Testemunho do senhor padre António Assunção:
Olá Teresa e todos
Continuação de Santa Páscoa
Faço assim esta partilha e não no Comentário para não perturbar a caminhada pascal com oração e penitência (a possível numa solenidade) pelos sacerdotes.
Por mim agradeço essa oração e “penitência” pois estes dias estão a ser para mim (que cá estou e não sei se cá estarei depois desta turbulência, durante ela tem morrido tantos padres alguns com fama de santidade) também ocasião de reflexão e oração na tentativa de aprender (cf Mt 18, 1-4) diante do que deverá ser inevitavelmente diferente no futuro (e já o é no presente) na vida da natureza (já há sinais), na vida das pessoas (“com máscara”?!…) na vida cristã (com igrejas domésticas) e na vida dos padres (com “cheiro das ovelhas”) ou melhor, na vida de todo o santo povo de Deus…
Ontem, um dia cheio de tantas… (não há palavras)… próprias de quem faz experiência do amor do esposo crucificado/morto/ressuscitado… e vivo no meio de nós…
À tarde ao celebrar a Eucaristia, com o evangelho dos discípulos de Emaús, lembrei-me do ditado do povo “Três é a conta que Deus fez”… Assim Jesus, três anos de pregação… e nos três últimos dias da sua presença sobre esta terra com três acontecimentos únicos ou melhor, três em um – o único mistério pascal; Assim,
* na Última Ceia, ele próprio deixou (antes) o sacramento do Seu amor “que será… entregue … derramado” e mandou: “fazei isto em Minha memória”;
* depois na Paixão a realidade da entrega do Seu Corpo e Sangue… (neste dia não se celebra a missa mesmo com o sacerdote presente);
* no dia da Ressurreição sendo Ele próprio o sacerdote (por isso o sacerdote é sempre “alter/outro Cristo”) celebrou (depois) o sacramento do Seu amor, com a Palavra sobre Ele e depois a fração do pão com os “dois discípulos de Emaús (cf Lc 24,13-35)
Ainda me tocou interiormente que na tarde do dia de Páscoa, depois do aparecimento primeiro e de manhã às mulheres (sem mulher não se gera vida nova)… “o próprio Jesus aproximou-se” se tenha sentido atraído para o meio de “dois” que viajavam desiludidos de regresso a casa… que conversavam e discutiam…
Jesus quer mesmo estar no meio de “dois ou três” (Cf Mt 18,20) sejam eles quem forem e onde se encontrarem mas unidos… mesmo na tribulação.
Muito, muito obrigada senhor padre por esta sua partilha. Agradeço de coração.
Foi uma surpresa ver esta partilha incluída em Testemunhos
É isso mesmo, é apenas um testemunho…
Assim sendo e a propósito do tema “penitência”, acrescento este “pormenor e grande” que sempre me impressionou na Terça-Feira da Oitava da Páscoa na leitura dos Actos dos Apóstolos, onde aparece Pedro, cheio do Espírito Santo, a responder “Convertei-vos…” à pergunta que lhe fazem: “Que havemos de fazer, irmãos?” (cf Act 2, 36-41).
Mas como?!… na Páscoa… Conversão?!…
Sim a “penitência” da conversão é uma condição contínua da vida cristã
E que “penitência!…” para se converter ao amor a Deus e à Sua vontade… e ao amor aos irmãos, a começar pelos mais próximos (e nestes dias de “clausura” em casa que aventura para manter a unidade e o amor recíproco… recompondo, recompondo, recompondo… ) para (re)aprender a viver juntos… já agora neste presente e treinando para o viver sempre com todos, mesmo com os inimigos.
Esta “penitência” não está circunscrita a um tempo específico (como outras penitências voluntárias) mas exige sempre perseverança e “fidelidade” (cf Papa Francisco, homilia de hoje na Capela de Santa Marta)
É através de uma vida de amor que encontraremos a melhor e a principal penitência.