Testemunho da Olívia Batista:
A propósito de algumas coisas que vão acontecendo ao longo do tempo e depois de ter ouvido o cântico novo da Teresa (como é que me escapou?) lembrei-me de uma pequena história para partilhar:
Um dia, um homem piedoso e cheio de fé, na sua oração no templo, ouviu a voz do Pai que lhe disse: “Alegra-te meu filho porque na próxima semana vou visitar-te a tua casa!”
O homem sem mais demora foi para casa e lançou-se numa desenfreada arrumação e limpeza, pois queria receber o seu Senhor como Ele merece. Nisto, bateram à porta. O homem foi abrir e viu uma mulher que lhe pediu qualquer coisa para comer. O homem respondeu que viesse mais tarde, porque não podia perder muito tempo naquela altura… Em seguida voltaram a bater à porta, o homem um bocadinho irritado espreitou pela janela e ao ouvir um menino perguntar se lhe dava um pouco de água, mandou-o à fonte mais próxima e retomou as suas arrumações.
No dia seguinte, quando andava a limpar a entrada da casa, apareceu um estrangeiro a pedir se podia ali descansar. “Era o que faltava” , disse o homem, “mas pode procurar a estalagem ao cimo da rua”.
(Já estão a ver onde a história nos leva, não estão?)
No outro dia, o homem já estava a desanimar porque o seu Senhor tardava em aparecer, quando uma família lhe pediu uma capa para tapar as crianças. O homem respondeu que só tinha uma e que lhe fazia falta, mas do outro lado da cidade havia uma casa de caridade e aí podiam pedir o que precisassem… Eles foram embora e o homem começou a ficar preocupado. Afinal o Senhor prometeu que o visitava!
No final da semana recebeu duas notícias: o seu melhor amigo adoecera e estava no hospital e o seu tio fora preso por causa de uma altercação. Logo pensou em ir visitá-los, mas como podia sair de casa se esperava a maior visita da sua vida?
Então ficou e esperou… esperou… mais dois dias e nada…
No domingo seguinte, muito triste e magoado com a atitude do seu Senhor, foi ao templo e de joelhos perguntou: “Porque não me visitaste como prometeste, meu Senhor?”
Então ouviu a voz do Pai que lhe disse:
“Meu filho, eu estive em tua casa, mas tu não me recebeste…”
O homem, confuso, perguntou-lhe quando foi isso, porque ele não O viu…
O Senhor, respondeu: “Lembra-te da tua semana e de como procedeste.”
Mt 25, 35-45
Porque tive fome, e não me deste de comer; tive sede, e não me deste de beber;
Era peregrino, não me recolheste; estando nu, não me vestiste; doente e na prisão e não foste visitar-me.
O homem disse: “Senhor, quando Te vi com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não Te servi?”
O Senhor respondeu, não só ao homem, mas a todos os que estavam no templo:
Mt. 25, 45
Em verdade vos digo: sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer.
Uma das bilhas das Famílias de Caná é estar ao serviço, continuamente, viver a nossa vocação familiar não apenas em dias e horários determinados, mas (e sobretudo) nas coisas mais pequenas e banais da nossa vida.
Sim, o Senhor visita-nos todos os dias.
Na nossa casa, quando estamos a fazer o jantar ou a passar a ferro, no trabalho, quando estamos em cima do prazo para qualquer coisa importante, na rua, quando vamos distraídos, na escola quando estamos no recreio ou numa aula…
Já nos demos conta? Ou ainda estamos convencidos de que o Senhor apenas está à nossa espera quando vamos à Igreja?
Obrigada pelo testemunho. Está tão linda a vossa menina. <3
Tive a graça de preparar a primeira comunhão do meu filho mais velho embebida do carisma das Famílias de Caná.
Amanhã é a primeira comunhão do meu filho do meio, do qual sou catequista.
Preparar uma primeira comunhão do ponto de vista de mãe, já envolve alguma logística.
Mas preparar uma primeira comunhão sendo mãe e catequista, é a loucura. Pensar todos os pormenores para que nada falhe na família, na celebração, no almoço…
Esta partilha hoje foi um murro no estômago… Também eu estou numa “desenfreada arrumação” de pormenores e preparativos.
Obrigada Olívia por me vir dizer hoje que o Senhor vem a minha casa todos os dias, nas coisas mais pequenas e banais da vida.
Ao ler a história que partilhaste, imediatamente me lembrei de ontem e de como, por pressa, num caso, e por nem sei bem que razão, noutro caso, recusei dar esmola a quem ma pediu. O Senhor não há de ter ficado lá muito contente comigo.
Bem, quando li o texto e os comentários da Catarina e da Pilar, pensei que há que ver sempre a coisa pelo lado positivo… É que no meu caso particular, foi tudo muito tranquilo, pois como praticamente ninguém liga à data, não houve grande comemoração familiar… Ficámos só nós os dois muito abraçados no final do dia…Ele murmurava ao meu ouvido: “Estou tão feliz, mãe!”
Foi a melhor comemoração de sempre!