Em Caná da Galileia...


Batismo

Ontem foi um grande dia: o Inácio Santos, com doze dias de vida, foi batizado! O Niall e eu tivemos a enorme honra de sermos os padrinhos de tão querida criatura. E lá fomos nós, em família, a Cascais, para celebrar a Vida divina deste “bebé de Caná”.

Haverá dia mais belo do que o dia em que nos tornamos filhos de Deus? A mim, o batismo é das cerimónias religiosas que mais me comovem, pela simplicidade que esconde e revela ao mesmo tempo. Um pouco de água sobre a cabeça, e o Espírito Santo entra de rompante na alma e na vida de um novo ser humano… Só Deus é capaz de tornar o sagrado tão acessível, o grandioso tão pequenino, o infinito tão humilde! Se dependesse de nós, complicaríamos tudo – aliás, no que depende de nós, geralmente complicamos tudo!

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E é precisamente por ser um gesto tão simples, que o batismo nos parece simbólico, pouco relevante, incapaz de operar uma autêntica transformação. Mesmo entre católicos praticantes, mesmo entre catequistas, não encontramos, hoje, pressa na procura deste sacramento. Espera-se pela reunião da família alargada, espera-se pelo dinheiro para o restaurante, espera-se pela completa recuperação da mãe, espera-se, espera-se, espera-se, sem pressa. Afinal, não somos todos filhos de Deus? Não ama o Senhor todos por igual? Para quê, o batismo?

Vou citar o Catecismo da Igreja Católica:

O próprio Senhor afirmou que o Batismo é necessário para a salvação. Por isso, ordenou aos seus discípulos que anunciassem o Evangelho e batizassem todas as nações. O Batismo é necessário para a salvação de todos aqueles a quem o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este sacramento. (Nº 1257)

 

A pura gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento. (Nº 1250)

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Mistério grande, este do poder – do poder – dos sacramentos! Não, eles não são simbólicos. Eles são mais reais que a nossa vida carnal. Ao contrário do que geralmente acreditamos, a vida espiritual é bem mais verdadeira que a vida física… É preciso ter pressa, ter um desejo imenso, incontrolável, de fazer os nossos filhos renascer pela água para a Vida eterna. Deus quer-nos assim, apaixonados, incapazes de esperar, sufocando com a ausência do Amado. É como caminhantes sedentos no deserto que nos abeiramos da Fonte da Vida, e que dela fazemos os nossos filhos beber. Diz o salmo:

Como o veado anseia pelas águas correntes, assim minha alma suspira por Ti, meu Deus! (Sl 42/341, 2)

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Nas Famílias de Caná, nós temos pressa, muita pressa em batizar os nossos filhos. Os sacramentos vividos e celebrados em família são, para nós, o centro e o cume da nossa vocação. O João (o construtor deste site) e a Sónia, que vivem a sua vocação de Família de Caná até ao mais pequeno pormenor, experimentaram esta pressa pela quarta vez na sua vida matrimonial. E aos doze dias, o Inácio foi batizado.

Vede com que grande amor o Pai nos amou, para sermos chamados filhos de Deus. E somo-lo de facto! (1Jo 3, 1)

Parabéns, querido Inácio! Que o Senhor te abençoe hoje e sempre! Iniciaste ontem o teu caminho de santidade, e nós fomos testemunhas. Conta connosco para sempre!

Ámen.

5 Comments

  1. Esta é uma questão muito interessante: a Igreja não estabelece uma idade padrão para se receber o batismo. Qualquer idade é adequada (dos 0 aos 120!).
    Mas temos de nos lembrar que as paróquias complicam um bocadinho, quando exigem que o processo de batismo dos bebés se inicie com um mês de antecedência.
    E quando é uma criança já mais velha ou um adulto exigem 2 anos de preparação.
    Por outro lado, até Jesus teve de esperar 40 dias para ser apresentado no Templo… Portanto, para mim não é claro o “quando” do batismo. É uma questão que deveria ser melhor clarificada pela Igreja.

    • Obrigada, Maria, pelo comentário, e por levantar uma questão importante: a preparação para o batismo! Eu penso que a questão deve ser colocada da seguinte forma: com que antecedência é que os pais preparam o berço para o bebé que vai nascer? E o enxoval? Aos sete meses já devem ter a mala feita, mas a grande maioria já comprou tudo o que é preciso e mais alguma coisa muito antes… E a preparação para o parto, quando é feita? Alguns fazem-na desde o início da gravidez. Não devemos encarar a preparação para o batismo da mesma forma, e fazê-la durante a gravidez? Haverá altura mais apropriada para preparar o grande parto dos nossos filhos para a Vida eterna? Creio que o caminho será por aqui 🙂 Ab!

  2. Olívia Batista

    Nós sentimos também essa urgência de ambas as vezes e decidimos que o baptismo seria no mês seguinte, ainda durante a gravidez fizemos a preparação (na paróquia vizinha pois o padre é o mesmo). Quando dissemos à família mais afastada que não haveria festa apenas um bolo no final da missa, mas que estavam todos convidados, poucos foram os que apareceram… não compreenderam a nossa opção.
    Cabe-nos a nós pais – pelo exemplo – mostrarmos aos nossos filhos o mais importante, e o mais importante não deve ficar para segundo plano!
    Parabéns a todos!
    E o Inácio é um doce!!!!

  3. Pilar Pereira

    Os nossos três foram batizados pequeninos, mas não tanto como o Inácio: a mais velha com 1 mês e 8 dias; a segunda com 1 mês e 5 dias; o terceiro com 1 mês e 2 dias; eu costumava dizer que como eram batizados cada vez mais novinhos (por uma questão de dias, bem visto), se tivesse muitos filhos ainda batizava algum antes de nascer! 🙂 Vamos ver com que idade será batizada a quarta criança!

  4. António Assunção

    Li com emoção a notícia e os comentários sobre o Batismo e dei graças pelo acolhimento do dom da vida por pais generosos e felizes
    Quando celebro o Baptismo, o ministério de padre experimenta um dos seus momentos felizes (ajudar a nascer para a vida eterna)
    Refiro o Cân 867 & 1. onde se pode ler «Os pais têm obrigação de procurar que as crianças sejam baptizadas dentro das primeiras semanas; logo após o nascimento, ou até antes deste, vão ter com o pároco, peçam-lhe o sacramento para o filho e preparem-se devidamente para ele» (E falando de primeiras semanas talvez seja oportuno pensar que as primeiras semanas são quatro, pois a quinta semana já faz parte do segundo mês)
    Um Natal feliz para todos

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