Testemunho da família Miranda Santos
Em resposta ao desafio da família Marantes para comemorar o aniversário dos primeiros compromissos de Famílias de Caná, aqui fica o nosso testemunho de conversão a este Movimento, que já estava em falta neste site há algum tempo.
Como já partilhámos recentemente, a nossa missão matrimonial começou em 2010. Uma missão começada com muita confiança de que era a desejada por Deus para nós, mas ao mesmo tempo com muito pouco certeza de como se desempenhava. Por isso desde o início nos colocámos o mais possível flexíveis àquela “brisa” muito suave do Espírito que foi soprando o entendimento da nossa circunstância e as nossas decisões. Os meus colegas de trabalho não entenderam quando, no ano passado, levei alguns bolos para partilhar com eles no nosso aniversário de casamento, tal como é costume fazerem nos aniversários de nascimento. É normal que não entendam, poucos entendem hoje o casamento no sentido evangélico em que dois seres se unem numa só carne. Mas a verdade é que ao acontecer isso há uma nova vida que surge, um 2 em 1, e como em qualquer nascimento é preciso cortar o “cordão umbilical” que nos liga à vida que nos trouxe até aqui.
Foi isso que fizemos também com a nossa vida anterior na área mais pastoral, que tinha sido bastante rica até então. Cortámos com a animação dos grupos de jovens, com os escuteiros, com os grupos missionários, com a pastoral universitária. Nesta nova vida já nada desse “vinho velho” fazia sentido. Mas ao mesmo tempo, com tanto corte, ficou um grande vazio. É certo que nunca deixámos de estar presentes com a nossa Igreja doméstica na reunião da Igreja paroquial, na grande celebração semanal que é a Eucaristia Dominical. Mas a verdade é que desde início sentimos que o “vinho novo” da nossa vida de fé em família não poderia ser só isso. Esta sede de algo para viver a nossa fé na família fez-nos procurar, mas as ofertas que encontrámos, individuais ou de casal, não correspondiam aos nosso anseios. E assim ficou a porta aberta para uma proposta de vivência da fé em família.
De uma forma muito improvável, no final de 2013, tropecei numa entrevista da Teresa no programa Caminho de Emaús da Paulus (que está aqui na secção de entrevistas) e tudo aquilo que ouvi foi música para os meus ouvidos ansiosos de uma proposta forte de vivência da fé em família. Imediatamente procurei na internet e encontrei o blog, que entretanto tinha sido criado e estava no início, que imediatamente se tornou leitura diária e partilhada em casal. Desde início nos atraiu inteiramente não só a vivência da fé mas toda a vivência familiar, já para não falar de toda a coerência evangélica e profundidade espiritual.
Como não somos de conversões impulsivas tivemos um longo tempo de “namoro” com esta espiritualidade que a família Power testemunhava. Só ao fim de muitos meses é que nos decidimos a participar num retiro e conhecer o testemunho cara-a-cara. Mas já antes disso as mudanças na nossa vivência familiar da fé se iam fazendo sentir. O canto de oração familiar talvez tivesse sido a mudança mais simbólica. Ele representa a importância que queremos dar a Deus na nossa família, tanto pelo espaço central que ocupa na sala como pelo tempo que, nele reunidos, dedicamos diariamente à oração em família. Embora Deus já fosse absolutamente central na nossa vida, foi com as Famílias de Caná que passámos a torná-lo visível e palpável para os nossos filhos, diariamente.
E depois a proximidade da Palavra de Deus, primeiro com histórias da Bíblia em formato infantil e mais tarde também com as leituras diárias na oração familiar. Também a vivência dos sacramentos se intensificou, principalmente a reconciliação e a urgência do baptismo dos filhos que, durante esta caminhada, fomos recebendo. A oração diária do rosário, que talvez seja a conquista mais árdua de manter. E o transbordar para outras famílias que já tivemos oportunidade de fazer em diferentes ocasiões.
Uma das coisas muito boas que também ganhámos com as Famílias de Caná foi a proximidade e amizade com outras famílias com as quais partilhamos o desejo e empenho na santidade em família. Para isso foi também um bom contributo termos ajudado a fundar e vivermos numa Aldeia de Caná, onde frequentemente nos juntamos para rezar em família de famílias e partilhar as nossas formas de viver o “Nós, Jesus”.
O mais importante na nossa caminhada como Família de Caná tem sido nunca desistir nem deixar fraquejar a vivência desta espiritualidade com a qual nos comprometemos muito convictamente. A tentação para ceder ao “não vale a pena insistir” ou “faz-se depois” às vezes é grande. O tempo para Deus parece que custa sempre mais a ter lugar do que para qualquer outra coisa. Os filhos pequenos parece que só complicam ou impossibilitam todas as nossas propostas. Mas a experiência já nos permite saber com clareza que não passam de tentações porque, uma vez contrariadas, o consolo e a recompensa são sempre grandes e duradoiros.
Por tudo isto damos Graças a Deus pela família Power, por deixarem Deus falar a tantas outras famílias através da sua vivência e testemunho, redireccionando-as cada vez mais para Ele. E encorajamos todas as famílias que conhecem este testemunho e que ainda têm medos, inércia ou dúvida, a entregarem-se nas mãos de Deus e confiarem que não vale de nada à sua família ganhar o mundo inteiro se perder o comboio para a santidade! (cf. Mc 8,36)