Em Caná da Galileia...


S. José, o chefe de família

Hoje começa a Novena a S. José. Rezem-na connosco! Aqui no site, em Orações, está a que eu mesma escrevi, para fazermos em conjunto.

Também a Clarinha escreveu e musicou um cântico a S. José, que cantou e gravou e está disponível no site, na barra lateral. Está ou não bonito?

Que dizer sobre S. José? O maior santo de todos os tempos – depois de Nossa Senhora – é mencionado em meia dúzia de versículos nos Evangelhos. A sua humildade era tão grande, que nem a Bíblia a traiu.

Que dizer sobre S. José? Que se tornou no maior santo de todos os tempos, sem nunca ocupar o primeiro lugar. Na Sagrada Família, José é claramente o número três. E a sua santidade começa precisamente nesta aceitação humilde da sua condição, sem desejos de protagonismos.

E no entanto, sendo o menos “importante”, José era o chefe de família. Tanto Maria, como Jesus aceitavam a sua liderança serena e inspirada. De Nazaré a Belém, de Belém ao Egito, do Egito novamente a Nazaré, José conduzia a Sagrada Família, autorizado pelo próprio Deus, que o instituiu chefe de família.

Como institui todos os maridos e pais. E se hoje vivemos uma séria crise familiar, ela passa também por aqui, pela inabilidade de muitos homens em assumirem o seu papel, não de protagonistas, não de superiores, não de autoritários, mas de chefes de família, capazes de escutar a voz de Deus e a traduzir em decisões familiares, como José.

E porque é o pai, e não a mãe, o chefe de família? Precisamente pela capacidade, marcadamente masculina (sim, os sexos têm características diferentes!), de fazer a ponte entre a família e o mundo. Porque a mãe dá à luz, mas o pai corta o cordão umbilical, uma e outra vez; a mãe dá colo, o pai lança o filho ao ar, em contínuos movimentos de vaivém – a brincar e na vida real; a mãe dá o leite, o pai dá o alimento sólido; a mãe abriga, o pai desafia; a mãe transporta o filho num abraço, para que viva ao ritmo do seu coração; o pai transporta-o às cavalitas – para que veja o mundo, bem apoiado nos seus ombros…

Assim, o pai cristão deve ser o primeiro a ajoelhar, conduzindo a família na oração. “Bastava-me olhar para o meu pai para ver como rezam os santos”, escreveu Santa Teresinha na sua autobiografia. Quando uma criança vê o seu pai, o seu herói, de joelhos, ela toma consciência da grandeza de Deus – Alguém diante de Quem o seu pai, tão grande e forte, se ajoelha!

Pelo contrário, se o pai permanece no fundo da igreja durante a missa, ou até lá fora, no café; se não se interessa pela catequese, se não conduz a família em oração, ele está a dizer aos filhos que Deus não é importante, nem merece que nos incomodemos por Sua causa. E porque é o pai quem faz a ponte entre a vida familiar e a vida em sociedade, a criança vai interiorizar que a fé não é necessária para a sua integração no mundo. Poderá mantê-la durante a infância, mas terá dificuldade em a assumir diante dos amigos ou na escola e possivelmente perdê-la-á quando decidir trilhar o seu próprio caminho.

Faltam, na Igreja, mais chefes de família na linha da tradição da História Sagrada, capazes de conduzir a sua família na fé, como Josué à entrada da Terra Prometida:

Eu e a minha família serviremos o Senhor! (Js 24, 15)

Em vinte anos de paternidade, o Niall aprendeu muitas coisas. Recentemente, tem vindo a fazer uma descoberta que o surpreendeu: à medida que os filhos vão deixando a infância e entrando na adolescência e na juventude, vão precisando cada vez mais da sua palavra, do seu exemplo, da sua liderança serena e segura. Se o meu lugar, como mãe, é absolutamente fundamental na infância, o dele é absolutamente fundamental na juventude. E o Niall não estava à espera de tal! A revelação estimulou a sua responsabilidade, alertou-o para a importância da sua oração pessoal como forma de se pôr à escuta do plano de Deus para a sua família e ofereceu-lhe mais uma razão para se manter jovem e em forma: o Daniel ainda agora nasceu…

Imagino algumas leitoras deste site, neste momento, lamentando não haver um pai presente e atento na vida dos seus filhos. Estarão eles, por isso, perdidos? Claro que não. É para esses casos que vale a Palavra da Escritura:

Aos homens é impossível, mas a Deus não, porque a Deus, tudo é possível. (Mc 10, 27)

Se não há um pai presente na vida dos teus filhos, pede a S. José que seja esse pai. E verás como ele honrará o seu nome e assumirá o seu papel!

S. José, pai de Jesus e chefe da Sagrada Família, rogai por nós!

Ámen.

18 Comments

  1. Pilar Pereira

    Tão bom começar o dia com a leitura deste post! Vou tentar rezar a novena a s. José convosco – aliás, vou tentar que rezemos em família a novena a S. José…

  2. Catarina Ramos Tomás

    Um dia uma senhora pergunta a um menino:
    – Sabes quem é Deus?
    O menino pensou um pouco e depois respondeu:
    – Não sei explicar quem é, mas posso dizer-lhe que deve ser Alguém muito importante…
    O meu pai até se ajoelha para falar com ele!

    Tenham uma boa semana!

    • Obrigada pelos comentários tão constantes, Catarina! (E Pilar, e Catarina Silva, e Célia, e Olívia, e Helena, e outras pessoas também!) É para mim um consolo saber que o que escrevo faz eco nos leitores, e se não houver quem comente, como vou saber? Que o Senhor vos abençoe!

      • Catarina Ramos Tomás

        Faço minhas as palavras da Catarina Silva!
        Obrigada nós, pelo tempo que tira à sua família para escrever! E acrescento, e para evangelizar! O que escreve faz eco e promove mudanças!
        A minha família é hoje uma família diferente graças ao vosso testemunho! Não é perfeita, não corre tudo bem! Não é igual a nenhuma outra. Mas também já não é a mesma família de à uns tempos atrás.
        Estamos a caminho!

      • Célia de Jesus

        😊🙏🙏🙏

  3. Catarina Silva

    Olá Teresa,
    Obrigada nós, pelo tempo que tira à sua família para escrever!
    Também quero comentar este post, mas vou fazê-lo por mail porque neste “tempo favorável” em que estamos da Quaresma, quero ter muito cuidado com as palavras que digo/escrevo e sei que este é um tema que mexe muito comigo, por isso não quero proferir palavras que não sejam justas ou que magoem alguém 🙂

  4. S. José amou incondicionalmente e esteve presente, ocupado com os afazeres do mundo em que viviam.
    Pai é quem está presente, também preocupado com as coisas do mundo dos filhos, pai dá serenidade aos desvarios da mãe, pai dá amor e segurança, na inflexibilidade do não, quando é preciso. Pai faz descer á terra os filhos adolescentes, que vivem às vezes nas ilusões normais da idade, pai é escutado pelo tom de voz, somente pelo olhar e pela presença.
    As mães são o açúcar, os pais a farinha e o fermento. Sem ambos o bolo jamais seria doce, saboroso, alto e fofo e consistente.
    S. Jose é o guia de todos os pais. Obrigada pelo post, neste tempo em que são precisos pais como s. José.
    Bjs
    Carla
    PS: estamos por cá todos os dias😉😉😉

  5. Isabel Marantes

    Querida Teresa, tenho a certeza de que os seus textos fazem eco em muitos, muitos corações!!! Mas tem razão, vamos comentar mais, não só para comunicarmos melhor com a Teresa, mas para comunicarmos melhor uns com os outros, para aprendermos uns com os outros, nesta maravilhosa Família que são as Famílias de Caná, sempre aberta a todos!

  6. Querida Teresa,
    Eu cá também leio sempre os posts com muita atenção, mesmo quando não comento ou me identifico, suscitam sempre contemplações internas importantes. Neste caso, pessoalmente, não acredito que seja apenas o pai o chefe de família. Nem gosto da expressão chefe. E o pai também dá colo sim senhor, também abriga, pode dar leite e dá muitos abraços…para mim há sempre dois chefes numa família, quando há dois pais. São ambos chefes, com o mesmo poder de decisão. Mas percebo que a Teresa esteja a falar do conceito de pai cristão e que o meu raciocínio venha de outra vivência. Eu não vejo um pai como cristão ou outra coisa qualquer, ou uma mãe, vejo como pai, e mãe, só. E felizmente tenho dois maravilhosos. E também não concordo que a capacidade de fazer a ponte entre a família e o mundo seja uma qualidade apenas masculina. um beijinho e continue a fazer-me pensar!

    • A Sara é uma comentadora assídua, e por isso também, muito obrigada! Como diz a Isabel, não é tanto por mim, mas para que a nossa comunidade online cresça e seja cada vez mais forte, que é importante comentar.
      Pois, estes temas dão sempre muito que falar, e há as mais variadas interpretações daquilo que é o princípio desejado por Deus… O facto é que a própria Igreja tem um chefe, na pessoa do Papa, e que esse chefe a conduz inspirado pelo Espírito, e que esse chefe deve, como Jesus, lavar os pés aos irmãos… E Nossa Senhora sempre foi e é mais importante que os Apóstolos ou José, e contudo… Mas o pai pode dar leite, sim, e o Niall dá muitas vezes 🙂 Bj!

      • 🙂 beijinho e obrigada

      • Catarina Ramos Tomás

        Não me incomoda nada que o Chefe da família seja o pai. Na minha família de origem (entenda-se pai, mãe e mana) o meu pai deixou de trabalhar muito novo e veio para casa tomar conta da minha irmã. Foi o meu pai que cozinhou, que lavou e estendeu a roupa, foi o meu pai que acompanhou o nosso progresso escolar (as reuniões, os trabalhos de casa…)
        Nunca deixou de ser ele o Chefe da família, de conduzir a oração familiar e a nosso caminho, claro contando com a ajudar preciosa da minha mãe que além de diária, era essencial no final do mês em termos económicos.
        Percebo no meu pai a mensagem que a Teresa quer passar. Tenho a graça de o ter na minha vida e de ser exemplo, de serviço aos outros e ao Senhor, para os meus filhos…

  7. Célia de Jesus

    Que linda mensagem! Obrigada!

  8. Rogério Tavares Ribeiro

    Olá Teresa!
    Não tenho comentado mas estou sempre atento aos seus posts!

  9. Querida Teresa, eu também cá venho diariamente, embora não comente.
    Este post hoje tocou-me cá dentro…
    “… se o pai permanece no fundo da igreja, ou mesmo lá fora….”
    Beijinho grande

  10. Presente!
    Pois também por cá ando, apesar de comentar muito pouco… Muito obrigada pela generosidade em tirar tempo para nos oferecer estes posts.
    Neste caso concreto, confesso que tenho muita dificuldade em aceitar que o pai seja o chefe de família, com a missão de a guiar na fé e de fazer a ponte da família com o mundo. Havendo mãe, creio que essas responsabilidades deverão ser partilhadas entre os dois, sendo que as diferenças de personalidade devido aos géneros (pese embora muitas vezes se caia em estereótipos) servem precisamente para ambos se complementarem e, desde aí, fazer juntos um caminho mais forte, decidido e seguro.
    Mas não pretendo entrar em polémicas, esta é apenas a minha visão de família, a partir de uma experiência em que se às vezes um está mais fragilizado é o outro que assume as “rédeas”, e vice-versa.
    Um beijinho.

    • A Margarida comenta bastante, e não pouco! Obrigada, em nome de toda a comunidade de leitores, porque estou certa de que é através dos nossos comentários que vamos criando comunidade, na partilha que se gera. E podemos entrar em polémicas à vontade, se assim quisermos chamar à saudável partilha de pontos de vista, porque não estamos a tratar de dogmas ou princípios indiscutíveis da nossa fé, mas de visões. E claro que aqui, nos comentários, também está em jogo a palavra “chefe”, que precisamos de usar no sentido cristão do termo, e o sentido cristão é muito, muito diferente do sentido mundano, especialmente nos dias de hoje, em que nos chegam cada vez mais histórias tristes de violência doméstica. Eu acredito – eu – que o pai cristão é imbuído por Deus chefe de família, capaz de traduzir com fidelidade a vontade de Deus sobre a sua família. E isto não tem nada a ver com divisões de tarefas domésticas, ou com a visão tradicional do homem trabalhador e a mulher em casa, porque no nosso caso concreto, nada podia ser mais longe da verdade! Bj

  11. Presente!! Todos os dias! 🙂 Muito obrigada pela vossa constante partilha, tão enriquecedora! beijinhos para toda a família!

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