus a lavar os pés dos restantes membros da família.

Para além da risota e das cócegas nos pés que alguém sempre tem, é maravilhoso ver como os filhos se sentem movidos quando a mãe lava os pés do pai e quando o pai lava os pés da mãe. É daquelas situações em que uma imagem vale mesmo muito mas do que mil palavras.

Lembro-me que um dos nossos filhos, certa vez, não queria que eu lhe lavasse os pés. Preferia ser ele a lavar os meus pés. Fiquei a pensar no que nos será realmente mais difícil fazer: se lavar os pés aos outros ou se deixar que nos lavem os pés a nós. Isto é, se custa mais ajudar ou deixar-se ser ajudado…

Na sexta-feira santa faremos a via sacra, com alguns objectos que vamos colocando em cima da imagem que simboliza cada estação.

Esta ideia foi tirada deste site: https://www.catholicicing.com/stations-of-cross-eggs-for-catholic/

E leremos, com certeza, os textos que a Teresa escreveu!

Na Páscoa, faremos uma Caça ao Tesouro, tal como fizemos noutros anos, mas desta vez em casa. Os meninos terão de encontrar todos os “ovos”. Cada “ovo” tem dentro uma frase da história da Páscoa. No final, têm de colocar as várias frases por ordem. Quando conseguirem, terão uma grande festa com os seus doces preferidos (que aqui em casa são cheesecake e mousse de chocolate).

Não importam os pormenores de como celebraremos estes dias que se seguem. Mas celebraremos sempre com Cristo no centro.

E para aqueles que não vão conseguir celebrar esta Páscoa com nenhum outro membro da família porque nos estão a servir, porque estão doentes ou porque estão sozinhos, quero dizer-vos que vemos em cada um de vós “outro Cristo”. E prometo-vos que estarão no nosso canto de oração em especial nesta Páscoa e que pediremos para vós e para as vossas famílias as graças que mais precisarem.

Continuemos, então, este nosso caminho rumo à Páscoa!

 

 

 

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