Em Caná da Galileia...


Ainda a jangada – e todos vós

No último post, falei-vos das nossas férias em família e de uma série de questões que me atravessavam o pensamento na altura. Bem-hajam pelos vossos comentários tão sinceros e bonitos! É uma alegria, para nós, lermos nomes novos e receber palavras bonitas sobre todo este trabalho que, como “cordéis dobrados em três”, como jangadas na água, como irmãos que vivem unidos, vamos construindo.

Eu sei que a semente vai germinando, sim. E é precisamente porque o sei, que vos pedia feedback, alguma partilha do que vão vivendo a partir do que por aqui vão lendo. Seria mera vaidade, pedir-vos esta partilha para que eu não desanime. Não é esse o motivo – embora, como humana e pecadora que sou, ajude 🙂 – mas antes a certeza de que, com mais partilhas, mais forte a nossa jangada se torna, mais fortes seremos no meio do mundo.

Deixem-me recordar-vos uma belíssima Palavra do Papa Francisco:

Lembremo-nos de que um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais agradável a Deus do que a vida externamente correta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades. (Papa Francisco, AL 305).

Perante esta afirmação, caem quaisquer tentações de vaidade ou superioridade. Como eu admiro as famílias que são capazes destes “pequenos passos” em meios hostis à fé!

E deixem-me recordar-vos ainda uma Palavra de S. Paulo:

O marido não crente é santificado pela mulher, e a mulher não crente é santificada pelo marido; de outro modo, os vossos filhos seriam impuros, quando, na realidade, são santos. (1Cor 7, 14)

Que maravilha, não é verdade? Pequenos passos, famílias onde há apenas um crente, ou dois ou três, famílias que, tronco a tronco, corda a corda, vão construindo a sua jangada e atravessando a corrente, mesmo que, como comentava a Paula e a Susana (veem como já sei os nomes?), tenham de remar contra a maré. Se persistirem no seu esforço, os seus familiares serão santificados por eles – Palavra do Senhor! – e a sua vida será agradável a Deus – Palavra do Papa! Que queremos mais?

Os nossos retiros não se destinam às famílias santas, porque essas já não precisam de retiros 🙂 Também não se destinam apenas às Famílias de Caná, as famílias comprometidas com o Movimento, as que querem viver por completo – numa perfeição crescente – todo o carisma, a espiritualidade e a missão que propomos. Os nossos retiros são para todas as famílias, e são também para quem quiser vir mesmo que a sua família não o queira acompanhar. Que ninguém fique em casa, se se sentir chamado!

Num dos últimos retiros, depois do meu ensinamento, num tempo de perguntas e respostas, alguém dizia: “Eu sei que os meus filhos não são os melhores, mas…” E logo do fundo da sala, uma voz se levantou: “Cá os meus são!” Demos todos uma gargalhada de grande cumplicidade. Pois não é verdade que a nossa família é, a nossos olhos, a mais bela do Universo, ainda que a mais imperfeita? E que não a trocaríamos por nenhuma outra? Porque não havemos de ter nela um santo orgulho, mesmo que lhe falte muita coisa? Porque não havemos de, por ela, vir aos retiros e encontros, sabendo que, santificando-nos nós, a santificaremos também?

Alguns comentários, tão cheios de humildade, recordaram-me as palavras do Evangelho:

Quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: amigo, sobe mais para cima! Ficarás assim honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado.” (Lc 14, 10-11)

Por isso, fica o desafio de quem vos convidou: amigo, sobe mais para cima! Atreve-te a partilhar connosco as maravilhas que o Senhor vai fazendo na tua família, por muito pequeninas que sejam – ou precisamente por isso mesmo! Estamos desejosos de ouvir…

 

11 Comments

  1. Bem-haja Teresa pelo exemplo de santidade da vossa família. Que inspiração. Por cá vamos tentando, passinho a passinho, aprender a seguir o vosso exemplo. Ainda temos muito caminho a percorrer, é verdade…. ansiamos pela oportunidade de podermos participar num dos vossos retiros. Que nunca perca o ânimo, e continue a partilhar com os leitores (ainda que poucos) os vossos exemplos de santidade. Que o Senhor vos cumule de bênçãos.

  2. Olá famílias de caná! Certamente não me conhecem porque é a primeira vez que escrevo neste blogue, apesar de acompanhar regularmente as vossas partilhas. Participei, com a minha família apenas num retiro- sobre a vida de S. Luís e Santa Zélia Martin- devo dizer que todos cá em casa gostaram muito desse dia. Agradeço a Deus pelo surgimento das famílias de caná e por este movimento ter surgido no nosso país. Apesar de a minha família não ser família de caná, desde que vos conhecemos que temos mudado muita coisa cá em casa e “passinho a passinho” o ambiente familiar vai mudando. Desde que acompanhamos as vossas partillhas que, cá em casa, a tv deixou de ter tanta audiência, o canto das brincadeiras passou a ser mais frequentado e a oração familiar tem sido diária. Nem todos os dias rezamos o terço mariano completo, ainda, porque os miúdos não se concentram o tempo todo, ficam impacientes e a resmungar, mas refletimos nas leituras do dia e rezamos pelo menos um mistério, tenho a esperança que daqui a algum tempo consigamos rezar o terço todo. Fiquei contente por a Teresa ter esclarecido que todas as famílias podem participar nos retiros, andava na dúvida sobre se poderiamos participar ou não nos vossos retiros uma vez que já pertencemos a outro movimento de espiritualidade conjugal e não queremos, de todo, que nos interpretem mal pensando que somos “salta pocinhas” que andam de movimento em movimento, pelo contrário, agradeço a Deus o movimento que acolheu a minha família desde o início do nosso matrimonio, mas normalmente nos vossos retiros é possível levar os filhos e na maioria dos retiros dos retiros do outro movimento tal não é possível. Reconheço a importância e pertinência das famílias de caná nos dias de hoje, por alertarem para a prioridade do tempo familiar, para o compromisso na oração familiar diária e no serviço à Igreja. Que Deus abençoe a família Power, todas as famílias de caná e todas a famílias do mundo, para que mais jangadas possam ser construídas.

  3. Olá Teresa! Já me conhecem, pelo menos por alto! Já acompanho à muito tempo o blog e agora o site mas apesar de sempre ter tido a curiosidade de ir a um dos retiros, ficava sempre de pé atrás porque, se for, tenho de ir sozinha. Mas já de alguns tempos para cá tenho a sensação que isto vai mudar, e este texto ainda me deu mais confiança para ir a um dos retiros e vós conhecer (a todos!!) finalmente. Obrigada!!

  4. Paula Almeida

    Olá família Power
    Por aqui há novidades: no sábado a família completa foi à missa!!!!😊😊😊
    Quando fui fazer a minha leitura (faço parte da equipa das leituras) e olhei para o meu lugar e vi o meu marido e as minhas 3 filhas só conseguia pensar “obrigada Jesus, obrigada Jesus” de tão feliz!!!!
    E agora só consigo dizer “obrigada família Power, obrigada família Power pelo vosso testemunho “.
    Beijinhos
    Paula Almeida

    • Que alegria, Paula! Ainda ontem, ao rever o nome assinado no comentário ao primeiro post da jangada, me recordava de uns mails trocados há uns anos, e pensava: “Acho que esta Paula tem três filhas…” Acertei 🙂 E agora, todos juntos na missa, bingo!!! Nós, Jesus!

  5. Susana Machado

    Olá Teresa e a todos que por cá passam,

    Tão feliz fique ao ler o texto e lá bem no meio, parecia o meu nome, o coração até bateu mais forte.
    Tal como a Vera, também comigo se passou o mesmo, desde que acompanho o Blog a TV deixou de fazer sentido, pois aproveito o pouco tempo livre para ler e “mastigar” bem tudo o que a Teresa escreve até aos comentários de cada um.
    Também gostava de participar num dos vossos retiros, acho que vou desafiar a Luísa D., que tal como eu não quer ir sozinha 😉
    Beijinhos
    Susana Machado

    • Ah, é amiga da Luísa? 🙂 A Luísa e a Clarinha já são amigas, pois já se encontraram na vida real e já marcaram mais encontros! É assim que, aos poucos, vamos passando do virtual para a realidade e formando comunidade! Força aí!

      • Gostei muito de me encontrar com a Clarinha! Mas tirando os nomes dos Power, não conheço mais nenhuns… Acho que devo me desafiar a mim mesma (e às pessoas a quem faz sentido este desafio) a começar a conhecer mais nomes, virtualmente e ao vivo. Por isso acho que aceito o desafio Susana. 😉

        • Susana e Luísa fiquem então a contar conhecer uma Filipa que também, certamente, só conhece os nomes dos Power…por enquanto!! 😉 Lá estaremos, se Deus quiser, para aumentar a lista dos nomes conhecidos e partilhar a alegria de sermos comunidade!

          • Combinado! Lá estaremos!! Beijinhos Filipa. E beijinhos Susana. E beijinhos Teresa.

  6. Estive de férias 3 semanas e durante esse tempo a net fica off! Conclusão: agora estou a ler os posts todos de seguida (desde os do acampamento de Caná) e estou num turbilhão de emoções!! 🙂 Tanta coisa bonita! Obrigada Teresa pela excelente “reportagem” e partilha! Já me emocionei tantas vezes…
    Na nossa casa os miúdos ainda são muito pequeninos, entre 1 ano e os 7 anos. A nossa oração familiar diária ainda é muito simples/a possível…
    Temos experimentado várias abordagens para os conseguirmos sossegar e manter focados… aqui vai o que temos feito: ler o evangelho do dia e depois eles pintarem um desenho sobre o evangelho, fazer sempre a partilha de intenções e acção de graças, rezar o pai nosso e avé maria… o que resulta melhor é, sem dúvida, cantar se for com gestos a acompanhar, melhor ainda! 😀
    Mas muitas vezes (a maior parte das vezes) começam aos saltos, dispersam-se a brincar com qualquer coisa que de repente encontram, começam à zaragata, começam a falar por cima de nós porque se lembraram de algo naquele instante para dizer… :/ enfim… “work in progress…”

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