O Canto de Oração Familiar
As Famílias de Caná constroem, num lugar central das suas casas, um Canto de Oração Familiar, onde se reúnem uma vez por dia, dedicando ao Senhor o “horário nobre” da sua vida familiar.
Porque o Canto de Oração deve congregar a família inteira, dos mais pequeninos aos mais velhos, ele deverá ser atraente, belo, sugestivo, de acordo com a sensibilidade estética e religiosa de todos os membros da família. Deve também acompanhar o ritmo do ano litúrgico, com criatividade e simplicidade, permitindo à família rezar com a Igreja Universal.
No Canto de Oração, a família reza unida e os pais evangelizam os seus filhos, a partir da Palavra de Deus, manifestada na Bíblia e no Magistério da Igreja. A própria preparação do Canto de Oração no início de cada tempo litúrgico é em si mesma uma bela catequese, que envolve os sentidos, a inteligência e o coração.
Oração Familiar
A oração familiar deve conter elementos de louvor, gratidão, súplica, intercessão, pedido de perdão, reconciliação. Deve conter momentos de silêncio, de palavra, de escuta, de partilha, de canto e, até, de dança. Não deverá ser complicada nem demasiado solene, para não quebrar, antes realçar a intimidade e o aconchego familiares. Diz-nos a Bíblia que Moisés “falava com Deus como um amigo com o seu amigo” (Ex 33, 11), e assim queremos nós também rezar.
A oração diária começa com a afirmação do primado de Deus, que se revela no amor ao próximo:
Shemá
“Escuta Israel
O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás o Senhor com todo o teu coração
Com toda a tua alma e com todas as tuas forças
E amarás o próximo como Jesus nos amou.
Faz isto e serás feliz.”
O Rosário
Na Carta Apostólica O Rosário da Virgem Maria, S. João Paulo II recorda o episódio das Bodas de Caná, em que Maria assume o papel de mestra, “quando exorta os servos a cumprirem as disposições de Cristo” (nº14). Assim, conclui o papa, “percorrer com Ela as cenas do Rosário é como frequentar a «escola» de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem” (nº14).
Como os servos em Caná, também as Famílias de Caná querem ter Maria por mestra, aprendendo com Ela a meditar em toda a vida de Jesus, rezando em família alguma parte do Rosário todos os dias. Esta oração é tão apropriada a adultos como a crianças, segundo a nossa mestra nos ensinou em Fátima, ao pedir aos pastorinhos, com sete, nove e doze anos, que rezassem o terço todos os dias.
Os mistérios do Rosário são, na verdade, a forma mais simples de contar às crianças a história do Evangelho. Uma família que reza o terço todos os dias percorre, no espaço de uma semana, os mais importantes episódios do Evangelho, crescendo assim em gratidão e contemplação diante de um Deus que por nós se faz bebé, criança, adulto, por nós se entrega até à morte, por nós ressuscita e a nós abre as portas do Céu. A partir da meditação dos mistérios do Rosário, ensina-se e aprende-se o catecismo e descobrem-se as riquezas infinitas do Evangelho. Como Maria, também a família que reza o terço diariamente “conserva todas estas coisas, ponderando-as no seu coração” (cf. Lc 2, 19).