Em Caná da Galileia...


Fogos e Divina Providência

Escrevo neste momento rodeada de fumo e fagulhas. Mal se respira lá fora no jardim. Ontem, domingo, o fumo subia em cascatas à volta de toda a casa, e a Lúcia passou a tarde de terço na mão, encolhida no sofá. Quando hoje levei os meninos à escola primária, os pais não arredavam pé do portão: deixamos ou não deixamos os nossos filhos? Estarão em segurança? É que neste momento, no nosso país, já não confiamos em ninguém. A lição do Pedrógão foi bem aprendida: o pior pode mesmo acontecer, e pode acontecer-nos a nós.

Há umas horas, publiquei um post dizendo que não existe sorte nem azar, mas simplesmente Providência Divina, e que nada acontece sem a permissão do nosso Deus.

Mas onde está Deus? Onde está Aquele a quem os elementos obedecem? Porque não acalma Ele a tempestade de fogo que se abateu – de novo – sobre o nosso pequeno país, qual barquinha perdida em alto mar?

Está aqui. Connosco. Na nossa barca. A sofrer em todos os que sofrem, a lutar com todos os que lutam. Mas talvez, na sua Providência, esteja a dormir…

Levantou-se então no mar uma tempestade tão violenta, que as ondas cobriam o barco. Entretanto, Jesus dormia. Aproximando-se Dele, os discípulos despertaram-No, dizendo-Lhe: “salva-nos, Senhor, que morremos!” (Mt 8, 23-25)

O Evangelho diz-nos que é preciso acordar o Senhor! E acordamo-l’O com a força da nossa oração. Afligimo-nos, mas não rezamos o suficiente. Em Fátima, Maria falou do poder da oração, especialmente da oração do Rosário. Em Medjugorje, Maria diz-nos que a oração tem poder para mudar as leis da natureza, evitando as catástrofes naturais. Se não quisermos acreditar em Medjugorje, escutemos simplesmente a Palavra de Jesus, que quis ser acordado pelos discípulos para depois serenar a natureza.

Viver a sério a nossa fé, rezando e amando, eis a mais poderosa arma que podemos ter, se quisermos evitar qualquer catástrofe natural. Precisamos de santos, não de feiticeiros, como escrevi no post anterior. Precisamos de oração, não de magia. Precisamos de cristianismo. Tufões, terramotos, cheias, secas, incêndios – tudo cederia se, unidos numa só voz, ousássemos realmente “acordar” o Senhor com uma oração poderosa, vinda do fundo de corações verdadeiramente convertidos. Jesus quer ser “acordado”. Ele espera que o façamos.

Vamos rezar?

7 Comments

  1. Bom dia, também eu passei a noite com o terço na mão… tal como Nossa Senhora o pede tão insistentemente, tal como o Santo Padre tão abertamente o pede!
    Que Deus Nos proteja e que O saibamos acolher. É tempo de oração e de escuta, para que as medidas a tomar sejam de facto no sentido do bem comum e no respeito pelo equilibrio ecológico, tal como mais uma vez o Santo Padre enfatizou numa das suas cartas. Será de ouvir o Príncipio da Incerteza, com o Sr. Padre Anselmo Borges, na RTP 3.

    • A encíclica a que me referia é a Laudate Si. Ontem não me recordava e hoje, ao reler o texto da Teresa e os comentários, pareceu-me que seria importante referi-la. Quando penso na Paixão, sinto sempre imensa perplexidade perante o Mistério da Salvação.
      Talvez estes terríveis acontecimentos despoletem uma forma diferente de viver, mais conforme com a vontade do Senhor, tal como sugeria a leitura do Evangelho de ontem!

  2. Boa tarde, tenho pensado tanto em vocês e em todos os meus familiäres e amigos que vivem nas zonas mais afectadas pelos incêndios….
    Sim, vamos rezar. A fé move montanhas!
    Que a providência divina desça sobre esse país à beira mar plantado, nem que seja para já só sob a forma de chuva.

  3. Helena Atalaia

    Estamos unidos em oração! Como estão as coisas por aí?

  4. Helena Atalaia

    Graças a Deus já chove!!!!

    • Sim, choveu durante a noite! Mas para meu grande espanto, esta manhã continua a cheirar a queimado. A estrada para Aveiro parece uma estrada de morte… Tudo queimado, fábricas, casas, floresta… Enfim, Deus nos ajude!

  5. Helena Atalaia

    É realmente desolador…

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