Em Caná da Galileia...


Os mimos de Deus

Num dia da semana passada, recebi, através do mail de contacto aqui do site, uma simpática mensagem da Aida, chefe de escuteiros em Lisboa. Já nos conhecíamos virtualmente do blogue Uma Família Católica, pelo que foi com alegria que recebi a sua partilha sobre um pequeno acontecimento durante as Jornadas Mundiais da Juventude. Depois pedi-lhe autorização para o publicar, porque foi motivo de longas conversas cá em casa sobre a forma de agir de Deus. Passo a citar:

“Ao acompanhar o blogue fiquei a saber que o Francisco participaria na JMJ e pensei que seria giro cruzar-me com ele no meio de toda a confusão de uma JMJ. A verdade é que no meio da confusão e do cansaço daqueles dias quase me esquecia de estar atenta para talvez encontrar o Francisco… sabendo claro que a probabilidade de isso vir a acontecer ser quase nula.

Mas quando ia com o meu grupo para o campo Blonia para a missa com o Papa Francisco,  a rua em que caminhávamos encheu-se de confusão e de sirenes e o Papa Francisco passou. O meu grupo conseguiu esticar-se e vê-lo, mas como sou baixinha não vi nada. Continuámos a andar e passamos por outros portugueses. De repente lembrei-me: “Olha, já me tinha esquecido do Francisco Power”. Virei-me para o lado e perguntei ao rapaz que passava por mim de onde eram (Esta deve ser a frase mais repetida entre peregrinos do mesmo país ou de países diferentes, em todas as línguas e mais algumas!).

Com um sorriso simpático, o rapaz respondeu-me que eram do Estoril, mas que ele era de Anadia! Fiquei completamente surpresa e muda por uns segundos. Qual a probabilidade disto acontecer?! Éramos dois milhões de jovens… Disse ao Francisco que o conhecia. Não sei quem ficou mais embaraçado… Desculpa Francisco! E obrigada pela simpatia! Vamos acompanhando o blogue e sentimo-vos como família, mas vocês não nos conhecem de lado nenhum!

E foi isto. Esta partilha é para dizer que este encontro no meio da multidão vai ficar no baú das minhas memórias de Cracóvia. Com ele o Senhor mostra-me, mais uma vez, como a oração nos une uns aos outros e como Ele enche a minha caminhada de muitos mimos porque me ama muito! Assim dizia o Papa Francisco na homilia no campo da misericórdia.”

Bom Jesus 8

Fui de imediato ler este mail ao Francisco, que com o mesmo sorriso embaraçado que terá feito em Cracóvia, me confirmou a história. Mais tarde, o Niall e eu ficámos ainda longo tempo a conversar sobre o episódio. Coincidência? A lei da probabilidade? Nada disto existe na linguagem de Deus. Palavras como “sorte”, “azar”, “destino”, “coincidência”, “acaso” não fazem parte do seu dicionário. Nem tudo o que nos acontece é, infelizmente, vontade de Deus – tomáramos nós fazer a vontade de Deus a toda a hora! – mas tudo o que acontece é permitido pelo Senhor.

Ao longo destas férias, em que reli e tornei a reler o Diário de Santa Faustina, apercebi-me da facilidade com que Jesus pode controlar os acontecimentos, se decidir fazê-lo. Quantas histórias engraçadas! Não o faz sempre, claro, mas fá-lo com muito mais frequência do que imaginamos, ou do que Lhe agradecemos. Pois quem não gosta de fazer pequenas surpresas àqueles que ama?

Santa Teresinha do Menino Jesus pediu a Jesus neve para o dia da sua tomada de hábito, e Jesus deu-lhe a neve, para surpresa de todos os que, nesse dia, não sentiam o frio do inverno; mais tarde, durante a sua longa doença, Teresinha tinha todos os dias a companhia de um rouxinol, que cantava belas canções à sua janela.

A Aida desejou intensamente cruzar-se com o Francisco nas JMJ, e Jesus, porque a ama muito, e porque certamente lhe desejava agradecer, de alguma forma, o muito que ela faz por Ele, assim lho permitiu. Imagino Jesus – que tem grande sentido de humor – a piscar o olho à Aida: “Queres mesmo ver o Francisco? Pedes uma coisa muito fácil. Dá-Me uns minutos e já to coloco a teu lado…”

E nós? Que delicadezas temos para com o nosso Deus? Que pequenas provas de amor Lhe vamos dando, ao longo do dia? Às vezes, Ele manifesta-nos desejos tão simples! Uma palavra simpática para com um estranho, um sorriso meigo para com  uma criança, um “obrigado”, um “com licença”, um “desculpa” no seio da família, como nos sugere o Papa Francisco, um estar em silêncio durante a Eucaristia, um rezar de joelhos no Canto de Oração, um pequeno serviço anónimo prestado a alguém… E é a nossa vez de piscar o olho a Jesus…

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