“De Sião será dito: ‘Todo o Homem ali nasceu e foi o Altíssimo que a firmou. Tanto os príncipes, como os
filhos, todos têm a sua morada em ti!” (Salmo 87, 5.7)
A Liturgia da Igreja Doméstica
Todas as famílias católicas têm a sua morada na Eucaristia. A Missa é a nova Sião, a Casa onde os cristãos
se reúnem para se saciarem de Deus. Mas a Eucaristia não termina ao fim de uma hora. Aí nascida, é preciso
que cada família católica se encontre e reúne todos os dias em sua própria casa, vivendo da Eucaristia até ao
Domingo seguinte. A liturgia dominical prolonga-se e completa-se, pois, na liturgia doméstica. Assim nos
assegura o Papa Leão: “A Eucaristia celebra-se não só no altar, mas também na vida quotidiana, onde é
possível experimentar tudo como oferta e ação de graças.” (Catequese 6-8-25)
Ritos iniciais
Despertamos, a cada manhã, como quem entra no Templo sagrado de um novo dia. Que ninguém em nossa
casa se levante sem fazer o Sinal da Cruz! Abençoemos os filhos e ajudemo-los a voltar o olhar para Deus.
Bom Dia! Dizemos. A saudação matinal tem a força divina da saudação dominical: “O Senhor esteja
convosco!” Sejamos carinhosos e intencionais, partilhando a bênção de Deus com a nossa saudação.
Ao longo de todo o dia, iremos repetir e partilhar palavras de acolhimento, pedidos de perdão,
agradecimentos e louvores uns com os outros, em família. É Deus aqui pelo meio, como no início da Missa.
Liturgia da Palavra
O Povo de Deus cresceu a contar e a ouvir histórias. A nossa relação com Deus passa por uma imensa
biblioteca de palavras humanas e divinas, a que chamamos Bíblia. A palavra é tão importante, que Deus Se
manifesta como a própria Palavra, e Jesus encheu os seus ensinamentos de histórias, ou parábolas.
Não subestimemos a importância da palavra em nossas casas! É essencial ter tempo para conversar em
família, todos os dias. Saibamos trazer para os momentos em que estamos juntos, temas que achemos
importantes, da política à História, da religião à vida animal, do Espaço à arte, e acolhamos os temas que os
nossos filhos acham importantes, sem nos mostrarmos aborrecidos. Conversemos!
Contemos histórias, muitas histórias. Entre elas, as belas histórias da Bíblia e as vidas dos santos, mas
também as histórias reais dos seus antepassados e as histórias fantásticas dos livros infantis e juvenis. O
Papa Francisco recordou-nos a importância da literatura no desenvolvimento espiritual dos seres humanos.
Escrevendo aos sacerdotes em julho do ano passado, lembrou que a literatura educa o coração e ajuda ao
amadurecimento espiritual, abrindo espaços interiores de empatia e compaixão.
A liturgia da Palavra cumpre-se, em casa, cada vez que levantamos os olhos das nossas importantes tarefas
para escutar aquele grito entusiasmado da criança: “Mãe, nem imaginas o que aconteceu!” E prolonga-se,
depois, em todas as conversas, em todas as histórias, e por fim, nas leituras bíblicas da Oração Familiar.
Liturgia Eucarística
No centro da Missa, como da vida familiar, está a mesa. Eucaristia significa “Ação de Graças”, e os
primeiros cristãos também lhe chamavam “Fração do Pão”. Podemos dizer que ambos os termos se
cumprem nas nossas casas, não com a realidade sacramental de Deus feito Pão, mas à maneira de espelho.
Começamos a refeição familiar dando graças. O mesmo Deus que, na Missa, Se faz Pão e Vinho, senta-Se
agora connosco à mesa e tudo abençoa. Comer é, pois, um ato sagrado! Não deixamos nada ao acaso.
Aprendemos a comer com bons modos, não porque é de bom tom, mas porque o ato de comer se tornou
sagrado desde o momento em que Deus Se sentou à mesa com os homens, primeiro na tenda de Abraão,
depois, sobre o monte Sinai, por fim, nas casas dos pescadores galileus, e agora, aqui em casa.
Preparamos a refeição com a certeza de que o fazemos para Deus, como Sara preparou o pão para a
Santíssima Trindade, naquela tarde em que descobriu que ia ter um filho; ou como Marta cozinhava para
Jesus e os Doze (não admira que precisasse de ajuda!), sempre que o Senhor passava por Betânia. Uma
toalha lavada, pratos bonitos, e em dias de festa, uma vela ou uma jarra de flores – tudo merece o mesmo
cuidado solene com que os acólitos preparam o altar. É em casa que aprendemos a solenizar a Eucaristia, e é
na Eucaristia que aprendemos a solenizar os gestos simples e quotidianos de preparar uma refeição.
Depois, juntos, arrumemos a cozinha. Há discussões, todos empurram para os outros? Claro! Mas não se
aprende, desistindo. Sejamos persistentes, porque lavar a louça também é um gesto divino.
Ritos finais e o envio
A Missa termina com a bênção e o envio. Assim também na família: a cada dia, é preciso que os seus
membros partam em missão, para a escola, o trabalho, a casa dos amigos, o bairro, os clubes. A família,
como a Eucaristia, é o ponto de partida e o ponto de chegada. Não é uma redoma, uma estufa ou uma prisão.
Ajudemos os nossos filhos a desenvolver a consciência de missão, dando Jesus a todos, com simplicidade.
Compromisso
Durante este mês, desenvolvamos a consciência de que a vida familiar é liturgia doméstica, vivida sob o
sinal da Eucaristia. A nossa vida, alimentada pelo Pão e pela Palavra, é verdadeiramente sagrada. Ámen!

Muito obrigada, Teresa 🙏🏻❤🌟
Ámen.
Teresa,
Bem haja por este maravilhoso relato de liturgia de uma igreja doméstica.
🌹❤️🙏