Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus?
Foi há mais de duas décadas, esta pergunta. Foi há mais de duas décadas que, diante do Senhor, respondemos “sim, estamos.” E foi precisamente há duas décadas que a aventura da maternidade e da paternidade começou.
Ao consultar o meu diário íntimo dos primeiros tempos de casada, encontrei a afirmação: “Dizem-me com frequência que não serei capaz de ter tantos filhos quantos desejo, porque sou uma pessoa frágil, que se cansa facilmente e precisa de dormir muito.”
Já não me lembrava desta minha “versão” anterior à maternidade! Há quanto tempo! Na verdade, nessa altura uma simples gripe atirava-me para a cama, e um problema na escola fazia-me chegar às lágrimas…
Eram três da manhã numa destas madrugadas, e eu, sentada na cama a dar o biberão ao Daniel, lutando contra o sono e contemplando o seu rostinho feliz, não conseguia deixar de pensar neste milagre do Senhor.
Só posso concluir que Deus não chama os capazes, antes capacita os que chama. E uma das formas mais eficazes que Deus tem de nos capacitar é, precisamente, oferecendo-nos filhos – muitos ou poucos – nos momentos mais turbulentos das nossas vidas jovens. Pois já não sei se somos nós que os educamos, se são eles que nos educam, fazendo de nós pessoas melhores…
Ó Deus, Tu nos puseste à prova
E nos purificaste como se faz com a prata.
Fizeste-nos cair na armadilha,
Puseste um fardo pesado às nossas costas.
Deixaste passar os cavaleiros sobre as nossas cabeças,
Passámos pela água e pelo fogo,
Mas por fim, deste-nos largueza e liberdade.
Por isso, entrarei com holocaustos na tua casa
E cumprirei as promessas que te fiz… (Sl 66/65, 10-13)
Passámos pela água e pelo fogo, e chegámos à outra margem, a margem da felicidade…
«Foi há mais de duas décadas que, diante do Senhor, respondemos “sim, estamos.” »
E eu fui e sou testemunha dessa palavra dita, vivida e agora concretizada na vida do dia a dia
Com a ajuda de Maria não vos falte a força e o ânimo para assim continuardes a viver e a testemunhar