Em Caná da Galileia...


O vinho melhor, um hino e uma peregrinação

O prometido e desejado Retiro de Quaresma aconteceu no sábado, dia 1, em Fátima. Que dia verdadeiramente abençoado! Eram nove e vinte da manhã quando chegámos ao Centro Pastoral Paulo VI, onde já nos esperavam algumas famílias, prontíssimas para um dia de retiro. Pouco a pouco, foram chegando mais e mais famílias, muito atarefadas com os carrinhos, os “cangurus” e as “mochilas” para os transportes dos bebés, os sacos de fraldas e as mudas de roupa. Chegaram também famílias com crianças mais velhas, adolescentes e jovens, e ainda se juntaram a nós jovens que decidiram vir independentes das suas famílias. Ao todo, éramos trinta adultos e jovens e quarenta crianças e adolescentes. Uma grande equipa!

A oração da manhã incluiu duas surpresas: fotografias da imagem da Mãe de Caná e o Hino de Caná. Ambas foram um sucesso! E se já todos sabiam que havia uma imagem de Maria (as fotos ficam para um próximo artigo!), ninguém sabia da existência do hino. Ele nasceu aqui em casa em janeiro, para nossa grande surpresa, porque não é todos os dias que o Senhor nos dá a inspiração necessária para a criação de um hino! “Desta vez queria um hino, não um outro cântico qualquer”, pedira eu ousadamente ao Senhor, antes de me sentar ao piano para o criar. Deus não se fez rogado. Certamente que há muito esperava pela minha disponibilidade interior para mo oferecer… E ele chegou. E encantou. E no final do dia, já todos o cantávamos uns aos outros, numa alegria incontida. Estejam atentos aos cânticos aqui no site, porque em breve disponibilizaremos a pauta e a letra do Hino. A gravação, só quando conseguirmos juntar todos os nossos músicos!

“Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9, 16), dizia S. Paulo. E eu sinto convictamente um outro chamamento: “Ai de mim se não partilhar com todos o que o Senhor me ensina através das imensas leituras das vidas dos santos que me inspira a fazer!” Ler o livro “Um Caminho sob o olhar de Maria”, das Irmãs Carmelitas que conviveram com Lúcia, tocou-me tão profundamente, que não resisti – e ainda bem – a partilhá-lo com as Famílias de Caná. Assim, o ensinamento que fiz foi sobre a vida da Irmã Lúcia, uma vida oculta e sofrida, cheia de lições para as famílias de hoje. Lúcia bebeu o cálice amargo, o cálice da dor, até à última gota. Mas depois, quando o seu cálice acabou, Lúcia bebeu, e beberá eternamente, do Vinho Melhor (Já leram o ensinamento mensal?)… Ah, e de que maneira!

Enquanto eu assim falava com os adultos e os jovens, as crianças brincavam, jogavam e aprendiam com a Vera, a São e o Niall, numa outra salinha. Quando Deus nos pediu que fundássemos as Famílias de Caná, ofereceu-nos também tudo o que necessitávamos para o fazer. E nesse “tudo” incluem-se a Vera e a São, estas duas fantásticas educadoras de infância que têm o dom de conduzir as crianças até Deus com imensa alegria. Como lhes estamos gratos, nós e todas as Famílias de Caná, que experimentam nos nossos retiros a verdade do que acabo de dizer!

Seguiu-se a oração do terço e a santa missa na Capelinha das Aparições. Uma razoável multidão ocupava toda a zona da Capelinha (que bom sinal!), forçando-nos a rezar do lado de fora, em pé, ao sol. “Saudamos o Movimento Famílias de Caná, aqui presente em peregrinação”, ouvimos ao altifalante. Um sorriso de satisfação atravessou todos os nossos rostos!

As crianças iam alternando entre a atenção aos mistérios sagrados e alguma brincadeira no recinto, e numa ocasião, um senhor de idade apareceu junto de mim com um bebé ao colo: “É vosso?” Não era propriamente nosso, mas sabíamos bem de quem era! A mãe, coitada, já tinha o coração aos pulos!

Ninguém se queixou da dureza da nossa oração, durante um terço e uma missa inteiros em pé, ao sol. Nem os pais de muitos filhos, que transportavam um às costas e outro ao peito e mais dois no mesmo carrinho, e isto em várias famílias! Todos mantinham a serenidade e o sorriso na cara. Afinal, não estivéramos nós a contemplar a vida sacrificada e oferecida da Irmã Lúcia, que encontrou Jesus sempre, sempre no meio da adversidade? Era hora de pôr em prática o ensinamento escutado. As palavras do senhor bispo de Bragança, D. José Cordeiro, celebrante, falando das Bodas de Caná, ajudaram, porque pareceram escolhidas de propósito para nós!

O piquenique partilhado entre todas as famílias, nas mesas cobertas por detrás da Basílica antiga, foi um momento fantástico de conversa e brincadeira. O local ficou aprovado para piqueniques de futuros retiros em Fátima das Famílias de Caná!

E foi já em cima das três horas que nos dirigimos ao Caminho dos Pastorinhos, para fazermos a Via Sacra. Aí esperava-nos nova multidão, desta vez repartida em variadíssimos grupos de peregrinos, todos com a mesma ideia que nós, o que é fantástico. Como iríamos fazer? Onde encontrar “vaga” para nos ajoelharmos diante de cada estação e fazermos a nossa meditação? A princípio ficámos um pouco indecisos. Era a primeira vez que tal nos acontecia! Das outras vezes, sempre fizéramos o caminho praticamente sozinhos, em família de famílias. Mas agora era diferente… Havia um ritmo de caminhada a manter, para não atropelarmos o grupo de espanhóis que seguia à nossa frente, com altifalante, e para não sermos atropelados pelos grupos que vinham atrás. Vamos a isto!

De novo, a mensagem do ensinamento da manhã: aos doze anos, Lúcia saíra de Fátima para não mais voltar, exceto quando lhe foi ordenado que o fizesse. Nessas ocasiões, uma para assinalar os locais das aparições do Anjo, outras motivadas pelas visitas sucessivas de três Papas, Lúcia sofrera interiormente por não poder estar sozinha nos lugares amados, nos lugares que determinaram toda a sua vida e que faziam as suas delícias… Também nós pudemos oferecer ao Senhor esta partilha do seu e nosso espaço, à semelhança de Lúcia, e fazê-lo com alegria e muita, muita calma.

As crianças, felizes, corriam e saltavam nos campos cheios de flores, como outrora os pastorinhos naquele mesmo lugar…

 

Durante alguns minutos que pareceram uma eternidade, um menino de quatro anos desapareceu do grupo. Afinal tinha seguido com o grupo que fazia a Via Sacra à nossa frente! Quando há multidões, a nossa atenção tem de ser redobrada, e também este exercício de concentração foi um presente que oferecemos ao Senhor.

Como nos outros retiros, também no sábado terminámos a peregrinação visitando primeiro a Loca do Anjo, depois as casas dos pastorinhos. No poço da Lúcia cantámos pela última vez o hino, num grande ensaio geral para o dia ansiosamente aguardado dos primeiros compromissos e da bênção e entronização da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, Mãe de Caná…

Se ainda quiserem contribuir para o pagamento da imagem, escrevam-nos para o mail central deste site até ao fim desta semana. Para a semana já queremos levar ao senhor padre José Fernandes todo o dinheiro angariado – e logo vos diremos quanto – fruto dos nossos sacrifícios e da nossa generosidade, para assim darmos por encerrada esta campanha. Certamente que ninguém quererá perder a oportunidade de contribuir para este momento histórico do nosso Movimento!

A todos, continuação de uma santa quaresma!

 

 

 

 

9 Comments

  1. E nós que quase não fomos!!! Mas valeu bem a pena!
    Deixo só aqui uma pequena partilha para quem não conseguiu lá estar, são duas frases que me marcaram:
    – Nós não precisamos de andar por aí à procura de (grandes) sacrifícios para oferecer a Deus… basta-nos viver com alegria e amor tudo o que faz parte do nosso dia a dia!
    – Deus procura-nos em qualquer lugar, mesmo – e em especial – quando nos afastamos Dele, basta que estejamos atentos e saibamos escutar a Sua voz, porque a Deus nada é impossível!

    • Obrigada por registar aqui essas duas frases, Olívia! Vou guardar, pois também foram das frases que mais me marcaram.

  2. Ó Teresa Power, queridíssima mulher minha. Nunca mais pões uma foto dessas no site. A minha barriga parece um balão. A partir de amanhã é só dieta lá em casa ok? Saladas e fruta. Mais nada. A ver se fico elegante uma vez por todas. E já agora um corte de cabelo não me faria mal nenhum! Combinado? O teu sempre, Niall.

    • Pilar Pereira

      Ó Niall, eu não reparei em nenhuma fotografia tua com um barrigão, mas agora que li o teu comentário não resisto a confirmar! 😉

    • Vês, meu caríssimo marido, agora todos vão comentar sobre a tua bela barriga, em vez de comentar sobre o muito mais belo retiro! E agora? Venham daí esses comentários sobre o retiro, minhas queridas Famílias de Caná!

    • Hahaha, que comentário fantástico, Niall! 🙂

  3. Niall, não faça dieta para perder a barriguinha! É a chamada “curva da felicidade”

  4. Helena Atalaia

    Isto está animado!! 😀
    Niall, as fotos são muito traiçoeiras em alguns momentos… Não captam bem… Presencialmente, nem se nota!

    O retiro foi fantástico. A família gostou imenso! O ensinamento e a partilha foi um belíssimo momento de oração. Cada um de nós, foi tocado em diferentes aspectos e depois em casal partilhamos o que nos foi ocorrendo durante a manhã em que ouvimos a Teresa.

    As meninas adoraram tudo! As educadoras, o lanche, que amavelmente lhes deram pela manhã, os jogos, as brincadeiras com as amigas. E vieram com o coração tão feliz e cheio que a nossa filha de 6 anos surpreendeu e desde que chegou do retiro não abdica de comandar e acompanhar todo o terço familiar. O amor a Nossa Senhora veio multiplicado! Foi um retiro que abriu os corações e juntou ainda mais a família na oração e isso é para mim o melhor dos frutos.
    Obrigada pelo esforço, trabalho e dedicação que todos os envolvidos tiveram. Bem hajam!

    “Quero voltar sempre, sempre, sempre mãe!”

    Foi a frase entusiasta que me ficou no ouvido na viagem de regresso a casa.

    Todos cá em casa queremos voltar! Até ao próximo!

    P.S. gostei tanto de conhecer a pequena e linda Lúcia! 😘

  5. O encontro daqueles que vivem de maneiras parecidas é sempre gratificante, porque legitima o que somos! Obrigada Teresa.
    Fui reler a Carta Fundacional e de facto, ser Família de Caná é ser família cristã… e como isto é tão simplesmente difícil…
    Ainda não sei de cor esta consagração, porque cá em casa rezavamos outra e, a Maria, nossa Mãe, continuamos a entregar o nosso dia, todos os dias e um de cada vez… e ela pôs os Power no nosso caminho… há quantos anos?…
    E lembro-me, surpresa ,de quando me apercebi que naquela casa se fazia o que eu ententedia que se deveria fazer em todas, mas que não acontecia na minha!
    Pelo exemplo real do dia-a-dia, hoje o quotidiano já é diferente cá em casa, muito pela partilha próxima da vida daqueles que têm Jesus como presença constante na família.
    Temos de nos encontrar mais vezes!

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