Durante o Encontro Mundial de Famílias, senti-me muito emocionada com as imagens de famílias felizes, famílias alicerçadas no sacramento do matrimónio e abertas à vida, de acordo com a doutrina católica. No Festival de Famílias, o Papa foi presenteado com cinco testemunhos, presenciais e em vídeo, de cinco famílias dos cinco continentes. Testemunhos de uma simplicidade e uma bondade espantosas. Tão bonito! Nessa mesma tarde, o Papa já tinha dialogado com dezenas de casais católicos, na Catedral de Santa Maria, onde reafirmara a beleza do sacramento do matrimónio e respondera às perguntas de um casal de noivos, um casal recém-casado e um casal celebrando os cinquenta anos de matrimónio.
À chegada à Irlanda, o Papa escutou o discurso do Primeiro Ministro irlandês, um discurso que nós cá em casa considerámos, na globalidade, muito equilibrado. Mas houve um ponto que despertou a nossa atenção: o Primeiro Ministro manifestava orgulho sincero na atual situação da Irlanda, finalmente emancipada do domínio da Igreja, capaz de decidir autonomamente a favor de temas como o aborto, o casamento homossexual e o divórcio.
Já depois da visita papal, soube da “apostasia coletiva” vivida na Argentina dias antes, onde milhares de católicos saíram à rua a recusar publicamente a fé em que foram batizados. Isto na sequência da votação parlamentar contrária à descriminalização do aborto. “Vamos enviar os nossos nomes ao nosso bispo, para que à frente do nosso registo de batismo ou crisma se escreva: Apóstata”, diziam os jovens, orgulhosamente eufóricos.
Escutando-os, e escutando o Primeiro Ministro irlandês, fico muito confusa: em que é que o aborto e o divórcio são sinais de progresso de um povo? Que felicidade trazem eles a uma casa? Desde quando a destruição da família e a morte de um filho são progressos sociais? Por muito que me esforce por ter uma mente aberta e tolerante, não consigo entender como é que alguém pode preferir promover o panorama moderno de “vale tudo” à felicidade e harmonia de uma família verdadeiramente católica. Quando é que recusar uma fé que defende a família, a fidelidade, a vida e o valor intrínseco de cada ser humano se tornou num momento de euforia coletiva? Ver aquelas multidões a gritar a sua apostasia recordou-me a história “O Rei Vai Nu”, em que todos vêem o óbvio, mas ninguém o quer aceitar ou denunciar.
O tema deste Encontro Mundial de Famílias foi “O Evangelho da Família, Alegria para o Mundo”. Está nas nossas mãos agora, e também como forma de reparação de tanto pecado (já leram o Ensinamento Mensal?), testemunhar esta alegria, esta felicidade sem fim que nasce de uma família católica, fundada sobre o sacramento do matrimónio e aberta à vida. O nosso testemunho poderá não ter a publicidade da apostasia coletiva da Argentina, mas irá certamente contagiar família a família e, quem sabe, talvez daqui a uns tempos alguma criança aponte para o “príncipe deste mundo” e levante a voz: “O rei vai nu!” E todos despertem para a tolice de seguir atrás de tão triste espetáculo, recuperando o bom-senso perdido.
Vamos a isso?
Querida Teresa: a questão é que a sociedade em que nos inserimos não está preparada para pôr a vida acima de tudo, a reconciliação e o perdão, e defende-se a “liberdade do ser” que se transformou num “fazer aquilo que te dá prazer”. A vida está muito desvalorizada (a saúde a educação os apoios a quem quer ter filhos) e é difícil pensar para lá do imediato. E é difícil ir contra a corrente…isso também acontece, especialmente se não há ninguém que pense de forma parecida à nossa.
É isso, mas onde está a humanidade? Dá a impressão que está a caminhar para um beco sem saída. Como no tempo do dilúvio à semelhança de Noé que constroi a arca no cimo do monte, apesar das críticas. É essa fé na construção da arca que o vai salvar, a ele e à família. Esta é a nossa tarefa.
Confesso que não me apercebi que existia essa “corrente” de apostasia tão intensa no mundo, mas não escutámos na outra semana aquela passagem do Evangelho onde multidões seguiam Jesus por causa do “espectáculo” e do “pão fácil”? E o que aconteceu em seguida? Quando as multidões se aperceberam o que de facto Jesus ensinava afastaram-se e só restaram poucos… sempre foi assim!
Muitos portugueses, por exemplo, esquecem-se que a maioria das festas e feriados tem origem cristã, reclamam da igreja, mas folgam e festejam à sua maneira, outros por seu lado apostam em fazer perdurar a importância escolhendo celebrar um acontecimento importante numa data especial, foi o que descobri esta semana neste convite da Ordem dos contabilistas:
Dia Nacional do Contabilista – 21 de setembro
«Assinala-se a 21 de setembro o dia de São Mateus, padroeiro dos Contabilistas e, tendo por base essa celebração, o Conselho Diretivo da Ordem decidiu instituir essa data como a do «Dia Nacional do Contabilista».
Talvez ainda haja esperança!