Em Caná da Galileia...


Domingo III do Advento, ano B

Reflexão semanal, escrita pela Teresa, sobre as leituras da missa do domingo seguinte, publicada no jornal diocesano Correio do Vouga

O SENHOR ESTÁ PRÓXIMO E O NOSSO CORAÇÃO REJUBILA

Domingo da alegria! O Senhor está próximo e o nosso coração rejubila.

“No meio de vós está Alguém que não conheceis”, dizia João Batista aos fariseus. A expetativa era enorme: o que estaria João a querer dizer? Que surpresas esperavam o povo? O que estaria Deus a preparar nos bastidores? A insinuação de que o Messias já por ali andava era particularmente emocionante. Terá algum fariseu olhado em volta, procurando identificar esse Alguém?

Ele já por cá anda… Ele já está no meio de nós, mas nós não O reconhecemos. Não sei se todos estaremos atentos aos sinais e detalhes que Deus usa para Se nos comunicar em cada dia. Talvez estejamos tão ocupados a interrogar o que “não é”, que nos esquecemos do que é… No entanto, é preciso preparar o Natal como a grávida prepara o parto: com a certeza de que aquele que vai receber no colo já a habita. Se o Advento não estiver grávido de Cristo, não haverá Natal para nós.

Por isso, S. Paulo aconselha: “Orai sem cessar!” Tal como a mulher grávida nunca se esquece de que é assim habitada, e comunica com o filho ainda não nascido ora com palavras murmuradas, ora com carícias sobre o ventre, ora com um breve pensamento, ora apenas pelas suas emoções mais profundas, também o cristão precisa de estar em união contínua com o Senhor. A oração de que fala Paulo não pode ser apenas verbal, nem mobilizar apenas a nossa inteligência, pois há muitas horas no dia em que precisamos de concentrar toda a nossa atenção em algo que não o Céu. A oração de que fala Paulo é muito mais simples e muito mais profunda do que isso. É esta certeza de que Ele nos habita e que nunca, nunca estamos sós. Uma forma de praticarmos esta oração contínua pode ser o uso do pronome pessoal “nós”, quando pensamos “eu”: “Nós, Jesus, – Tu e eu – vamos trabalhar, vamos fazer as compras, vamos lavar o carro, vamos ver televisão, vamos buscar os filhos à escola, vamos ao médico…” A simples constatação de que Ele nos acompanha muda tudo.

Os fariseus que escutavam João não estavam preparados para descobrir o Messias no meio da multidão. As suas rotinas bem arrumadas não lhes permitiam abrir os olhos à novidade, ao Espírito que os queria desinstalar. Diz S. Paulo: “Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos, mas avaliai tudo, conservando o que é bom.” Quantos cristãos vivem prisioneiros dos seus hábitos confortáveis (ainda que sejam os hábitos mais santos de oração e vida sacramental)! Quantas paróquias vivem prisioneiras do “sempre se fez assim”, como diz o Papa Francisco! O Espírito sopra na nossa vida – através dos acontecimentos e das pessoas – e sopra na nossa paróquia – trazendo novos Movimentos eclesiais, novos membros da equipa -, provocando labaredas inesperadas. Mas de imediato O apagamos, desprezando os dons de Deus, com medo do risco que corre todo o que se aproxima do fogo. Que pena! Se não corrermos riscos, não encontraremos a verdadeira alegria. É preciso “avaliar tudo”, discernir os sinais dos tempos, e depois avançar, sem medo, até ao Natal.

Deixemos então (sugere Isaías) que o Espírito desça sobre nós e nos unja, aqui e agora, como no dia primeiro do nosso Batismo. Aceitando o dom de Deus, seremos enviados em missão, como os profetas, como João; mas também seremos agraciados com a missão dos outros, dos que nos são enviados, acolhendo o seu testemunho com simpatia e humildade, como o não fizeram os fariseus. Evangelizemos e deixemo-nos evangelizar!

O Advento é, portanto, como a mulher grávida que, pela sua simples presença, já faz o seu bebé habitar entre nós. E por isso, a Senhora do Advento por excelência é Maria, que este domingo entoa o Magnificat, no salmo responsorial. “Exulto de alegria no Senhor!” É uma alegria transbordante de gratidão: “O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome!” Também S. Paulo nos exorta a “em tudo dar graças”. Façamo-lo, redobrando a atenção aos detalhes com que o Senhor nos mima cada dia.

Mas se Maria é a Mãe de Deus, ela é também a Sua Esposa. O Deus que já está no meio de nós, como proclama João, esse Deus que nos habita por dentro e nos enche de luz, é também, na Sua omnipresença, o Deus que está fora de nós, “Aquele que vem depois”, e que corre ao nosso encontro como o noivo corre ao encontro da noiva. É preciso, como Maria, adornarmo-nos “com as suas joias”, as belas virtudes cristãs. E como João – que mais tarde dirá ser “o amigo do esposo” (Jo 3, 29) – preparemos o caminho para que o Esposo possa chegar dignamente junto da esposa, que espera ardentemente por Ele.

Hora da missa. “Como a terra faz brotar os germes e o jardim germinar as sementes”, assim a minha vida floresce cada vez que venho aqui. “Ele está no meio de nós!” Exclamamos juntos, a comunidade reunida, como primeira saudação desta manhã de domingo. Sei que sim, que já estás no meio de nós, Tu que dentro de momentos virás ao nosso encontro, como o noivo que corre para a noiva… “É fiel Aquele que vos chama e cumprirá as suas promessas.” Maranatha!

7 Comments

  1. Tânia Côrte-Real

    Novamente um excelente texto, muito obrigada pelas suas reflexões!
    Têm ajudado a trilhar o meu caminho até Deus.😊

  2. Catarina Silva

    Maranatha!

  3. Obrigada pela reflexão Teresa! E estou a ver que a Sara fez a sua Primeira Comunhão! Que bom! Que Deus abençoe a vossa família e nos dê força e coragem para fazer esta caminhada até ao Natal, apesar de tantos imprevistos e sobressaltos…

    • É verdade, Sara! Foi uma linda festa, no dia da Imaculada Conceição, dia que já era tão especial para nós por ser a data de três batismos aqui em casa também, e claro, especial acima de tudo por ser o dia da Mãe do Céu! A Sara estava muito feliz e anseia por fazer, amanhã, a sua segunda comunhão 🙂 Bjs!

  4. Licínia Maria

    Lindo texto : ajuda e faz pensar.
    Linda, a Sara! E que guarde sempre esse sorriso que os meus preparam para ela. Beijo amigo.

  5. Licínia Maria

    A rapidez é mesmo inimiga da perfeição!
    A frase correta para a Sara: “E que guarde sempre esse sorriso que os seus pais preparam para ela”.

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